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terça-feira, 7 de setembro de 2010

Mindelact



Nunca vi, não estive lá, mas adorava ter estado. É uma das iniciativas culturais mais aclamadas em Cabo Verde, que em Setembro, no Mindelo, durante cerca de duas semanas, apresenta as mais diversas peças teatrais, made in Cabo Verde, mas também trazendo "sensações" de outras paragens. Há para todos os estados de espírito, personalidades ou mentalidades, (mas de preferência que sejam abertas).

Há o palco Principal, o Festival Off, a Teatrolândia para a criançada, o Teatro de Rua, e este ano pela primeira vez, a Praia também vai receber algumas peças.

Há Utopia de Leo Bassi, "o maior provocador dos palcos do mundo", há Void de
Clara Andermatt, "a coreógrafa que melhor conhece a alma cabo-verdiana regressa com um espectáculo único" (este gostaria de não perder), há "A Vítima", de Miragens Teatro,
"o primeiro monólogo feminino do teatro angolano", há Lanka - Finlândia, de Essi Kausalainen, "E uma performance em pleno vulcão?". E... há mais... muito mais...

Mas acima de tudo, para além do espectáculo em si, há o "intercâmbio entre todos os participantes, acções de formação nas mais diversas áreas artísticas ligadas ao teatro, concertos de música, exposições de design e artes plásticas".

O mais importante acontecimento teatral de toda a África Lusófona que foi considerado em 2005, o mais importante evento teatral do continente africano, começa já no dia 16 de Setembro.


Confira a programação aqui!

http://www.mindelact.com

A não perder!

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Feelings nothing more than feelings

"Lisboa menina e moça"... Sempre!
Expressar o que se sente quando está novamente no nosso horizonte é controverso... porque procura-se as palavras mais belas, as mais adequadas à sua imponência, adjectivos que a elevem ao seu estado mais majestoso, mas também, pensa-se na simplicidade das frases e chega-se à conclusão que por mais que se procure as palavras nunca são suficientes.

Olha-se para o seu encantamento como um refúgio, o nosso bem querer, a nossa paz interior. Inspira-se e expira-se! Encontrou-a diferente do que há um ano, mas já ansiava pelas mudanças.

Mais luminosa, cosmopolita, mais nostálgica. Sente-se no ar que o único feeling que resulta é o aroma das férias e isso Lisboa oferece como ninguém. A conjuntura não permite mais e diariamente as frases repetem-se como míticos dejá vu: "Não há condições para se ficar aqui, isto está muito mal, este país está sem sal". Lisboa, Portugal está de mãos dadas com a crise e com a depressão em geral.

Não consigo dizer nada. Também o que vou dizer? Se tento dar algumas boas vibes do género "as coisas vão melhorar, é preciso é ter pensamento positivo e não baixar os braços", recebo de imediato uma resposta "tu que estás longe não te apercebes das coisas"... ora ai está! então limito-me a ouvir, a assimilar e a concordar com algumas coisas que têm vindo a ser feitas. Frustração, dar o jogo por vencido e simplesmente navegam de acordo com a disposição das marés!

Aproveito o máximo que puder e adoro esse máximo. De casa em casa, de conversa em conversa, saboreiar cada minuto sem pensar como será o último.

Oiço as conversas no metro (já tinha saudades), redescubro novamente o prazer de andar de comboio e todos os dias reaprendo a gostar de passear de autocarro.

O Cinema com o filme "Contra-Luz" de Fernando Fragata (o melhor filme que já vi até ao momento, excelente fotografia, argumento de se lhe tirar o chápeu, película que prende desde a primeira aparição de Joaquim de Almeida até ao simpático final, que ainda nos deixa ali umas horas a pensar naquele "the end") o sushi especialmente preparado pelos amigos, os dias constantes de sol e praia, sim porque são sinónimo de "Les vacances", o Bairro Alto...

Os betos, os freaks, as gajas boas com os saltos em agulha, os tios e as tias, os rappers, os nerds, os intelectuais os artistas, todos num só. Na mesma onda, mas em opostas sintonias mentais.

Uma harmonia de personalidades que contrasta a cada gesto feito, a cada vestimenta escolhida, a cada palavra proferida. Todos com as suas manias, todos a curtir o Bairro.

E esse está cada vez melhor... conversar em frente à ginginha e depois segue-se mais outra capelinha. E no meio desse percurso os olhares querem assimilar tudo e todos e guardar para levar...

Conhecer o meu afilhado, paixão à primeira vista, aproveito para dançar com ele um funaná ou um zouk e pela movimentação do seu rosto no meu ombro parece que ficou fã. Quando regressar da próxima vez, já está com um ano e se calhar já diz "quero a madrinha maluca". E já agora é sagitário como eu. Só podia!

Encontro os amigos de Cabo Verde que já partiram. Na mesma, iguais a eles próprios, prontos para outra aventura, principalmente e mais importante, felizes!

Danço até as 6h00 na antiga Pastorinha, oiço as novas músicas, "está também é recente não é?" e simplesmente divirto-me com um grupo que adoro. Momentos Kodak como sempre. Obrigada :)

Compras e mais compras (sim sou muito consumista)... Livraria: Nelson Mandela, uma lição de vida!", inspirada pelo filme "Invictus" de Clint Eastwood, duas formas leves e suaves de sentir que os heróis podem ser de carne e osso e que é um previlégio viver na mesma era que Nelson Mandela.

A visita habitual ao Casino que já é da praxe, as derradeiras compras, de repente as malas cheias, o último jantar desta visita, as depedidas, uma adeus até breve e um olá estou de volta!

Daqui a pouco há mais...

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Saudade, esse bem querer!

Procurar a definição da palavra da saudade. Agulha no palheiro. Uma tarefa difícil que provavelmente não irá ser decifrada. São muitas as definições, os pensamentos que divagam sobre a tal saudade... mas nenhuma delas é suficiente igualável à saudade sentida por cada um de nós.

É isso que este sentimento tem de bom... o ser livre, único, implacável, mas ao mesmo tempo, saboroso, representativo de diversas faces, rostos, batidas de coração, mas que surte sempre o mesmo efeito: ou uma dor nostálgica, controlável, deixada por momentos memoráveis, que se espera que no futuro se repita… ou a dor cravada a ferros, que dura uma vida toda, não é apagável nem dissolvida com a passagem dos anos. Que magoa a cada suspiro!

A partida e a saudade caminham de mãos dadas e hoje a tal dor nostálgica tomou conta de mim... saudades de dois seres especiais que com os seus sorrisos, boa disposição, almas grandes, boas vibrações, emanadas de um espírito rebelde que se entrelaçou com um mais calmo, formam um dos pontos desta constelação que se chama amizade... forti e sabi!

A saudade que hoje sinto é a mais ingrata… queremos que eles fiquem, mas sabemos que o melhor é partirem… em busca de novos desafios, dos sonhos agora recuperados, de experiências que tragam de novo o calor de novas amizades, mesmo que o cenário seja mais cinzento e frio :)

Deixaram a sua marca em Cabo Verde… para aqueles que tiveram o privilégio de os conhecer, de partilhar as mais loucas aventuras, de rir e chorar de acordo com o estado da alma. Foram sempre leais, defensores daqueles que amam, mas acima de tudo, os melhores amigos, prontos para o que der e vier!

Ai, ai… Saudade sem definição certa, mas com uma carga emocional maior do que tanta outras palavras que fazem parte do nosso quotidiano.

E é bom que assim continue… sem explicação consensual, sem poetização artificial. O bom é senti-la, cá dentro com toda a pujança, com as recordações que nos aconchegam e com um até já (muito, muito breve) que nos faz sorrir!

Inez e Diogo… são os principais pontos na constelação que estará sempre mas sempre viva!

Tenho um orgulho tremendo em vocês!





quarta-feira, 21 de julho de 2010

Felling Good

Sensação de hoje... Feeling Good... será que está a chegar uma daquelas notícias bombásticas?????

Esperemos pelo final do dia.
Entretanto vou saborear esta sensação de "feeling good"

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Se tiver com Amigdalite... cuidado com o seu nariz!





Mais um episódio surreal ocorrido num hospital, desta vez aqui em Cabo Verde, mais precisamente no Agostinho Neto... Uma rapariga dá entrada com 39ºde febre e cheia de dores na garganta. Diagnóstico: Amigdalite. Tratamento: Primeiramente,injecção para baixar a febre.

Além do local onde lhe deram a injecção estar cheio de sangue espalhado pelo chão, o enfermeiro, que segundo a paciente deveria ser estagiário, decidiu que lhe deveria aplicar a tal injecção, considerada uma das mais fortes, de pé. Sem que a doente tivesse a possibilidade de se agarrar a alguma coisa.

Conclusão: Caiu num ápice no chão desmaiada e quando acordou tinha o nariz partido. O estagiário ainda ouviu uma reprimenda do médico: "nunca se deve dar uma injecção assim" e... desta forma a moça foi para casa com a amigdalite e mais um bónus... o nariz partido e uma operação para endireitar o "assunto".

O que vale é que no meio deste sufoco todo, encontrou um médico fora de série... que foi excepcional no acompanhamento.

Um estagiário a dar injecções sem estar habilitado para isso? que medo.

É óptimo, por exemplo, que os estudantes do Curso de Enfermagem da Uni-CV, desde o primeiro ano, tenham a possibilidade de juntar a teoria à prática e possam estagiar em comunidades carenciadas ou em centros de Saúde/Hospital.

Desconheço se o estagiário era aluno ou não...

Agora não se pode é deixar estagiários, tenham completado o curso ou não, que ainda não têm a tal prática necessária, nem conhecimento de causa suficiente, cometer erros que podem pôr em risco a vida de uma pessoa.

Se a rapariga tivesse batido com a cabeça e feito um qualquer traumatismo? Se o sangue que se encontrava no chão estivesse contaminado?

Diariamente, se ouve um pouco por todo o mundo, diversos relatos hospitalares...os mais "sui generis", "absurdos", "incompreensíveis" "revoltantes"... as vezes até pensamos que já são "banais"... mas quando nos é próximo, aí como se diz em bom português "é que a porca torce o rabo" e pensamos e se fosse connosco?

