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segunda-feira, 12 de julho de 2010

Os Pontos nos Is da Margarida - Round 2

Uma semana em cheio a que passou!

O Colóquio sobre a Língua Portuguesa e o Diálogo Cultural... Confesso que o primeiro dia deixou-me rendida às recordações literárias de Oswaldo Osório, que através de uma "visita guiada" aos autores portugueses que marcaram a sua vida, deu-nos a conhecer vários episódios pitorescos, que pela voz da sua esposa ainda tiveram mais emoção!

Ficamos assim a saber que foi um encontro envergonhado, mas necessário, o que teve com o livro “A Vida Sexual” de Egas Moniz, que esteve preso com Alfredo Margarido, numa cadeia em Lisboa e mesmo num ambiente privativo de liberdade trocaram opiniões, pensamentos sobre a literatura portuguesa e a época que se vivia (1962).

E tem mais...

Viajou com “A Mensagem” de Pessoa, abraçou as palavras de “A Sibila” de Agustina Bessa-Luis e elogiou a Biografia de Eça de Queiroz, de Maria Filomena Mónica.
Escutar os seus pensamentos, as suas paixões pelas mais diversas escritas, sentir um pouco o "feeling" de quando as leu pela primeira vez... é saboroso, simplesmente saboroso.

O dia não ficou por aqui. Fátima Bettencourt falou sobre o maior poeta português... Pessoa e a sua imensidão literária.Mas também das controversas personalidades, da solidão que convivia todos os dias consigo, retratando-se como a sua melhor amiga, do poeta obcecado pelo amor patriótico e da sua alma desassossegada... ou será melhor dizer almas?

Claro que as atenções centraram-se no terceiro dia, com o esperado discurso da Primeira Dama de Portugal e do Presidente da República. “Como no amor não há língua como a primeira”, disse Maria Cavaco Silva. Como concordo... por isso, tal como Jorge Amado o referiu, e muitíssimo bem, “a vida em Cabo Verde decorre em Crioulo”. O Crioulo é a mãe. É a língua ensinada desde o momento em que uma criança começa a proferir as suas primeiras palavras. Até sensivelmente aos 6 anos, altura em que entra no ensino primário, é a expressão que domina, que fala, que conhece. E continua a ser assim ao longo dos anos... língua que melhor domina, que melhor conhece... língua do seu coração, das suas raízes, que os seus pais falam, com que expressa as suas mágoas, é através dela que conta um segredo a um amigo, que se revolta quando está chateado, que pede desculpas quando erra, é a língua que serve para exaltar as suas alegrias. O crioulo é a mãe as outras são as madrastas... e pode se gostar imenso de uma madrasta mas não amá-la como uma mãe.

Tal como ficou claro neste colóquio há que apostar num melhor ensino do português. Mas sem esquecer o ensino do crioulo. Fundamental? Não, mais do que isso... uma obrigação. Aprender a nossa língua, as suas regras, grámatica, para depois conseguirmos aprender melhor uma outra. Ka si?

E continuando pelas literaturas... eis que consegui ir visitar a Feira do Livro na Biblioteca Nacional (brutal!!!) Confesso que andava um pouco desanimada com os últimos livros que comprei... e aquela sensação de começar a ler um livro e deixá-lo a meio porque não me inspirou para mim é uma experiência dolorosa.

Mas...”Maníacos de Qualidade”... encontrei, finalmente! O meu namoro com este livro já tem alguns meses, desde que vi uma entrevista da autora Joana Amaral Dias, mulher por quem tenho uma grande admiração, no programa da RTP2 “Cinco para Meia-Noite”.

Uma análise psíquica a Fernando Pessoa, Marquês de Pombal, ou a João César Monteiro... simplesmente não dá para recusar! Agarrei-o de imediato, como uma louca em busca de um tesouro há muito desejado e até sair daquele recinto nunca mais o deixei. E não é que tem sido uma bela surpresa?! Está comigo dentro da mala, para me acompanhar em horas mortas, está comigo depois de almoço, está comigo antes de deitar. E aquela sensação de começar a ler um livro e ficar desiludida dissipou-se com a clareza psicanalítica e ao mesmo tempo histórica, da escrita de Joana Amaral Dias.

Além dos “Maníacos de Qualidade” “perdi a cabeça”, mas os livros são sempre boas causas, e trouxe mais cinco para que nos próximos tempos as desculpas para ler sejam muitas...

Sim, é verdade, um simples livro pode nos animar... Mesmo que se chame “Maníacos de Qualidade”...

Desta semana fica ainda o passeio ao Tarrafal no fim de semana... mas do Tarrafal já há pouco a dizer. É sempre aquela magia ainda mais com “dois bombons” chamados Jacira e Fred. A malta do costume também foi e lá andamos nós sempre com as mesmas palhaçadas, com a mesma energia positiva no ar... já com um cheirinho a despedida!

3 comentários:

Redy Wilson Lima disse...

Em relação à língua cabo-verdiana, pelos vistos, hoje pensas diferente. No ano passado não concordavas com a afirmação no post... bem me lembro.

Margarida Conde disse...

Oi Redy:

é muito fácil falar quando não conhecemos bem a realidade... e por vezes afirmamos coisas que só porque combinam bem com a nossa cultura achamos que são as correctas e as certas. Ainda bem que conheci a realidade tal como ela é! é bom por vezes mudar de opinião e acordar para a vida!

Nezzz disse...

:-)