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quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Até já!

Where I go...
Ao fim de três meses visitar o meu Portugal, a família e os amigos que lá deixei.
As saudades já apertam.
Cabo Verde até para o ano :)

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Força Frederico

O jornalista Frederico Duarte Carvalho vai ser o cabeça de lista do Partido Popular Monárquico (PPM) às eleições europeias de Junho do próximo ano, revelou o próprio à agência Lusa

Foi uma decisão minha apresentar-me ao congresso do PPM este sábado e foi aceite a minha moção, que vai ser aprovada na próxima quarta-feira, dia 17», afirmou Frederico Carvalho, que vai encabeçar a lista de 24 elementos do PPM às europeias de 2009.

Frederico Duarte Carvalho nasceu em 1972 no Porto, é jornalista e começou a sua carreira no jornal portuense O Primeiro de Janeiro, tendo já passado pelo Tal & Qual e pela área de política da revista Focus.

«Este é o tempo para os portugueses decidirem se querem um monárquico numa Europa que tem monarquias», concluiu Frederico Duarte Carvalho, militante do PPM desde 2005.


Podemos muitas vezes não ter as mesmas ideologias, mas não há dúvida nenhuma que é das pessoas mais carismáticas e inteligentes que conheci. É um contestário por natureza, não cala... pergunta, não fica satisfeito com apenas uma explicação, quer sempre desvendar as coisas que por si só não deveriam ser tocadas... o que já lhe trouxe alguns dissabores.

Mas continua a ser o meu mestre do jornalismo.

Parabens Frederico e força!

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

A vida em cliques



Eternizar expressões. Encontrar sentimentos perdidos no fundo de um breve olhar. Recordar o que sente em tempos passados. Guardar o que se vê em momentos presentes. Descobrir a cada dia, em dada experiência, naquela vivência, a arte de fotografar. O olhar de Tchitche e da sua fiel companheira, a máquina fotográfica.



Mostra fotográfica na Assembleia Nacional da Praia. Os pormenores gestuais e visuais das "figuras" que brilham no Carnaval tradicional de S. Vicente ou na Festa de San Jon.

Foto: Ulisses Moreira


domingo, 14 de dezembro de 2008

"O Beijo de despedida"


Um jornalista iraquiano atirou os sapatos contra o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, sem conseguir atingi-lo e insultou-o no momento em que este apertava a mão do primeiro-ministro do Iraque, durante uma visita surpresa neste domingo a Bagdad.
Quando os dois governantes se encontravam no gabinete privado do premier Nuri al-Maliki, um jornalista iraquiano que estava sentado na terceira fila levantou-se e gritou "É o beijo de despedida", antes de atirar os sapatos em direcção de Bush.
Maliki fez um gesto de protecção em relação ao presidente americano, que não foi atingido.
De seguida, os oficiais de segurança iraquianos retiraram o jornalista da sala.
SAPO/AFP


Que pena o jornalista ter faltado aos treinos de tiro ao alvo com sapatos!

sábado, 13 de dezembro de 2008

O humor negro de Alberto João Jardim

Em pesquisa de fim de semana encontrei este "momento humoristico" no blog Arrastão...


Alberto João Jardim, no debate do Plano e Orçamento da Madeira para 2009, referindo-se à oposição: “ignorantes”, “servos da canga de Lisboa”, “não têm capacidade para perceber o que estou a dizer”, “não sabem nada de nada, são uns indigentes políticos (…) mas como também quero ir almoçar, não explico”.

E com esta me retiro.... Quando finalmente decidir sair da vida política (daqui a 457, 58 anos), Alberto João Jardim poderá dedicar-se a fazer stand up comedy!!!!

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Mais uma história surreal por terras crioulas...

Ultimamente a criminalidade tem sido destaque nos jornais na televisão e rádio. Fala-se, comenta-se e critica-se que a Praia está cada vez mais insegura e que os famosos cassu u body estão a tornar-se mais rotineiros.

O episódio que vos conto a seguir, observado por uma amiga minha, pode explicar um pouco do porquê desse aumento tão notório....