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Os Pontos nos Is da Margarida - Round 2

Uma semana em cheio a que passou!

O Colóquio sobre a Língua Portuguesa e o Diálogo Cultural... Confesso que o primeiro dia deixou-me rendida às recordações literárias de Oswaldo Osório, que através de uma "visita guiada" aos autores portugueses que marcaram a sua vida, deu-nos a conhecer vários episódios pitorescos, que pela voz da sua esposa ainda tiveram mais emoção!

Ficamos assim a saber que foi um encontro envergonhado, mas necessário, o que teve com o livro “A Vida Sexual” de Egas Moniz, que esteve preso com Alfredo Margarido, numa cadeia em Lisboa e mesmo num ambiente privativo de liberdade trocaram opiniões, pensamentos sobre a literatura portuguesa e a época que se vivia (1962).

E tem mais...

Viajou com “A Mensagem” de Pessoa, abraçou as palavras de “A Sibila” de Agustina Bessa-Luis e elogiou a Biografia de Eça de Queiroz, de Maria Filomena Mónica.
Escutar os seus pensamentos, as suas paixões pelas mais diversas escritas, sentir um pouco o "feeling" de quando as leu pela primeira vez... é saboroso, simplesmente saboroso.

O dia não ficou por aqui. Fátima Bettencourt falou sobre o maior poeta português... Pessoa e a sua imensidão literária.Mas também das controversas personalidades, da solidão que convivia todos os dias consigo, retratando-se como a sua melhor amiga, do poeta obcecado pelo amor patriótico e da sua alma desassossegada... ou será melhor dizer almas?

Claro que as atenções centraram-se no terceiro dia, com o esperado discurso da Primeira Dama de Portugal e do Presidente da República. “Como no amor não há língua como a primeira”, disse Maria Cavaco Silva. Como concordo... por isso, tal como Jorge Amado o referiu, e muitíssimo bem, “a vida em Cabo Verde decorre em Crioulo”. O Crioulo é a mãe. É a língua ensinada desde o momento em que uma criança começa a proferir as suas primeiras palavras. Até sensivelmente aos 6 anos, altura em que entra no ensino primário, é a expressão que domina, que fala, que conhece. E continua a ser assim ao longo dos anos... língua que melhor domina, que melhor conhece... língua do seu coração, das suas raízes, que os seus pais falam, com que expressa as suas mágoas, é através dela que conta um segredo a um amigo, que se revolta quando está chateado, que pede desculpas quando erra, é a língua que serve para exaltar as suas alegrias. O crioulo é a mãe as outras são as madrastas... e pode se gostar imenso de uma madrasta mas não amá-la como uma mãe.

Tal como ficou claro neste colóquio há que apostar num melhor ensino do português. Mas sem esquecer o ensino do crioulo. Fundamental? Não, mais do que isso... uma obrigação. Aprender a nossa língua, as suas regras, grámatica, para depois conseguirmos aprender melhor uma outra. Ka si?

E continuando pelas literaturas... eis que consegui ir visitar a Feira do Livro na Biblioteca Nacional (brutal!!!) Confesso que andava um pouco desanimada com os últimos livros que comprei... e aquela sensação de começar a ler um livro e deixá-lo a meio porque não me inspirou para mim é uma experiência dolorosa.

Mas...”Maníacos de Qualidade”... encontrei, finalmente! O meu namoro com este livro já tem alguns meses, desde que vi uma entrevista da autora Joana Amaral Dias, mulher por quem tenho uma grande admiração, no programa da RTP2 “Cinco para Meia-Noite”.

Uma análise psíquica a Fernando Pessoa, Marquês de Pombal, ou a João César Monteiro... simplesmente não dá para recusar! Agarrei-o de imediato, como uma louca em busca de um tesouro há muito desejado e até sair daquele recinto nunca mais o deixei. E não é que tem sido uma bela surpresa?! Está comigo dentro da mala, para me acompanhar em horas mortas, está comigo depois de almoço, está comigo antes de deitar. E aquela sensação de começar a ler um livro e ficar desiludida dissipou-se com a clareza psicanalítica e ao mesmo tempo histórica, da escrita de Joana Amaral Dias.

Além dos “Maníacos de Qualidade” “perdi a cabeça”, mas os livros são sempre boas causas, e trouxe mais cinco para que nos próximos tempos as desculpas para ler sejam muitas...

Sim, é verdade, um simples livro pode nos animar... Mesmo que se chame “Maníacos de Qualidade”...

Desta semana fica ainda o passeio ao Tarrafal no fim de semana... mas do Tarrafal já há pouco a dizer. É sempre aquela magia ainda mais com “dois bombons” chamados Jacira e Fred. A malta do costume também foi e lá andamos nós sempre com as mesmas palhaçadas, com a mesma energia positiva no ar... já com um cheirinho a despedida!

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Ora da cá um e a seguir dá outro ora dá mais um que só dois é um pouco, ai eu gosto tanto e é tão docinho e no entretanto mais um anonimozinho! heheh

O tempo pergunta ao tempo
quanto tempo o tempo tem.
E o tempo responde ao tempo
que o tempo tem tanto tempo
quanto tempo o tempo tem.

e tempo para o "tudo a seu tempo"????

não há lololololoolololololololololol porque o tempo simplesmente não tem tempo!!!

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Eça, Pessoa e muito mais!



Revisitar os escritores portugueses que fizeram parte da sua vida. Quis o escritor Oswaldo Osório... no "Colóquio sobre a Língua Portuguesa e o Diálogo Cultural", a decorrer no Campus do Palmarejo, que contou com uma plateia recheada de estudantes e mais importante atentos ao que se contava por ali...

Na sua intervenção, o escritor lembrou o dia em que conheceu Aquilino Ribeiro, no café "A Brasileira", em Lisboa, local de encontro entre os intelectuais da época e as primeiras emoções ao ler "Jardim das Tormentas".

Lembrou o dia em que "encontrou" a "Vida Sexual" de Ega Moniz. Um encontro envergonhado... mas necessário.

"A Mensagem" de Fernando Pessoa, "A Sibila" de Agustina Bessa-Luís, viagens literárias que nunca esqueceu. Já o episódio de 1962, aquando em circunstâncias de privação de liberdade (por se encontrar numa cadeia em Lisboa, acusado de tentar emigrar para a Holanda) conheceu Alfredo Margarido, também preso pelas suas crónicas, impróprias para o regime colonial, foi um dos momento altos da conversa que teve com a plateia, pela voz cativante de sua esposa.

Contou como ficou rendido à Biografia de Eça de Queiroz, de Maria Filomena Mónica de 2000, de como se apaixonou pela Divina Comédia, de Dante, fabulosamente traduzida por Vasco Graça Moura e ainda louvou o Jornal de Letras Artes e Ideias.


Que prazer ouvir as palavras de Oswaldo Osório e conhecer a sua relação com os mais diversos escritores portugueses.

Já a escritora Fátima Bettencourt que segundo a própria "navega pelas águas das crónicas e dos contos" escolheu a poesia, através do maior poeta português... Fernando Pessoa.

"Aos 6 anos perde o pai, crítico musical do Diário de Noticias e passado um ano o seu irmão. A mãe volta a casar e vão viver para África do Sul, mas Pessoa deixa de ser o ‘menino querido'... A dor da perda, as melancolias familiares são retratadas em muitos dos escritos de Álvaro de Campos, seu heterónimo", retrata.

Fátima Bettencourt deu a conhecer aos vários alunos presentes no Auditório a solidão de Pessoa. Homem que sempre viveu sozinho, deambulando de apartamento em apartamento na baixa lisboeta, sobrevivendo de sub-empregos. O poeta, que durante o seu ciclo de vida contou com poucos apoios institucionais, aos sete anos escreve os seus primeiros poemas, dedicados à mãe. Aos 15 lia Shakespeare e... muito poucos escritores portugueses.

E Fátima Bettencourt continuou... a falar de Pessoa e da sua imensidão literária. "Vivia obcecado por um profundo amor patriótico. Os estudiosos contabilizam mais de 14 heterónimos. E a sua alma era desassossegada. 'Não sei quantas almas tenho. Cada momento mudei. Continuamente me estranho. Nunca me vi nem acabei. De tanto ser, só tenho alma. Quem tem alma não tem calma'. A plateia ficou rendida aos agitados mas geniais poemas de Fernando Pessoa.



Mas foi com Eça de Queiroz que as primeiras gargalhadas se sentiram na sala. A escritora da nova geração Eileen Barbosa contou como foi o seu amor à primeira vista com a escrita daquele que brincava com um humor delicado e com as descrições inigualáveis. "Na troca de livros que fazíamos entre colegas, trouxe o Crime do Padre Amaro. Vi se não havia outro, deixei-o para o fim... até que não havia outra solução. Foi com imensa surpresa que li às escondidas já que continha uma temática insólita... um padre que se apaixona por uma rapariga. Fiquei rendida".

Ao contar as peripécias da "Relíquia", a escritora conseguiu trazer a boa-disposição à sala, perante aquela história humorística cativante.

No final, Eilleen Barbosa deixou só uma mensagem aos diversos estudantes presentes: "Façam o favor de ler".

Na segunda parte, sob a temática Diálogos Literários Contemporâneos: "Jogos de espelhos: ler e reler o Outro", participaram ainda o escritor Filinto Elísio e Vera Duarte.




O Cóloquio continua amanhã! Com mais surpresas esperemos!

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Uma reliquia de outros tempos!




Termo de Exame do 2º Grau de Ensino Primário de Amilcar Cabral, com distintivo

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Saramago desafiou até ao último momento...



"Morreu José Saramago!" Escreveu numa mensagem uma amiga de Portugal através do Facebook... "acho que gostarias de saber".

Senti uma espécie de tristeza. Sentida mesmo. Li o "Evangelho Segundo Jesus Cristo", ainda na adolescência e rendi-me. Mesmo sem a pontuação exigida, com agressividade das palavras tão criticada "“O filho de José e Maria nasceu como todos os filhos dos homens, sujo do sangue de sua mãe, viscoso das suas mucosidades e sofrendo em silêncio. Chorou porque o fizeram chorar, e chorará por esse mesmo e único motivo", uma visão nua e crua de um assunto delicado que provoca fúrias, iras, mágoas, perante um Saramago sem meias medidas para dizer o que pensa sobre Jesus e o seu Deus.

“Dizer um anjo que não é anjo de perdões, ou nada significa, ou significa demasiado, vamos por hipótese, que é anjo das condenações, é como se exclamasse, Perdoar, eu, que ideia estúpida, eu não perdoo, castigo. Mas os anjos, por definição, tirando aqueles querubins de espada flamejante que foram postos pelo Senhor a guardar o caminho da árvore da vida para que não voltassem pelos frutos dela os nossos primeiros pais, ou os seus descendentes, que somos nós, os anjos, íamos dizendo, não são polícias, não se encarregam das sujas mas socialmente necessárias tarefas de repressão, os anjos existem para tornar-nos a vida mais fácil, amparam-nos quando vamos a cair ao poço, guiam-nos no perigoso passo da ponte sobre o precipício, puxam-nos pelo braço quando estamos quase a ser atropelados por uma quadriga sem freio ou por um automóvel sem travões. Um anjo realmente merecedor de Jesus (...)”.

Saramago foi assim... Desafiou no Ensaio sobre a Cegueira, Terra do Pecado o seu primeiro livro aos 25 anos, Memorial do Convento que conquistou o público e a critica, A Caverna, o seu último romance Caim... Tantos outros... todos eles com doses certas de ironia, arrogância saudavelmente lida e revivida em muitos dos nossos pensamentos, mas que por vezes temos medo de os colocar cá para fora.

Ganhou os melhores prémios que um escritor pode desejar: Prémio Nobel da Literatura em 1998, Prémio Camões, foi um escritor, argumentista, jornalista, dramaturgo, contista, romancista e poeta português e acima de tudo... foi um critico sempre que achou que fosse necessário, mesmo que implicasse voltar as costas ao seu país.

Foi polémico... mesmo não concordando com algumas das suas ideias, comentários, opiniões, é de louvar... a maneira como nunca baixou a cabeça, nunca dando espaço para venias circunstâncias... porque esse não era Saramago... E até o Papa não se livrou de estar na mira das suas palavras despidas de qualquer conceito pré-definido.

Viveu uma grande vida, uma vida cheia... levou o nome de Portugal além-fronteiras, apesar de se ter auto-exilado na Ilha de Lanzarote, nas Ilhas Canárias.

Hoje Portugal e o Mundo perdeu mais um grande escritor e um grande Homem!

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Fim de semana com a natureza



Fim de semana sabi!!!! Pessoal acampar no Parque da Serra da Malagueta é simplesmente divinal! O bosque encantado, o chicharro, a música, o nevoeiro, os passarinhos logo pela manhã, as caminhadas, a sensação de estar noutra dimensão, acordar às 5h00 com o guarda e o seu bom dia cheio de energia, e principalmenteee... os amigossss!!! Recomenda-se um sítio que por vezes é tão pouco divulgado e que proporciona uma estadia inesquecível!

Serra da Malagueta rocks ehehehhe

"A serra Malagueta é um maciço montanhoso situado na parte Norte da ilha de Santiago.O seu território encontra-se na confluência de três municípios (Stª Catarina, S. Miguel e Tarrafal) apresentando assim uma localização estratégica e privilegiada não só para o sector turístico (eco turismo) como também para a educação ambiental e centro de pesquisa e investigação.

A área do parque da Serra Malagueta compreenderá o actual perímetro florestal estatal, algumas escarpas onde a presença de endemismos seja significativo. A delimitação da área do parque ainda carece de alguns estudos de campo, ainda a decorrer.

A área contém o maior número das plantas endémicas da ilha de Santiago (26) 14 dos quais estão classificados como ameaçadas na lista vermelha de Cabo Verde.

As maiores ameaças que as espécies enfrentam na área são: por um lado a pressão antrópica na procura de espaços para cultivo e corte e recolha de madeira para lenha, por outro lado a erosão do solo e a competição das espécies invasoras como a Frurcraea foetida e Lantana camara".

Fonte: Parque Natural Serra Malagueta
Foto tirada do site: polemikos - a opinião indispensável

quarta-feira, 9 de junho de 2010

I´m so fucking Happy!

Já vos disse que é bom lutar, ultrapassar obstáculos, vencer dificuldades para depois saborear o gosto da vitória? Apesar de todas as barreiras que Cabo Verde as vezes impõe não é fantástico viver neste país?... porque as coisas boas são imensamente maiores que as coisas más e rapidamente se esquece o sacrificio duro, quando atingimos os nosso objectivos. Desculpem mas hoje... I´m so fucking Happy!

terça-feira, 8 de junho de 2010

Mostra de cinema para todos os gostos!

Começou ontem no Auditório Nacional "Cinema e os 35 anos da Independência, Mostra em Cabo Verde", uma organização da Comissão Executiva Nacional das Comemorações dos 550 anos da Descoberta de Cabo Verde.

Poucas pessoas, um pianista com as suas sonoridades a enganar o tempo de espera (era para começar as 18h00 começou às 19h20), uma banca com livros muito interessantes à venda no átrio (sobre Eugénio Tavares, João Lopes, o percurso da Cultura em Cabo Verde) e finalmente o filme. O primeiro de muitos.

"Bitú", do realizador Leão Lopes. 52 minutos em que só em determinados momentos me prenderam a atenção. Gostei do facto do próprio realizador ser o fio condutor da história que fala "de um pintor da cidade do Mindelo que tanto pinta paredes interiores de bares e discotecas, como fachadas de edifícios ou cartazes de publicidade. Mas é no Carnaval de S. Vicente que o pintor dá largas à sua imaginação e criatividade".

Gostei de ouvir os testemunhos de Tchalé Figueira (expressão mais cativante e clara do filme), Vlu, da riqueza visual das pinturas daquele artista: Bitú.

O que não gostei? da falta de dinâmica, de mais diálogos e explicações, de dispersar a atenção das pessoas que estavam na plateia, ao ponto de se ouvir o burburinho das conversas mantidas baixinho.

De simplesmente sair com aquela sensação pesada: de não gostei... simplesmente.

Claro que não posso dizer que gosto ou não dos filmes de Leão Lopes, apenas por ter visionado o "Bitú" o que posso dizer é que do "Bitú" filme não gostei...

Ao sair da sala, uma pessoa que estava presente também na projecção do filme disse o seguinte: "se fosse eu a fazer isto chamavam me maluco, mas como é o Leão Lopes é uma relíquia".

Temos de conseguir diferenciar o nome que as pessoas carregam com cada trabalho que apresentam. Sempre ouvi falar de Leão Lopes, se calhar tem filmes que vou adorar ver, e talvez numa próxima saia da sala com a tal sensação leve, mas o "Bitú", que adorei conhecer, mesmo que tenha sido através de uma tela de cinema, não me convenceu!

Venham os próximos! Bela iniciativa esta! Cinema Móvel... uma ideia de se lhe tirar o chapéu. Praia está rica em actividades culturais! Espero que após o encerramento das comemorações, estes bons presságios continuem e não sejam sol de pouca dura, pois todos nos merecemos mais cultura, mais arte, mais lufadas de ar fresco.

Programa

Dia 8 de Junho
18h00 - Cinema Móvel - Filme Kontinuasom de Óscar Martinez na localidade de São Tomé - Praia

18h30 - Deportados de Paulo Cabral
20h30 - Documentário Amilcar Cabral de Ana Lisboa

Dia 9 de Junho
18h30 - Some Kind os a Funny Porto Rican? de Claire Andrade Watkins
20h30 - São Tomé, os últimos contratados de Leão Lopes

Dia 10 de Junho
18h00 Cinema Móvel Documentários: Amilcar Cabral de Ana Lisboa e Deportados de Paulo Cabral na localidade de São Martinho - Praia

18h30 - O Percurso de Cabo Verde - Guenny Pires
20h30 - Nha Terra Nha Cretcheu de Ana Lisboa

Dia 11 de Junho
18h30 - Music of Badyos - de Gei Zantzingir
20h30 - Kontinuasom de Óscar Martinez

Dia 12 de Junho
16h30 - Batuque a alma de um povo de Júlio Silvão
18h30 - Colectivos
20h30 - Ilha dos Escravos de Francisco Manso

quinta-feira, 3 de junho de 2010

"In Your Eyes"

A Inez com z enviou me esta letra de Peter Gabriel que achei por bem compartilhar

Saboreiem cada palavra! :)

love I get so lost, sometimes
days pass and this emptiness fills my heart
when I want to run away
I drive off in my car
but whichever way I go
I come back to the place you are

all my instincts, they return
and the grand facade, so soon will burn
without a noise, without my pride
I reach out from the inside

in your eyes
the light the heat
in your eyes
I am complete
in your eyes
I see the doorway to a thousand churches
in your eyes
the resolution of all the fruitless searches
in your eyes
I see the light and the heat
in your eyes
oh, I want to be that complete
I want to touch the light
the heat I see in your eyes

love, I don't like to see so much pain
so much wasted and this moment keeps slipping away
I get so tired of working so hard for our survival
I look to the time with you to keep me awake and alive

and all my instincts, they return
and the grand facade, so soon will burn
without a noise, without my pride
I reach out from the inside

in your eyes
the light the heat
in your eyes
I am complete
in your eyes
I see the doorway to a thousand churches
in your eyes
the resolution of all the fruitless searches
in your eyes
I see the light and the heat
in your eyes
oh, I want to be that complete
I want to touch the light,
the heat I see in your eyes
in your eyes in your eyes
in your eyes in your eyes
in your eyes in your eyes"

Furação... é mesmo Daniela!



Furacão... É mesmo Daniela! Energética, calorosa, com a mesma voz de há 20 anos. Impressionante a vivacidade daquela mulher que já vai a caminho dos 50 anos. Os bailarinos fantásticos com o "axé" necessário para que o público "tirasse o pé do chão" tal como os músicos harmoniosamente em sintonia.