"Estava à porta da empresa a tratar de um acidente que o meu colega tinha tido com o carro. No local, já se encontrava o agente da polícia que diga-se de passagem só recolheu os dados dos intervenientes, ficando o auto da ocorrência para elaborar ao outro dia!!!! De repente, do outro lado do passeio, aparece um rapaz, com uma arma em punho e, sem meias medidas assalta as primeiras pessoas que encontra. É de referir que estavamos numa rua movimentada.

De imediato, virei-me para o senhor agente e perguntei-lhe se não ia fazer nada. Resposta dada: "Não posso fazer duas coisas ao mesmo tempo". Não queria acreditar por isso insisti com o senhor. "Já fugiu, não vou atrás dele", disse.
Todas as pessoas que estavam à volta ficaram incrédulas com a atitude do tal agente da autoridade que infelizmente preferiu continuar a tratar (e mal) de um pequeno acidente de carro do que evitar que duas pessoas fossem roubadas".

Que comentário se pode fazer a uma situação destas?

Sem comentários...

Há menos de um mês que as "conversas de café" da sociedade civil cabo-verdiana prendiam-se com o tema da Biosphere (um sistema de Gasificação que produz electricidade e consome vários tipos de fontes de combustível) e a vinda deste processo de tratamento de lixo para as ilhas crioulas.

Sabe-se que não há sistemas perfeitos, se houvesse não haveria vozes críticas (apesar de haver aquelas que só contestam pelo facto do seu apelido do meio ser "sempre do contra"), riscos e viveríamos num mundo cor-de-rosa. Mas a realidade não é essa...

Acerca deste assunto só tenho uma situação a partilhar.

São 22 horas de um qualquer dia da semana. Vou num carro com mais quatro pessoas, quando de repente estamos atravessar o Kelem, um lugar onde o lixo abunda, e a condutora atira uma garrafa de água de litro e meio vazia e profere as seguintes palavras: "Margarida, desculpa, sei que não devia fazer isso, em Portugal não tenho o hábito de o fazer, mas aqui é normal".

Há comentários possíveis?
Não é da educação, como muitas vezes dizem, mas sim da formação de cada um.




Se a gasificação for para eliminar, exterminar este cenário, porque não?

Macaco acrobatico!




O macaquinho da Cidade Velha...

O requebrar das ancas






O batuque é provavelmente o género musical mais antigo de Cabo Verde.



Como dança, o batuque tradicional desenrola-se segundo um ritual preciso.
Numa sessão de batuque, um conjunto de intérpretes (quase sempre unicamente mulheres) organizam-se em círculo num cenário chamado terreru. Esse cenário não tem de ser um lugar específico, pode ser um quintal de uma casa ou no exterior, numa praça pública, por exemplo.



A peça musical começa com as executantes (que podem ou não ser simultaneamente batukaderas e kantaderas) desempenhando o primeiro movimento, enquanto que uma das executantes dirige-se para o interior do círculo para efectuar a dança. Neste primeiro movimento a dança é feita apenas com o oscilar do corpo, com o movimento alternado das pernas a marcar o tempo forte do ritmo.



No segundo movimento, enquanto as executantes interpretam o ritmo e o canto em uníssono, a executante que está a dançar muda a dança. Neste caso, a dança (chamada da ku tornu) é feita com um requebrar das ancas, conseguido através de flexões rápidas dos joelhos, acompanhando o ritmo.
Quando a peça musical acaba, a executante que estava a dançar retira-se, outra vem substitui-la, e inicia-se uma nova peça musical. Estas interpretações podem arrastar-se por horas.

In Wikipédia

Não é só uma música, uma dança... é uma arte que é dificil de esquecer. O balancear dos corpos, os ritmos fortes, as vozes quentes. O toque das mãos musicais. O som cada vez mais forte. O som cada vez mais suave. As ancas que não conseguem parar. Dá gosto de ver e ouvir o Batuque. Especialmente em Cabo Verde. :)


Local: Quintal da Música

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

“Redefinições” em Portugal

“Redefinições”. É o nome do documentário de António Santa Maria e Redy Wilson Lima a ser apresentado, amanhã, num dos auditórios da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova.

A apresentação do filme, que aborda experiências e perspectivas de estudantes cabo-verdianos a frequentar o ensino superior em Lisboa ao abrigo da cooperação entre Cabo Verde e Portugal, acontece no âmbito das actividades do Núcleo de Estudos Africanos (NEA) do Centro de Estudos de Migrações e Minorias Étnicas (CEMME/CRIA).

“Durante o tempo dos estudos, a adaptação dos estudantes a um novo meio passa pela redescoberta de uma cultura que sempre se sentiu próxima. Como são vividas essa redescoberta e essas novas experiências em Lisboa, um espaço multicultural, histórico e ao mesmo tempo moderno?”, são questões que o documentário, de duração aproximada 90 minutos, procura realçar.

Com inforpress


Conhecendo um dos autores do documentário só posso esperar que sejam 90 minutos de criatividade, puro realismo, onde os falsos moralismos ou preconceitos pré-difinidos não têm lugar.

Fico à espera que o documentário viaje de Lisboa até Cabo Verde!

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

My special paradise...


Foto: Pauli Leppanen


Foto Tiara 8


Foto: Carlos Olmo


Foto: Paulo Leppanen



Foto: Tiara 8


Foto: Tiara 8


Foto: Carlos Olmo


Foto: Carlos Olmo


Foto: Tiara 8

A terra que não me deixa partir... Se houvesse palavras que chegasse para a definir teria que se elaborar um livro por dia, só para retratar cada história, cada gesto, cada olhar vivido nesta terra de Morabeza. Cabo Verde é isto e muito mais... Refila-se, constesta-se, critica-se o pior dos cenários, mas também ama-se os costumes, adora-se as tradições, elogia-se as gentes. E no final vai se ficando, ficando, ficando, até quando ninguém sabe...
Os lugares ficam sem nome, ficam à espera que os desvendes!

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Um postal de Cabo Verde



Foto: Margarida Conde

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Cesaria Evora e Princesito juntos em espectáculo!




O Dia Mundial da Luta Contra a Sida está a chegar... No ambito das comemorações, a
a Fundação Cabo-verdiana de Solidariedade e a Associação Cise vão promover um espectáculo no dia 30 de Novembro, pelas 21h00, na Assembleia Nacional.



Cesário Évora e Princesito solidarizaram-se com esta iniciativa e vão participar no evento. Duas gerações diferentes, dois artistas que não deixam ninguém indiferente.



O espectáculo visa angariar fundos a favor da Associação Renascer, com a finalidade de melhorar a qualidade de vida dos seropositivos e suas respectivas famílias.



“Um fala do céu... o outro fala da terra!”



Por tudo o que é bom, vale a pena divulgar... As Máscaras impressionaram-me...


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O Amor de Arlequim e Pierrot aplaudido na Praia


Imagine assistir a algo onde consiga encontrar um pedaço de si em cada personagem que caminha, em cada palavra transmitida, em cada sentimento sentido. “As Máscaras” são isto e muito mais…


O Amor. O “Fogo que arde sem se ver” de Luís de Camões, o “traje” de Bernardo Soares “que como não é eterno, dura tanto quanto dura” ou aquele que segundo Eugénio Tavares “é mar quando está manso, geme com gosto, ama no descanso”. Várias formas de ver uma”estranha coisa chamada amor”.

Menotti Dell Pichia, poeta, escritor e pintor modernista brasileiro escreveu “Foi assim: deslumbrava a fidalga beleza da turba nos salões da Senhora Duquesa” e João Branco imaginou... “Um dia o actor brasileiro Cadú Favero olha para mim e diz-me que tem um sonho. E diz-me mais: que eu entro nesse seu sonho. Que sonho é esse, pergunto. A resposta não tardou e veio acompanhada da primeira fala de um texto poético-teatral que não conhecia, num bom sotaque carioca”. De imediato, uma montagem cénica no pensamento, “um relâmpago criativo, que apenas poucas vezes na vida ousamos experimentar”, diz João Branco.

A peça teatral “Máscaras” era o próximo desafio. O Amor... de Arlequim e Pierrot por Columbina. Dualidades eternas. Em cada um deles há um pouco de cada um de nós. “O primeiro é o que beija o sonho, o segundo o que sonha com o beijo e a terceira a que ama, sem dó nem piedade o sonho e o seu espelho”.