Furacão é mesmo Daniela! Não só pela sua força em palco mas, principalmente, pela magia de espalhar mensagens positivas, de paz de promover a união desse "ilê a yê, ilê a yê", da comunhão entre os povos.

E isso mais que o canto, que a dança, que o espectáculo, é sem dúvida o mais importante!

Uma noite bem divertida a recordar algumas temas da minha adolescência e a conhecer outros novos bem saborosos de "rebolar"!




Cá em baixo no público sentiu-se esse mesmo espírito! A palavra de ordem era pular, saltar, libertar as energias negativas e simplesmente divertir ao som do Furacão que é mesmo Daniela... vinda de Mercury!

Um grande presente do Brasil para Cabo Verde!

Fotos gentilmente cedidas por Eneias Rodrigues

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Há Mar Há Terra - Agricultura em Santo Antão



A enxada que não se cansa … As mãos que pegam nela traçam riscos de vivências rurais, que a cada cavada procuram o seu sustento naquela terra que há tanto conhecem.

A agricultura respira a Cabo Verde e o arquipélago das dez maravilhas respira a agricultura. Desde sempre. Estão interligadas com um íman que não se quebra. É vitalício à passagem do tempo. E a agricultura é um dos símbolos deste território crioulo, basta prestar atenção….

Felicidade é o que sente quando coloca a mão na terra. Numas férias na ilha de Santo Antão, Gertrudes Almeida encontrou um amor inesperado: a agricultura.
Deixando a Holanda para trás, Gertrudes dedicou-se de alma e coração à arte do cultivo e hoje na sua horta o tomate, a couve-flor, a cenoura, a alface, o pepino e a beringela são os protagonistas.

Fruto do seu árduo trabalho mas também do seu empenho, a agricultura abriu um pequeno estabelecimento na Vila e é com orgulho que todos os dias vende os seus produtos hortícolas… ali mas também em S. Vicente. E nem as pragas a assustam…


Mulher de armas, Gertrudes viu no cultivo uma forma de trabalhar alegremente, onde cada dia é pensado com optimismo e dedicação.

A agricultura espreita em cada canto da ilha de Santo Antão. Assim como a sua maior fraqueza: a falta de um bem precioso que é fundamental para a prosperidade desta actividade. A água.

Factores como a seca prolongada ou a fraca pluviosidade, a insuficiente construção de infra-estruturas hidráulicas para a rega e correcção torrencial têm tido implicações directas sobre a recarga e consequente exaustão dos caudais dos lençóis freáticos e sobre a mobilização insuficiente de recursos hídricos de escorrimento superficial.

Por outro lado, o uso extensivo da rega por alagamento, a ausência de Comissões de Água e a insuficiência ou mau estado da rede de distribuição de água para rega, reflectem uma gestão de água deficiente e, consequentemente levam a certo esbanjamento que causa escassez de água.

O problema foi identificado… os planos já estão em acção!!!!

Para saber mais sobre a agricultura em Santo Antão, não perca hoje "Há Mar Há Terra" na TCV por volta das 19h30!!!!





sexta-feira, 28 de maio de 2010

Eu Vou!

Manuel de Candinho actua no Auditório Nacional "Jorge Barbosa" no próximo dia 5 de Junho, sábado.



A não perder!

Continuem a mandar postais!!!




Mas de preferência assinados!
lololololol
Uma preciosidade fotográfica!




Funeral do grande poeta, compositor, jornalista, escritor, EUGÉNIO TAVARES.... um homem que revolucionou a sua época. "Durante a festa da língua portuguesa em Sintra, Corsino Fortes, poeta e antigo embaixador de Cabo Verde em Portugal, intitula-o de "Camões de Cabo Verde" e realça-o de fazedor de opinião numa enorme dimensão de pensador


"Decorria o dia 1 Junho de 1930 e pelas onze horas da manhã EugÉnio Tavares sentado a uma cadeira de baloiço na sua casa da Vila Nova Sintra, recebia a visita do seu amigo Pedro Castro e seu sobrinho José Medina e Vasconcelos. Os amigos vinham a um habitual cavaqueio narrar ao poeta um facto insólito e ridículo que decorria ao nível da governação da Colónia. Ouvida a história com muito interesse, os três remataram a conversa com uma estrondosa gargalhada, quando Eugénio Tavares deixou-se inclinar, fulminado por uma angina de peito.

Morria assim, subitamente, aquele que em vida sempre se riu das fraquezas e do ridículo que ensombra tantas vezes certas áreas do Poder. Toda a população se sentiu envolvida num grito de morte e de luto. Houve quem dissesse que a Brava iria acabar como o seu poeta. As ruas de Nova Sintra vestiram-se de flores para passar o cortejo fúnebre que ao som de mornas dolentes levou o seu ente querido a sepultar no cemitério do Lem. Cabo Verde inteiro vestiu-se de luto". In www.eugeniotavares.org/

quinta-feira, 27 de maio de 2010

"Cidade Velha e a Cultura Afro-Mundo: o futuro do passado”

Na próxima semana as atenções irão estar viradas para a Cidade Velha e para o encontro de dezenas de personalidades que não quiseram faltar ao Simpósio Internacional, dedicado a um lugar que já brilha nos livros como Património da Humanidade.




Um acto comemorativo, em que a história antiga, longínqua ou mais recente será retratada, documentada, revivida, comunicada, num evento que ficará guardado no livro da própria história.

Mais de cinco séculos já passaram sobre o período de chegada dos primeiros europeus e africanos que constituíram os contingentes e que formataram o que é hoje Cabo Verde e o Homem Cabo-verdiano. Destaca-se ainda este ano de 2010, os 35 anos da independência nacional e 1º aniversário da Cidade Velha como Património Mundial.

Por estas razões, a Uni-CV não quis deixar de fazer parte de algum tão importante, associando-se assim à 2ª edição do encontro “Cidade Velha e a Cultura Afro-Mundo: o futuro do passado”.

Focalizar as reflexões sobre o imperativo de potenciação da Ribeira Grande de Santiago como Património Mundial, designadamente, as vertentes de promoção do turismo cultural e esforços tendentes a sua inclusão no circuito turístico e cultural da Rota dos Escravos é um dos objectivos desta iniciativa, que terá lugar de 31 de Maio a 2 de Junho, no Convento de S. Francisco.

Um evento a não perder, onde a cultura, as tradições, a investigação, as histórias, as épocas, o diálogo são os convidados principais…

Foto tirada de www.caboindex.com/cabo-verde-blues/

Visualizar o programa do simpósio no link
http://www.unicv.edu.cv/images/stories/programa_simpsio.doc

segunda-feira, 24 de maio de 2010

A dançar é que eu me entendo!!!!




Os pontos nos I da Margarida

Bom… Decidi… não por obra de uma lâmpada mágica que de repente se acendeu na minha cabecinha, mas por ter ficado inspirada com o regresso de Marcelo Rebelo de Sousa à TVI e aos seus comentários dominicais que tanto aprecio, e assim lá resolvi dar uso ao manifesto do teclado e voilá os pontos nos I da Margarida, ideias mirabolantes, opiniões que não agradam a gregos e troianos, convicções do mais cá de dentro que há!

Mas não… não prometo que seja semanal, até porque a minha relação com o computador é por vezes de preguiça, ou então de irritação com a condição de ter que escrever todos os dias. Por isso, de vez em quando vai aparecendo os pontos nos Is da Margarida que não promete nada de novo, nem revolucionário, mas que assegura ser fiel à própria autora.

Bom então vamos lá:

Mourinho e mais uma vitória na Liga dos Campeões. Percebo um pouquinho de bola, mas falta o outro bocadinho… mas sem dúvida que o interessante é falar do homem e da sua personalidade, até porque é graças àquela arrogância deliciosa que também faz sucesso. Imaginem lá um Mourinho sempre sorridente, a dizer coisas agradáveis e a tentar agradar a tudo e a todos só porque sim? Eh pá, nem pensar, Mourinho que é Mourinho diz frases como “sou o melhor treinador do mundo e vou ser outra vez em 2010” que afirma sem se preocupar com o que outros pensam, que seria "um milagre a nossa selecção chegar à fase final do Mundial”. Chamem lhe insolência, arrogância, o que quiser mas se ele é de facto the special one porque raio não há de dizer? “Desculpem fui campeão, já não perco em casa desde o tempo que estava no Porto, sou o novo treinador de uma super potência futebolística (sim já é oficial está no comando do Real Madrid) mas pronto sou humilde por isso não, claro que não sou o melhor treinador do Mundo? Poupem-me. Se fazemos algo bom, magnifico, gratificante, memorável porque não propagar aos sete ventos? Precisamos de mais atitudes à Mourinho, mas claro sempre que os feitos assim o justifiquem.

Entrevista da TVI a Mourinho – sem pimenta, fácil demais, chata com perguntas previsíveis, o jornalista a hesitar nas questões. Para tanto alarido, o telespectador merecia mais.

Regresso de Marcelo a Crise e o Governo – Como sempre igual a si próprio. O professor é capaz de ser a individualidade que mais reúne consensos entre os portugueses. Podemos estar algumas vezes em desacordo mas é sempre um prazer ouvi-lo. É sempre um bom momento televisivo.

A crise. Implacável e com a tendência para se tornar mortal. Dissolver o Parlamento nesta altura? No way. A Europa ia olhar para nós como loucos, perdidos nas teias da desgovernação de Sócrates, mas aqueles que como eu aguardam a queda de Sócrates (quer dizer não no sentido literário da palavra credo não desejo assim tanto mal à pobre criatura) não desesperem esse momento irá chegar, e de certeza que o Sócrates não terá tempo nem para dizer “I´ll be back”. Já os sucessivos despachos do Ministro das Finanças sobre quando os impostos irão incidir sobre os ordenados, revela mais uma vez que este Governo é um troca tintas de primeira e que Portugal neste momento está a ser liderado por números de circo que não conseguem despertar o riso a ninguém.