Directamente do Mindelo para a Praia. Um hino ao Amor fez-se ver, ouvir e impressionar no Auditório da Assembleia Nacional. “Um espectáculo de palavra” que move-se em torno de três personagens, que se interligam, que suspiram os seus desejos emocionais e carnais numa “interpretação cantada, ou se quisermos quase suspirada”.
Enquanto Arlequim e Pierrot piscam o olho a Columbina, cada um com o seu estilo, romântico ou explosivo, sereno ou fugaz, dois seres anónimos, “sem rostos, corpos deformes… deambulam pelos cinco sentidos, se tocando, se beijando, se vendo”, presenciando uma história de um trio amoroso. Duas interpretações dançantes, várias máscaras a deambularem pelas suas mãos e rostos. Mano Preto e Beti Fernandes, os bailarinos da Companhia Raiz di Polon, dão vida ao espectáculo com os seus incontornáveis gestos e expressões.

Sussurra-se as últimas palavras… “Porque a história do amor só pode se escrever assim: Um sonho de Pierrot E um beijo de Arlequim!”. A plateia quase cheia do auditório aplaude de pé. O pano desce e fica-se com o sentimento de missão cumprida.

Um espectáculo mais maduro

João Branco, encenador e director artístico do Grupo de Teatro do Centro Cultural Português, apenas teve um desejo quando as palmas soaram pela sala.
“Que levassem alguma coisa. Geralmente, costumo dizer que o mais importante é que as pessoas possam ser um bocadinho mais felizes, depois de serem confrontadas com aquilo que fazemos. Que tenham crescido enquanto seres humanos. Além disso, a arte cénica é muito transparente, nós damos aquilo que recebemos, não há bons e maus públicos, o que há é bons e maus espectáculos”.

Sair do estereótipo básico do amor. Foi uma tarefa cumprida nesta peça que cativa pela escolha dos figurinos, musicalidade, desenhos de luz, cenário, bailarinos e interpretações espontâneas e sentidas. “Este texto demonstra que se pode celebrar o amor sem ser de forma vulgar, especialmente num lugar como Cabo Verde onde o amor é exaltado de uma forma demasiado “pimba”, seja através da influência das novelas ou das letras do zouke, - e eu até gosto de algumas novelas e de uma vertente do zouke que me permite dançar. Mas há sempre outra maneira de se fazer as coisas”.

Os bailarinos. Duas figuras misteriosas, mascaradas, com um “je ne se quois” de misticismo e sedução, esvoaçam pelo palco trazendo consigo a riqueza dos movimentos.
Os seus corpos brincam como duas crianças ao sabor do vento. “Não há perfeições na criação artística. Costumo dizer aos meus alunos que no dia em que fizerem a peça de teatro perfeita têm de parar de fazer teatro e partir para outra esfera de actuação. É por isso que considero a junção da companhia Raiz di Polon com o Grupo de Teatro do Centro Cultural Português muito interessante e resulta essencialmente da admiração que ambas as companhias têm uma pela outra, e do facto do trabalho de cada uma ser muito diferente, conjugando linguagens desiguais, permitindo uma grande aprendizagem mútua. Acerca do espectáculo na Praia, o Mano Preto disse algo muito acertado - «hoje senti que tínhamos uma co-produção». Uma sensação que não existia no Mindelo, porque não houve muito tempo para estarmos juntos. Este espectáculo está, pois, mais maduro”, revela João Branco, assumindo-se na “vida real” como uma mistura do que “beija o sonho e o que sonha com o beijo”.

“Claro que há uns que têm mais tendência para a componente do desejo, ou seja, para a componente física, que é a muito cabo-verdiana. Sonhar aqui com um amor platónico chega a ser considerado um pouco maricas”, ironiza o encenador.

Com interpretações de João Branco (Arlequim), Arlindo Rocha (Pierrot) e Romilda Silva (Columbina) e com uma participação especial de Mayra Andrade e Mário Lúcio Sousa, as “Máscaras” partiram da Praia de volta ao Mindelo, onde nos próximos dia 28 29 e 30 de Novembro, no Centro Cultural, preparam-se novamente para impressionar…

"In Expresso das Ilhas"


Foto: Baluka Brazão

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

"Dias Loureiro tomou a iniciativa de solicitar uma auditoria ao Banco de Portugal (BP) por existirem dúvidas quando ao modelo de gestão do Banco Português de Negócios (BPN). O pedido foi ignorado em 2001 pelos responsáveis do banco central liderado por Vítor Constâncio, mas Dias Loureiro continua determinado em contibuir para esclarecer o que se passou, apesar de não prestar declarações à Comunicação Social." - in Jornal de Notícias

Muita tinta ainda vai correr sobre o BPN. Muito pó se vai levantar do tapete, resta agora saber se vai haver coragem para se varrer a casa. The game just started now.