Gambôa – Mais um ano em que estive doente e que coincidiu com este festival. Ainda consegui no Sábado dar um saltinho muito rápido, mas o cansaço de uma semana em casa a curar uma infecção casmurra começou a falar mais alto. Acabei por ligar a Televisão na Record e ver um pouco dos tão aguardados Buraka Som Sistema. Suspense a abrir, jogos de luzes apelativos e consegui ainda dançar no meu imaginário com o YAH YAH YAH.

Para a Record duplo cartão vermelho. Péssima transmissão…. O que é habito. E entrevistar os patrocinadores? não é isso que se quer ver num festival. Os patrocinadores esses devem se refugiar na sua significância, que é mesmo a dos bastidores, eles nunca podem ser os protagonistas.

Uma nota final: num dos intervalos eis que aparece uma publicidade a Cabo Verde com imagens lindas, limpas, boa sequência de imagens, boa montagem… tudo perfeito. E no final aparece o logótipo da Record. No momento em que visualizei aquelas imagens tive um sentimento de familiaridade e puxando pela cabeça cheguei lá. São de um DVD sobre Cabo Verde feito por uma produtora portuguesa (desculpei mas não estou a lembrar-me do nome do DVD) que por acaso enviei a um tio meu há pouco tempo.

E depois caiu me a ficha… É vergonhoso… senão se consegue chegar à qualidade dos outros vai se aprendendo, e tentando e estudando e interagindo com aqueles que podem saber mais do que nós, (porque ninguém nasce ensinado) até se conseguir atingir essa tal marca, agora não se utiliza o trabalho dos outros e propaga-se como fosse nosso! Isso chega a ser criminoso! (E não… as imagens não foram cedidas porque senão eram colocado o nome da produtora, ou do documentá rio onde foram retiradas).


Boicotar a Record? São raras as vezes em que estou a fazer zapping e há alguma coisa naquele canal que me desperte a atenção, mas fica aqui o meu profundo desagrado, porque lá está não basta ver e protestar há que dar a conhecer esse roubo… sim roubo… já que apropriaram-se de uma coisa que não é deles.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Os impostos, o IVA e a prenda

O IVA vai aumentar! Os impostos também! O 13º mês vai sofrer alguns cortes! E o Papa chegou a Portugal. À semelhança de João Paulo II irá oferecer à Nossa Senhora de Fátima um presente. Ora bem a imagem agradece porque a tal imagem sabe sempre apreciar um anel ou uma joía.

Como o Vaticano brilha sempre monotariamente nas suas gentis ofertas, esta que Bento XVI irá oferecer à tal imagem, se calhar trocando em euros, já dava para compensar alguns 13º meses que vão ser graciosamente despromovidos!

Muita paciência! E depois ainda dizem que os valores cristãos estão-se a perder em Portugal? O que se está a perder, meus caros, é sim os empregos e se continuar à espera de um milagre, nem o Santo Papa irá conseguir ofuscar a tal crise, porque depois nem toda a fé do mundo irá salvar o que podia ter sido prevenido!

Como adorava ter vivido nesta altura!



"O movimento Claridoso surgiu na década de 1930 e marcou o início do modernismo em Cabo Verde. Foi um movimento intelectual que tentava demonstrar a predominância de uma cultura nacional, a caboverdiana, e tem entre os seus maiores representantes Baltasar Lopes, Manuel Lopes, Antonio Aurélio Gonçalves, Teixeira de Souza e Gabriel Mariano.
Para os escritores, o movimento foi o percursor do surgimento de uma literatura caboverdiana autônoma.

Do ponto de vista literário, a Claridade veio não só revolucionar de um modo exemplar toda a literatura cabo-verdiana com também marcar o início de uma fase de contemporaneidade estética e linguística, superando o conflito entre o Romantismo de matriz portuguesa -- dominante durante o século XIX -- e o novo Realismo. Ao nível político e ideológico, a Claridade tinha como objetivo procurar afastar definitivamente os escritores cabo-verdianos do cânone português, procurando reflectir a consciência coletiva cabo-verdiana e chamar a atenção para elementos da cultura cabo-verdiana que há muito tinham sido sufocados pelo colonialismo português, como é o exemplo da língua crioula.

Os fundamentos deste movimento de emancipação cultural e política podem encontrar-se na nova burguesia liberal oitocentista que instituiu a Escola como elemento homogeneizador da diversidade étnica das ilhas, no pressuposto de que o processo de alfabetização e formação intelectual da população era indispensável ao desenvolvimento de uma consciência geral esclarecida. A Escola desencadeou uma fome de leitura que está na base do extraordinário desenvolvimento cultural de Cabo Verde no século XX.

Atentos à realidade do quotidiano do povo das ilhas na década de 1930, estes filhos esclarecidos de Cabo Verde preocuparam-se com a precária situação vivenciada pelo povo, manifestada pelo sofrimento, miséria, fome e morte de milhares de cabo-verdianos ao longo dos anos; uma situação com origem na má administração do arquipélago pelo governo de Portugal, principalmente durante o regime fascista do António de Oliveira Salazar; não sendo, no entanto, alheios à desastrosa situação do povo ilhéu as frequentes estiagens.

Os fundadores da Claridade lançaram as mãos ao trabalho. Isto é, "fincaram os pés na terra," de acordo com o seu célebre conteúdo temático, para a execução do seu plano de trabalho. No entanto, teriam que proceder de uma forma muito discreta, devido ao regime de censura colonial existente sob a vigilância constante e aterrorizada da PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado), temida pelo seu método de tortura; nomeadamente atrás das grades do presídio político do Campo do Tarrafal, na Ilha de Santiago.

Para poderem dar conta da penosa situação de Cabo Verde, começaram por pensar que um jornal periódico seria a arma ideal - mais eficiente - para combater a situação. Porém, na sequência de lhes terem exigido um depósito de 50 mil escudos, uma quantia exorbitante na época, optaram pelo lançamento de uma revista. Claridade - o nome atribuído - resultou como um título bem escolhido, pois constituiu um ‘farol’ que projetou uma luz rejuvenescedora, intensa e duradoura sobre Cabo Verde, no despertar de uma literatura realista e moderna".


segunda-feira, 3 de maio de 2010

Vinho do Fogo, no programa Há Mar Há Terra



Fogo. Vulcão, Natureza, sobrados. O seu famoso café e queijo e o seu Vinho Chã e Sodade que não deixam ninguém indiferente.
Já dizia o poeta Fernando Pessoa “Boa é a vida, mas melhor é o vinho"…

Essa relíquia ancestral que sobrevive à passagem das épocas, faz a delícias daqueles que têm o prazer de desfrutar do seu sabor, qualidade, aroma. Aliás as evidências arqueológicas sugerem que a mais antiga produção de vinho teve lugar em vários locais da Geórgia, Irão e China entre 6 000 e 5 000 A.C.
Já na ilha das pedras vulcânicas o historial do Vinho já atravessou alguns mares de séculos. Ora vejamos:

O cultivo da videira foi introduzido em Cabo Verde e na ilha do Fogo pelos portugueses, que no início do povoamento trouxeram as culturas alimentares mediterrânicas que faziam parte dos seus hábitos alimentares.
A primeira região agrícola da ilha situou-se entre Monte Tabor, São Lourenço e Pico Pires… a norte de São Filipe... que mais tarde se foi expandindo para outras regiões até chegar à tão calorosa e surpreendente Chã das Caldeiras.
Hoje, esta localidade constitui a principal região de cultivo de videira em todo o país, ocupando uma extensa área, calculada em mais de 200 hectares.
Dizem os escritos que foi em 1817 que o vinho produzido em Cabo Verde (Fogo, Santo Antão, as principais regiões vinícolas do Arquipélago) começou a ser exportado para o Brasil e Guiné.

Para evitar a concorrência com o vinho português, o então primeiro ministro de Portugal, Marques de Pombal, como medida proteccionista das vinhas de Alto Douro, mandou proibir a exportação do vinho para o Brasil, num primeiro momento e, para mais tarde ordenar a pura destruição de todas as videiras, nas ilhas e em consequência a produção de vinho.
E quando teve início a produção de vinho no Djar Fogo? ....


Se querem saber mais não percam... hoje Há Mar Há Terra, na TCV pelas 19h30.
Porque o mundo rural também precisa da vossa atenção!

domingo, 2 de maio de 2010

Scream for environment




Ela trabalha silenciosamente para o ser humano, sem que nenhum de nós se aperceba. Ela renova o ar que respiramos, produzindo oxigénio e consumindo dióxido de carbono.

Ela regulariza o clima, contribui para a protecção dos solos, evitando a erosão, favorece a infiltração e conservação da água no solo, constitui uma fonte de alimentação para muitos seres vivos…

A floresta!

Todas são encantadas… com as suas árvores centenárias, os seus animais que as escolhem como casa, as flores, as plantas, as mais diversas… as mais complexas. Todos aqueles que são apologistas da defesa da natureza se rendem aos seus encantos.

Mas nem sempre o verde ganha… a maioria das vezes, o meio ambiente mede forças com a prepotência humana, saindo a perder de um duelo em que as “armas” do Homem são traiçoeiras.

A destruição da floresta. Quando tal barbaridade acontece, diz-se adeus furiosamente ao ecossistema… a biodiversidade morre nas mãos daqueles que se vestem sem alma e sem remorsos. O apagar num simples flash de várias fontes de riquezas naturais.

Uma floresta demora dezenas e centenas de anos a formar-se, mas a sua destruição põe-se fazer em apenas alguns minutos.

Instala-se o caos, o desequilíbrio gera a extinção. As lágrimas correm nos rios que moram nas florestas, o choro das espécies é ouvido entre as folhagens e os arbustos. Aumenta a desertificação, os efeitos das mudanças climáticas, a erosão dos solos, o aumento das enxurradas quando chove e por fim chegam as perdas económicas.

Uma única questão: Porquê?

As árvores e as florestas constituem um valioso recurso natural renovável gerador de múltiplos bens e serviços, da maior relevância para o ambiente, para a economia e para a qualidade da vida dos cidadãos.

Muitas das coisas que usamos diariamente provem destes bens essenciais:
A lenha para cozinharmos, a madeira para fazermos as mobílias que temos em casa, a cortiça de que são feitas as rolhas, os tapetes e as palmilhas, os frutos para a nossa alimentação e para a dos animais.