Máscaras que impressionam

Peça de Teatro "As Máscaras"... No auditório Nacional da Praia

Fui, Vi ... amei. O texto é envolvente, apaixonante e actual. A partir do poema "Máscaras", de Menotti del Pichia, poeta, escritor e pintor modernista brasileiro, uma história sobre três personagens que fazem um hino ao amor. Nostálgico, entusiasmante e com apontamentos estratégicos de humor.

Três figuras centrais... Arlequim, Pierrot e Columbina. "O primeiro é o que beija o sonho, o segundo o que sonha com o beijo e a terceira a que ama, sem dó nem piedade o sonho e o seu espelho".

Em cada um deles há um pouco de cada um de nós.

"Uma interpretação cantada, ou se quisermos quase suspirada. Esta musicalidade, inspirada na forma de ser e estar do povo-caboverdiano, um povo musical, por excelência... Bamboleando e piscando o olho à vida".

Parabens ao João Branco e ao elenco pela audácia teatral, capacidade surpreendente em palco, naturalidade artística e principalmente por nos dar a conhecer este "espectáculo da palavra" ....

Como ele próprio disse é impossível dizer-se que na Praia não se vai ao teatro... A sala estava quase cheia! Venham mais destes!

(*as frases em aspas são excertos de um texto escrito pelo João Branco, que consta no planfeto que apresenta a peça)

As capas dos principais dos jornais portugueses fazem alusão ao “tiro no pé” de Manuela Ferreira Leite. “Será que não é bom haver seis meses sem democracia? Mete-se tudo na ordem e depois então venha a democracia”, disse a líder do maior partido de oposição, durante um almoço da Câmara de Comércio Luso-Americana. A ex ministra da Educação e das Finanças, falava da necessidade de implementar reformas num estado democrático.

Tal como o comentador da TSF, Mário Bettencourt Resendes defendeu não quero acreditar que Ferreira Leite seja a favor da Ditadura, mas também não consigo perceber o que lhe terá passado pela cabeça, para dizer tamanho disparate, vindo de uma pessoa que aspira ser a próxima primeira ministra de Portugal.

Quis brincar com a ironia mas pelos visto a ironia é que brincou com ela. Num momento, onde o Governo PS está fragilizado com a “guerra fria” entre os professores e Maria de Lurdes Rodrigues, a líder do PSD não soube jogar com os trunfos que tinha na mão. Em vez disso, fez com que José Sócrates dê se umas valentes gargalhadas perante tal situação. As palavras pesam em politica e vindo de uma senhora experiente não se percebe…

A Cegueira de Saramago em filme



A obra de José Saramago "Ensaio sobre a Cegueira" passou das páginas do livro para as telas cinematográficas. Agradou me bastante a escolha do elenco Julianne Moore (Hannibal), Mark Ruffalo e Gael García Bernal (Amor Cão). O realizador é o brasileiro Fernando Meirelles.


A história é sobre uma epidemia de cegueira que gera o caos e desperta o pior que há no ser humano... Fico aguardar ver por cá o filme!


Normalmente fico desiludida quando os livros são retratados no cinema (apenas O Amor nos Tempos de Cólera fugiu à regra) esperemos que este seja a segunda excepção.


terça-feira, 18 de novembro de 2008

As minhas palavras

A próposito de algumas críticas que fiz no meu blog ou em comentários deixados noutros blogs, acerca de situações menos felizes em Cabo Verde.

Primeiro ponto. Não retiro nem uma vírgula do que disse porque nunca o fiz com intenção de ofender ninguém. Falo daquilo que vejo, que observo, tal como faria em qualquer parte do mundo e como fiz no meu país. Sim é verdade que muita gente não sabe o que é o príncipio do contraditório em Cabo Verde e isso é fundamental para quem quer ser chamado de jornalista... e depois quem quiser que enfie a carapuça, porque certamente aqueles que sabem o significado não se reveem na minha critica. Há que separar as águas, há maus jornalistas porque assim o querem ser e estão a 'cagar-se' literalmente para a profissão, há maus jornalistas porque não tiveram bons mestres, e há bons jornalistas que simplesmente amam o seu trabalho... e esta realidade há em Cabo Verde, Portugal e em qualquer parte do mundo.
Segundo. Para mim não é vulgar um menino de rua com nove anos drogar-se e nem é normal uma menina de DEZ ANOS engravidar. Como em Portugal não é normal ver amigos com quem cresci a entregarem-se as teias da Droga ou crescer num bairro (Zona J) onde a maioria parte dos adolescentes vivem divididos entre o crime e os estudos. E tal como escrevi em Portugal sobre situações criticas escrevo também aqui o que sinto, o que vejo, o que observo. E nunca mas nunca vou parar de o fazer, se escolhi seguir o caminho do jornalismo não foi por estar na moda ou por dinheiro, porque isso até seria uma ilusão.“Esta terra não me vai vencer eu é que vou vencer esta terra”, o significado está na cabeça de cada um e no contexto que cada pessoa quiser atribuir. No meu entender não me deixo abalar por momentos dificeis e nem vou deixar para trás uma terra por quem me apaixonei, por isso “Cabo Verde não me vai vencer”, porque vou ficar e ultrapassar os maus momentos quando eles surgirem. Mas se calhar o meu primeiro post não tem qualquer valor já que falava bem de Cabo Verde. O que interessa é o mau.

Vou continuar a ser eu mesma... isso não tenho dúvidas. Quando tiver que criticar não hesitarei, mas quando tiver que elogiar esta terra serei a primeira na linha da frente. Não é por nada que acordo todos os dias feliz por estar aqui.
Vou continuar também a errar, a aprender, a ensinar... agora nunca irei viver na passividade.

Mickey Mouse it´s your birthday


Confesso que não era das minhas personagens preferidas... Tem um ar de bonzinho que nunca achei muita piada, mas a sua voz fininha fez parte da minha infância, por isso não poderia deixar de felicitar o rato Mickey pelos seus 80 anos.


O rato mais famoso do mundo, além de ser o grande herói dos anos da Depressão, numa altura em que são criados também Pluto, Mancha Negra, Pateta, Clarabela e Pato Donald é o anfitrião da Disneyland...


Lá em casa também tenho um anfitrião, mas esse nem sequer vai chegar aos 20 quanto mais aos 80...

Já estão a caminho...




Estreia, amanhã, no Auditório Nacional, na Praia, a peça de teatro "Máscaras", co-produção do Grupo de Teatro do Pólo no Mindelo do IC-CCP e Companhia Raiz di Polon.


A não perder...

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

A menina dos olhos lindos


Tive o prazer de conviver com ela no meu primeiro estágio. Estava "fresquinha que nem uma alface", não conhecia ninguém e até tinha um certo receio de conhecer. Quando a vi pela primeira vez pensei: "Doida, completamente doida", mas quem teve o privilégio de privar com ela certamente que nunca mais a esqueceu. Quando entrava na redacção não havia quem não ficasse animado. E mesmo quando estava chateada aquela TVI estremecia. Mas era 100% natural, 100% extrovertida... Onde estava a Rute estava a diversão...
Nas saídas à noite, à extinta discoteca Fama, era a que tinha mais pedalada e sempre com um sorriso nos lábios, sempre com altas gargalhadas, que só de ouvi-las não dava para parar de rir.
Era ambiciosa queria mais e fazia por isso. Tanto batalhou que conseguiu chegar a pivot do noticiário da manhã do quarto canal.
Até que a leucemia "apanhou-a"... Lutou vários meses na cama de um hospital, só os amigos mais chegados sabiam... Partiu no dia 6 de Novembro. Tinha 28 anos. A minha idade. Soube hoje. Chocou-me. Como num segundo, minuto, num mês num ano tudo pode acabar...
Até já Rute.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Menos portugueses na terra


"Portugal vai perder 700 mil habitantes até 2050, ao contrário da maioria dos países da Europa Ocidental, que terão um aumento de população nas próximas décadas, de acordo com um relatório das Nações Unidas".