O papel que usamos todos os dias vem da madeira, como também as caixas de cartão que servem para embalar…

O mel, que é produzido pelas abelhas que vão buscar o pólen às flores das árvores e arbustos e proporciona-nos bem-estar e belos espaços de lazer, embelezando praças e ruas.

Por tudo isto e muito mais, num tempo há muito longínquo, mais propriamente em 1782, John Stirling Morton conseguiu sensibilizar toda a população a consagrar um dia no ano dedicado à plantação ordenada, de diversas árvores para resolver o problema da escassez de material lenhoso.

Mais tarde, em 1971 a Confederação Europeia de Agricultores propôs à FAO estabelecer essa data como o Dia Mundial da Árvore e Floresta. A FAO aceitou.

Sensibilizar as populações para a importância dos “pulmões” da terra. É esse o objectivo desta data comemorativa que este ano se repete mais uma vez.





Cabo Verde.
As florestas naturais há muito que desapareceram. Actualmente, apenas aquelas que foram plantadas lutam contra a desertificação, protecção do solo e água e para a produção de lenha.

As campanhas de plantações de árvores para criação de áreas florestadas têm sido um desafio para o arquipélago, desde da época colonial até à data actual.

Muitos esforços várias verbas disponibilizadas por parte do Governo. As novas áreas florestais e a manutenção dos perímetros existentes têm dado trabalho a diversas famílias principalmente nas comunidades rurais.

Contribuindo assim para a luta contra a pobreza, mas também produzindo pastos para animais, lenha e outros produtos derivados da floresta que são também fontes de rendimento.

80 Mil hectares. É este o património florestal de Cabo Verde, resultado de um grande esforço nacional, com apoios de parcerias internacionais levadas a cabo principalmente após a independência, com programas de diversas índoles.

Construção de estruturas biológicas e de infra-estruturas mecânicas, tais como diques, banquetas, arretos, caldeiras, muros de protecção, foram alguns dos projectos concretizados.

Os incêndios, a poluição, o corte de árvores sem necessidade, morte dos animais que vivem nas florestas. Apontar o dedo a estes actos, tendo como palavra de ordem o cuidar.

Das árvores que estão ao redor das nossas casas, escolas, ruas, praças. Fazer um uso racional dos produtos provenientes da floresta, como por exemplo o papel.

Haver uma educação ambiental! RIGHT NOW! Poderia escrever a noite toda sobre este assunto se soubesse que cada palavra iria ser levada como uma missão: o de começar já amanhã, a olhar para o meio ambiente que nos rodeia como algo que faz parte de nós e que se diariamente destruimo-lo lentamente, então também, lentamente estamos a dar cabo de um bocadinho de nós!

Campanhas na televisão, um veiculo rapido de se fazer chegar a informação, já que se faz publicidade por tudo e mais alguma coisa, porque não uma boa campanha televisiva sobre como preservar o verde, como acabar com a "cultura do lixo". Porque consegue-se mudar mentalidades... já que mudam-se os tempos, mudam-se as vontades!

Agora é necessário começar a fazer algo!!!! a quem é preciso gritar, falar, revoltar, discutir, para que esse algo se comece a fazer?

E mais sugestões?

Foto: Alexander Radsby, Alex Cherry

quinta-feira, 29 de abril de 2010

O Ano da História já chegou!



História. Testemunho que sobrevive à passagem do tempo. “Um objecto, uma obra, um desenho, um achado, uma canção, uma carta, um pensamento, uma vivência… tudo é feito de história”. Parte-se então com o anseio de descortinar os pedaços dessa tal história. Entender o que sentiu em tempos passados. Olhar para os momentos presentes.

Cabo Verde e o Ano da História. Um culminar de actividades que querem ser memoráveis, que desejam comemorar aquilo que de mais rico um país, uma nação, uma cultura pode ter: a sua história.

Nesse sentido, no passado dia 26 de Abril, segunda-feira, a UNI-CV iniciou as comemorações de “2010 – Ano de História”, aliando as comemorações dos 550 anos de descobrimento das ilhas de Cabo Verde, 35º aniversário da Independência de Cabo Verde e 1º aniversário de elevação de Cidade Velha a Património Mundial, com a inauguração da exposição “550 anos da História de Cabo Verde através da Arqueologia”, que pretende trazer a discussão vários aspectos culturais e patrimoniais de Cabo verde, em geral, e Cidade Velha em particular, com especial realce para o vasto património arqueológico que constitui esse legado, e que é prova inequívoca da importância histórica actual Sitio Histórico da Cidade Velha, Património da Humanidade.

Muitos outros eventos vão espalhar magia histórica ao arquipélago, num ano em que a Cultura, a Tradição, os Costumes são os actores principais, de uma película que subsistirá às mudanças e mutações constantes da vida.

Exposição Itinerante “As Plantas na Primeira Globalização”, Simpósio Internacional “Cidade Velha e a Cultura Afro-Mundo: o Futuro do Passado”, Exposição “Cartografia Antiga de Cabo Verde”, 2º Edição do Ciclo de conferências “Descobrir, Conhecer e Debater Cabo Verde”, Exposição “História da Educação em Cabo Verde”, Atelier “Revisitação da Memória da Luta pela Independência de Cabo Verde”, entre tantos outros que prometem unir todos os intervenientes da sociedade em prol de um só conceito: A história, tal como ela é… igual a si mesma.

Já estou ansiosa!!!!

Foto: Kacper Spala

segunda-feira, 19 de abril de 2010

"Não sei quantas almas tenho"

Hoje sinto me assim, complicada!

"Não sei quantas almas tenho" - Fernando Pessoa


"Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não atem calma.

Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: “Fui eu?”
Deus sabe, porque o escreveu"

segunda-feira, 5 de abril de 2010

"O País da Morabeza" na TVI

Não há coincidências... Hoje foi o dia das reportagens e dos documentários dedicados a este pequeno céu que me faz tantas vezes caminhar nas nuvens (as vezes cinzentas outras branquinha, branquinhas) : Cabo Verde.

Primeiramente com a estreia do filme “Kontinuasom”, no cinema da Praia, que infelizmente perdi devido a uma intoxicação alimentar que parece que veio com tudo. Vou tentar ver hoje mais tarde na TCV.

Depois... “O País da Morabeza”, na caixinha mágica.

De prender a atenção desde a primeira imagem, desde as primeiras palavras até à chegada da ficha técnica. Uma reportagem, muito bem pensada, estruturalmente sem margens para erros, cativante, transparente e mágica tal como é Cabo Verde.


A reportagem da Conceição Queiroz e do Ricardo Oliveira, passada ontem na TVI sobre este nosso arquipélago tão cheio de dissabores mas tão hipnotizante, capaz de não deixar ninguém indiferente, demonstrou sem floriados, sem protocolos televisivos, nem com a velha questão do "agradar a gregos e a troianos", um pouco daquele que todos sentem como um Cretcheu.

O fogo, o seu vinho. A agricultura e as suas gentes. O urbano o interior. A luz a falta de ela. Viver com (e nem sempre basta pensarmos que ainda ontem a madrasta da Electra voltou a fazer das suas) e viver totalmente sem.

A pobreza, a escassez de água, o mar que nos enloquece o espirito, a pesca, os seus marinheiros, o turismo. O Primeiro-Ministro com o seu discurso a oposição na voz de Carlos Veiga, os rostos bonitos, jovens, velhos, cansados, mas nunca fartos do seu Cabo Verde.

E ao longo desta pequena janela, a pianista de S. Vicente que brinca com o ritmo da reportagem... que bela escolha para fio condutor.

Tecnicamente: Os vivos autenticas caixinhas de surpresas, os cenários escolhidos para as entrevistas saborosos (sim porque a criatividade não recusou o convite de estar presente nesta peça), os enquadramentos, os inserts que me abriram horizontes, o texto rico muito rico... Bravo!

Conceição estás de Parabéns porque apesar de muitas e muitas cassetes para visualizar valeu a pena e soubeste sem dúvida captar a essência. Ricardo, eh pá és bom muito muito bom! Não fiques babado!

Quanto a mim não me vou alongar mais porque até perdia-se a curiosidade da coisa. Para aqueles que queiram ver este excelente trabalho certamente irá estar disponível brevemente no You Tube.

O titulo? País da Morabeza, que mais poderia ser... :)

terça-feira, 30 de março de 2010

A encruzilhada das palavras

Escrever, escrever, escrever... mas escrever o quê? Não me apetece!
Mas, escreve para não quebrar o ritmo. Mas o ritmo nunca é quebrado quando se gosta de escrever.

Escrever para quem? Para mim? Para o meu eu? Ou para ti, para vocês, para o mundo? Não, não me apetece escrever só por escrever... há dias, semanas, meses que nos falha a inspiração. Que a alma não está para ai virada. E isso é mau? Somos menos amantes das palavras porque não escrevemos habitualmente, ou porque simplesmente as ideias não nos saíem. Somos menos pessoas, menos ser humanos, menos escritores, menos jornalistas, menos artistas, menos poetas, menos vendedores ambulantes de sonhos, menos fazedores de histórias, porque os pensamentos ficaram presos e não há maneira de levantar a tal alavanca para os libertar?

Que sufoco... escrever, escrever, escrever, mas porquê? Porque “eles” assim mandam, assim exigem, assim o esperam... ansiosos, sem dó nem piedade! Porque a dó é só para alguns e a piedade fica em casa a dormir!

Escreve qualquer coisa, merda! Nem que sejam palavras que não façam qualquer sentido, e que só as tais mentes mais brilhantes e egocêntricas é que vão propagar que perceberam. Ou então escreve caro, bastante caro, busca as palavras mais “deveras melancolicamente transcendentais” e escreve com o fogo de artificio que essas palavras requerem... escreve coisas que ninguém percebe mas que todos fingem perceber, porque escrever caro é sempre caro. Uma coisa de status estás a entender?


Continua não pares... continua a tua escrita de hoje porque amanhã a mesma missão inconveniente irá sussurrar te ao ouvido, e caso a inspiração te feche novamente as portas, o mesmo dilema, o mesmo bla bla irá tocar à tua companhia.

Escrever, escrever, escrever... mas escrever o quê? Não me apetece! Mas acabei por fazê-lo...

segunda-feira, 15 de março de 2010

A PAT já tem um blogue!!!!

www.elguinhas.blogspot.com

Mais um blogue para seguir... não é por ser só de uma grande amiga minha, mas porque as suas dissertações humorísticas, as suas loucuras saudáveis e devaneios apetitosos valem a pena ser divulgados!

(Uma beija Pat, o mundo da blogosfera é fantastico não é?)

segunda-feira, 8 de março de 2010

Foi a 8 de Março de 1857 que tudo começou...

"A ideia da existência de um Dia Internacional Da Mulher foi proposta na virada do século XX, no contexto da Segunda Revolução Industrial, quando ocorre a incorporação da mão-de-obra feminina em massa, na indústria. As condições de trabalho, frequentemente insalubres e perigosas, eram motivo de frequentes protestos por parte dos trabalhadores. As operárias em fábricas de vestuário e indústria têxtil foram protagonistas de um desses protestos contra as más condições de trabalho e os baixos salários, em 8 de Março de 1857, em Nova Iorque".

Lembrar sempre este dia por este feito… pela luta de mulheres oprimidas inseridas num sistema machista, esclavagista, onde o sexo feminino era tratado como um mero acessório do homem.

Graças ao suor, às lágrimas, ao sangue, à revolta de muitas mulheres, somos livres em muitas das sociedades deste mundo, somos consideradas também seres humanos, sem haver a dualidade de masculino feminino. Sem haver a crueldade de outros tempos…

Mas também devido à luta de muitos homens, que movidos por uma visão muito à frente da sua época defenderam as suas mães, irmãs, mulheres, primas, amigas, como parte integrante da sociedade, aniquilando no seu pensamento, nas suas ideias, a clausula da inferioridade imposta em qualquer contrato verbal proferido por alguns homens.

Tal como o Natal, o Dia Internacional da Mulher deveria ser todos os dias, no sentido de nem que fosse por cinco minutos… lembrarmo-nos de que naqueles instantes há uma mulher que é preterida numa empresa simplesmente por ser mulher, outra que “apanha” do marido ou do namorado por ser considerada “uma coisa inferior”, que há aquelas que casam por conveniência, sem amor nem carinho, porque na sociedade que estão inseridas não têm direito a opinar, não tem direito à educação, aos livros, à escola, a um gesto mais amável. Porque se não fizer o que o “senhor” lhe dizer é chicoteada mentalmente ou morta em praça pública, considerada assim um mau exemplo.

A equidade do genero... a falta dela!

Talvez esses cinco minutos podem-se transfomar em 100 anos de arrependimento, de introspecção, de julgamento da consciência, e que esses actos maléficos parassem de ocorrer.

Sabemos que não é asssim... O mundo não é cor de rosa, nem azul, verde, amarelo, mas uma confusão de cores, que ocupam o espaço uma das outras.

Este dia também deve ser dedicado aqueles que movidos por um sentido de soliedariedade ajudam estas mulheres a sair do inferno das suas vidas. Um simples gesto, palavra, ajuda psicologica ou numa fuga, pode ser tudo!

Este dia faz todo o sentido pelo sentido de como começou… agora o Dia Internacional da Mulher é todos os dias, por menos eu tento que os meus dias assim o sejam, diariamente um melhor que o outro.

Uma amiga minha disse-me há pouco tempo uma frase que até hoje não esqueço "Reune-te das pessoas que tiram o melhor de ti", e é esse melhor que quero todos os dias.

Para aquelas mulheres que não têm a oportunidade de privar da mesma liberdade que eu tenho, essas sim devem ser ajudadas dia após dia, e não serem recordadas apenas quando chega o 8 de Março…
Eu já pequei… lembrei-me delas somente no Dia Internacional da Mulher!

domingo, 7 de março de 2010



Esta mulher é simplesmente um fenómeno! e escrevo no presente porque ela está aqui!!! Ontem hoje sempre!

We are The World - for Haiti



Passados 25 anos uma nova versão, adaptada aos estilos modernos, mas sem nunca perder a sua verdadeira mensagem!

sábado, 6 de março de 2010

Poemix que me deixou felix



Uma das coisas que mais me chateia na cidade da Praia é a falta de actividades nocturnas... chega o fim-de-semana acompanhado da pergunta: "Aonde é que vamos beber um copo? ou "O que vamos fazer no serão de sexta-feira? Sempre os sítios do costume, o mesmo ritmo, as banalidades constantes… as mesmas conversas!

E mesmo naqueles locais apelidados “de outsiders”, mas muito cool acabam por cansar ao final de um tempo. Quer-se partir à descoberta de novidades, mas estas tardam em aparecer.

Por isso, quando aparecem eventos como "Poemix - Poemas de nenhum lugar", sentimos que estamos noutra dimensão, a respirar outro ar...Sentimos sim, uma lufada de ar fresco, de contentamento, de um simples assimilar para mais tarde recordar.

O conceito é simples: Pela voz artística de Mito Elias juntando a sensibilidade musical de Binga de Castro, durante cerca de uma hora, o Instituto Internacional da Língua Portuguesa deu as boas vindas à escrita poética, que se fez acompanhar dos mais diversos instrumentos... Estes embalavam a plateia, com os sons pensados para cada um dos poemas. O vídeo deixava-nos perdidos nos nossos pensamentos… cada um mais livre que o outro.

O entusiasmo verbal de Mito é cativante. Sentiu-se que alma queria saltar do corpo ao recitar os 12 poemas de vários autores cabo-verdianos: Alexandre Cunha, Arménio Vieira, Danny Spínola, Eurico Barros, Filinto Elísio, Jorge Carlos Fonseca, José Luíz Tavares, Mário Fonseca, Mito, Oswaldo Osório, Vadinho Velhinho e Zé di Sant'y'agu.

Houve alguns que me deixaram atordoada: o saudoso Mário Fonseca com uma escrita fora do vulgar tocou-me o coração, o habitual controverso Arménio Vieira fez-me sorrir algumas vezes, Filinto Elisio com as suas letras apaixonadas, mas talvez o mais agressivo mas eficaz o de José Carlos Fonseca, "Praia Cidade Minha", saboroso texto, mas com uma terapia de choque à mistura.

"Viva a poesia" foi a deixa final de Mito e Binga, e de facto não poderia ter sido melhor.

"O objectivo deste evento é procurar realçar a beleza das palavras, dos gestos, das imagens e dos sons que cada escrito sugere, para que a poesia não fique estática e empoeirada nas estantes", escrevia na nota de imprensa.

Não podia estar mais de acordo. Praia, os praienses, todos os cabo-verdianos, e nós os que escolhemos Cabo Verde como a nossa segunda terra, têm o direito de assistir a acontecimentos como este. Iniciativas simples, sem grandes pompas e circunstâncias mas de uma beleza rara perdurante na memória.

No final uma diversidade de sentimentos. O decifrar dos poemas, dos sons, da imagem, da voz... o simples sentir bem, o querer mais e mais... mas depois vem novamente a escolha difícil... onde ir? Não me apetece ir aos sitíos do costume, com os mesmos ritmos, escutar as banalidades de sempre ou desviar-me das conversas habituais… a vontade não era muita, mas lá fui para casa, sem sono e até este chegar lá fiquei a pensar “no silencio que mata” pois “todos os paraísos são artificiais”.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Saudade o mais dificil dos sentimentos



Um bom regresso a Portugal! Que todos os teus objectivos se realizem! Nós vamos ficar com muitas saudaditas....

Fresquinhas!

Notícias do dia


Público: "Portugal está acima da média mundial relativamente ao número de mulheres em cargos parlamentares e supera a maioria dos países desenvolvidos do G8 na liderança feminina dos ministérios governamentais, revela um estudo internacional".

Uma boa notícia...

Jornal I: "A greve geral da função pública já está em movimento. Escolas, hospitais, tribunais e repartições de finanças deverão reflectir o descontentamento dos trabalhadores com o congelamento de salários dos funcionários públicos em 2010."

Como dizia o outro Está se bem aqui,tá-se tá-se!

Público: "Foi instaurado um inquérito sobre o caso de suicídio de uma criança de 12 anos em Mirandela. Colegas e familiares afirmam que o aluno era uma vítima de outros estudantes e até já identificaram os agressores"

bullying - "O termo “Bullying” compreende todas as formas de atitudes agressivas, intencionais e repetidas, que ocorrem sem motivação evidente, adoptadas por um ou mais indivíduos contra outro(s), causando dor e angústia, e executadas dentro de uma relação desigual de poder. Portanto, os actos repetidos entre elementos da mesma comunidade(colegas) e o desequilibro de poder são as características essenciais, que tornam possível a intimidação da vítima. Em princípio, pode parecer uma simples brincadeira mas não deve ser visto desta forma. A agressão moral, verbal e até corporal sofrida pelos alunos, provocando sofrimento na vítima da “brincadeira”, esta pode entrar em depressão" -

Visitem http://www.bullyingescola.com é importante ficarmos a par de uma realidade que qualquer filho, neto, primo, irmão pode se deparar na escola.


Jornal I: "São cada vez mais frequentes os casos de correios de droga que morrem durante a viagem de avião."

Uma peça a ser lida.

Diário de Noticias: António Vitorino desmente as afirmações feitas ontem por Manuela Moura Guedes em Comissão Parlamentar, segundo as quais o dirigente do PS teria pressionado a Prisa para afastar a apresentadora do jornal de sexta feira da TVI.

"Não querer saber é pior do que desconhecer", apesar da divulgação das escutas nos orgaos de comunicação ser uma violação, já que são do foro privado e não foram pedidas por nenhum juiz, vão me desculpar mas a VERDADE, neste caso, tem de superar a justiça que há muito anda de olhos fechados. Aqui é a jornalista que fala, que recrimina os actos de pressão feitos pelo Governo ou por qualquer outra instituição. Sabemos que as pressões acontecem em todo o lado faz parte... não há muito a fazer... mas tudo o que é em exagero cheira mal! Liberdade de imprensa já ouviram falar? Apesar de ser apologista da verdade não sou ingenua e as verdades podem ser muitas... acabando cada um por ficar com a sua verdade, e o povo com nenhuma.

Porém,não nos podemos esquecer que a história do good cop Bad Cop também faz figura no mundo do jornalismo... fazia muito bem a alguns pseudo-jornalistas darem uma vista de olhos no codigo deontológico, talvez todos os dias antes de se deitarem, para que durante a noite o cerebro assimile aquilo que durante o dia faz questão de esquecer!

Santos só no altar e até esses, procurando bem no fundo, irão encontrar alguns pecados para confessar!

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Ministério do Ensino Superior, Ciência e Cultura? Diga lá outra vez não percebi...

É a cultura que define o homem, une a nação e identifica o povo. É a maior riqueza imaterial do ser humano. É aquela que acontece a cada instante, bastando, simplesmente respirarmos ou existirmos.

Se o assim é porquê relegá-la para um plano secundário, longe do lugar em que merece estar, conquistado esse estatuto por mérito e notoriedade. Merecia continuar sozinha, única, e nao ser "deportada" para uma prateleira, onde terá ao seu lado o Ensino Superior e a Ciência. Companheiros esses, impensáveis, que também almejavam outro tratamento... como se diz "dividir as águas" não "colocando tudo no mesmo saco".

Ela irá agora dividir as poucas atenções que já tinha e no confronto das verbas e apoios, certamente, que não sairá vencedora, no momento certo "os seus companheiros" irão lhe pregar uma valente partida. E mais uma vez apesar de todos sabermos que ela é a tal maior riqueza imaterial do ser humano ficará confinada a um letreiro: “quando nos der jeito está ali bem arrumada”.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Um hospital psiquiatrico, o teatro e varias maluquices

As vezes basta uma pequena reportagem, após o já habitual zapping, aquando o intervalo da novela, para a atenção ficar presa em histórias invulgares, mas carregadas de um impressionante realismo… vidas autenticas que não nos lembramos que podem existir.

O cenário e o Hospital Psiquiátrico de Lisboa, antigamente conhecido como Júlio de Matos. Os actores são aqueles que pela esquizofrenia, esgotamentos, ou depressões “refugiaram se” naquele local para fugir a sociedade que os atormenta, tal como diz convictamente Estella uma das figuras principais, “não gosto das sociedades”, ou então como o cego Carlos, que há 14 anos frequenta aquela terapia teatral, e para isso diariamente, enfrenta a loucura do barulho e das enchentes de gentes nos comboios e, o stress dos passageiros nos autocarros, para simplesmente chegar aonde mais quer estar: No grupo de Teatro do Hospital.

Aqueles que são considerados por muitos como os “maluquinhos da sociedade” provam que a tal doideira, devaneios, demência, ou insanidade podem ser derrotadas, mesmo que temporariamente, por um simples encarnar de personagens, um magico vestir e despir personalidades… ou um libertar de expressões e movimentos, aprisionados num cérebro cansado, que não compreende a tal “sociedade”.

Eles são diferentes… como todos nos somos, cada um a sua maneira. Criem o seu próprio mundo e dele não saiem, só deixam entrar quem querem, mas isso não implica que não consigam fazer as mesmas coisas, ter os mesmos desejos, emoções, que os tais que vivem na sociedade.

Sentam se numa mesa quadrada para que todos se possam olhar e debater ideias. Os argumentos para as pecas são escolhidos por todos, juntamente com o encenador João Silva. Guiões que pactuam com a sua realidade, que neles transportam as mais diversas frustrações, fúrias, revoltas, medos, mas também, os sonhos mais resguardados ou paixões reprimidas.

Sobem a palco. Teatro Nacional. Espaço esse que acolhe uma peca da grande actriz Eunice Munoz. O receio esta presente nas mãos que suam, ou nos olhares assustados. Vários actores conhecidos marcam presença. Estella antes do final sai de cena. Não aguenta o confronto com a “tal sociedade” de que tanto foge.

Tal como ela diz “não estou preparada para as sociedades”, pois e uma pessoa “com feitio complicado e difícil”.

O outro dia. A imagem regressa ao inicio. Como tudo começou. A mesma rotina Estella passa a ferro, na Lavandaria do Hospital, a roupa dos seus vizinhos amigos colegas. Não abandona o seu mundo e o seu mundo não a quer abandonar. De vez em quando da permissão assim mesma para entrar no universo teatral, deixando a porta meio aberta. Assim sabe que poderá sempre fugir quando já não se sentir bem.

Sem duvida, o Teatro consegue despertar a mais revoltada e confusa mente, enquanto que uma pequena reportagem, sem espaço para muitos efeitos especiais ou muito dramatismo consegue despertar no telespectador sentimentos de pura alegria, de satisfação por estar a conhecer aquelas historias.

Tanto que não resiste longo no final da reportagem em pegar numa caneta e escrever este texto, para que hoje pudesse publicar no blog e partilhar estes trechos de uma reportagem que soube ser fiel ao seu conceito: captar a atenção, informar e no final levar a que se continue a pensar nela.

Nota: A reportagem passou ontem na RTP Africa, no programa 30 minutos, que costuma dar na RTP. Nao captei o nome da jornalista, do editor nem do reporter de imagem mas estao de parabens pelo excelente trabalho

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Porque estamos sempre a mudar...

Porque adoro mudanças...

Porque não há nada melhor do que algumas mudanças para alegrar o dia

Porque simplesmente não me assusta a palavra mudar...

E... também porque o meu cantinho das letras precisava já de uma mudança :) Eis que ela chegou!

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Um Bem Haja para a Casa do Cidadão

Porque as coisas boas também devem ser louvadas... Hoje de manhã estive na Casa do Cidadão, no Plateau, e de facto é de elogiar o serviço publico que ali é prestado. Todos os sectores bem divididos, um acompanhamento desde o momento em que se entra, o atendimento é optimo e principalmente rápido, já que os funcionários sabem do que estão a falar e respondem prontamente a todas as questões que lhes são feitas. Não há muito tempo de espera.

Espero que com o passar do tempo continue-se a manter este nivel de atendimento e a boa organização, porque de facto todos nós merecemos serviços assim.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

"Os Kassabudi" do meio ambiente

Aqui vai a malta num belo passeio pelo interior de Santiago. Objectivo: desfrutar de um pic nic “à moda di nhos”, com direito a tudo, desde a famosa sandoca, à bela da cervejinha, marmelada, pastéis de nata, um manjar propício para um domingo de bom convívio e de descanso.

Destino: Ribeira da Barca, concelho de Santa Catarina. Localidade piscatória, com difícil acesso mas que vale a pena conhecer. Agora não é para falar da convivência dominical que este post foi pensado, mas sim denunciar aquilo que já tantas vezes foi falado, mas ao que parece as autoridades fazem "ouvidos moucos". É o poder dos grandes grupos, das grandes empresas que fala mais alto. A cor do dinheiro que é mais valioso que qualquer destruição paisagística, que qualquer atentado ao ambiente.

Mas vamos aos factos, que esses é que valem por si.

Praia da Ribeira da Barca, ali está para quem quiser ver! Em plena luz do dia, sem medos nem constrangimentos, como se tratasse de um trabalho normal, digno e respeitado… pois lamento informar… a extracção de areia é ilegal. Uma coisa, meus caros, é ouvir falar, outra é presenciar, acreditem que não é um cenário bonito de se ver.

Primeiro take: várias mulheres daquela zona, onde a idade não é importante, por cerca de 10.000 contos por grupo, enchem de segunda a segunda, diversos camiões com areia daquela praia. A famosa lei da sobrevivência entra agora em cena. Sem terem nada para fazer numa localidade fustigada pelo desemprego, enquanto os homens sentam-se à mesa de um qualquer bar para “concorrerem” ao “quem é o campeão do grogue”, elas por sua vezes são aliciadas para realizarem aquele trabalho ilícito, todos os dias, varias horas seguidas, pois o importante é o camião ficar cheio.

Segundo Take: Os condutores dos tais camiões, após cumprirem com a sua "demanda", transportam a areia para as grandes empresas de construção onde esta é vendida a um preço mais baixo do que se fosse exportada. Houve quem me dissesse que não… o preço é o mesmo, mas só que desta forma ilegal dá menos trabalho. A lei do menor esforço prevalece à destruição do meio ambiente.

Terceiro Take: A praia fica digna de um postal envenenado, sem cor, sem magia, despida daquilo que a mãe natureza lhe deu, a perder as qualidades que outrora faziam dela uma paisagem inesquecível.

Ao que apurei o ICIEG está a realizar formações para estas mulheres que se dedicam a este tipo de “trabalho”. É lhes dado um subsídio durante a iniciativa, para que não voltem a recorrer à apanha da areia e no início de cada formação é feito um estudo com as mesmas, de modo a analisar os seus gostos, para depois as direccionar para o curso mais indicado.
Informaram-me também que as mulheres que têm frequentado este tipo de formações estão todas a trabalhar e não voltaram à extracção de areia.

Como se costuma dizer corta-se o mal pela raiz. Mas o grande problema reside no facto de serem as grandes empresas que praticam estes actos vândalos. Sim também as podemos considerar como os “Kassabudi” do meio ambiente, já que vivem sob os mesmos princípios daqueles que roubam diariamente nas ruas da capital.

Lá está… Quem do Governo vai se colocar contra aquelas empresas que muitas vezes são parceiras em varias construções ou que “contribuem” para o desenvolvimento de Cabo Verde?

Retirar as mulheres daquele trabalho já é um começo… um inicio a destacar. Ataca-se de alguma forma o problema, agora não se pode é ficar à espera que um dia por obra do espírito santo a situação se resolva (melhor dizendo que as situações se resolvam já que Ribeira da Barca não é o único exemplo), por isso meus caros nem com as ajudas de todos os santinhos isso vai acontecer… e depois dá-se o inevitável um Cabo Verde a preto e branco nos cartões postais.