Talvez se criarem mais condições para os jovens casais, como a facilidade ao crédito na compra de casa, regalias para famílias com mais de 1 filho, os portugueses comecem a pensar em terem bebés mais cedo. Passamos do oito para oitenta... e qualquer dia há mais portugueses fora do cá dentro.

Quem chegar primeiro fica com a casa

Achei esta notícia super interessante. Uma preciosidade…

“Mais de um milhar de pessoas continuam hoje a fazer fila numa localidade nos arredores de Madrid para se inscreverem na compra de um apartamento barato. Um construtor prometeu vender mais de 2.000 fogos ao preço de custo, mas a Câmara Municipal local não acredita na oferta.

Para evitar as confusões e as aldrabices, os campistas criaram um sistema de senhas para assegurar o lugar na fila.

O construtor, José Moreno, cuja empresa tem sede em Fuenlabrada, promete andares de até 120 metros quadrados por menos de 160.000 euros, uma pechincha no mercado espanhol. A venda é feita através de uma cooperativa.

Moreno diz que vai fazer a repartição dos apartamentos no sábado, dia 15, às 10h00. Podem concorrer os jovens entre os 18 e os 35 anos e os divorciados que não tenham casa em seu nome. O processo de escolha é muito simples: quem chegar primeiro fica com as casas.

Daí não é de estranhar o acampamento que se criou na rua da sede da imobiliária desde que o anúncio foi feito, no passado domingo.

O presidente da Câmara de Fuenlabrada, Manuel Robles, não está muito satisfeito com a questão e diz que não há terrenos disponíveis para construir, pedindo às pessoas para não alimentarem falsas expectativas.

O construtor, que se considera um “Robin dos Bosques” dos jovens, diz que só vai ter um benefício de 3,6%, mas que ainda pode baixar para 3%.

Esta oferta de casas a custo baixo ocorre numa altura em que, apesar os preços das casas terem baixado ligeiramente por causa de crise económica, os espanhóis têm sérias dificuldades em aceder a uma casa, especialmente os mais jovens”.

Fonte lusa

Portugal ao rubro

Primeiro acontecimento

O (número já não interessa) round já começou... No canto esquerdo, a Ministra da Educação e o seu sistema de ensino. O irredutível Primeiro-Ministro, José Sócrates (que já garantiu que a avaliação dos professores vai continuar a ser feita nos moldes acordados com os sindicatos) dá à pupila as últimas instruções, antes do som do gongo. No canto direito, o professor, que já prometeu não dar descanso ao estimado Governo até às eleições. Na plateia fazem-se apostas. Enquanto andamos neste impasse, de medir forças para ver quem leva o trófeu para casa, quem paga são os alunos, que por sua vez, preferem expressar a sua revolta através de um tiro ao alvo à ministra, onde os dardos são substituídos por ovos. Confusão? Eu diria mais... uma autêntica omolete ao estilo português.


Segundo acontecimento

1995. "É só fazer as contas", a mítica frase do então Primeiro-Ministro, António Guterres, a referir-se ao Produto Interno Bruto, depois de estar alguns segundos a tentar ele próprio fazer as contas.

2008. A ministra da Saúde, Ana Jorge, após ser questionada várias vezes, escusou-se a revelar o valor das dívidas do Serviço Nacional de Saúde (SNS). "Não sei. O Sr. secretário de Estado poderá responder melhor do que eu. É só fazer as contas.".

Ao fim de mais de dez anos, será que ninguém sabe fazer a porra das contas?
É tão feio Sra. Ministra ser macaquinha de imitação.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

O regresso de D. Sebastião. Parte (já perdi a conta...)


Ele tenta mas não consegue... É mais forte do que ele. Pedro Santana Lopes está de volta em mais um filme, desta vez "O Assalto à Câmara de Lisboa, Parte II). Em entrevista à revista "Pública", o D. Sebastião do Partido Social-Democrata referiu que a sua candidatura à autarquia "é uma prioridade e que quer tentar dois mandatos". Valham-nos todos os santinhos lisboetas e os restantes se o abominável homem das promessas, que tem como hobbie preferido deixar as edilidades com os bolsos vazios, vence esta batalha.

Santana já conta com o apoio da distrital do PSD Lisboa (eternos santanistas) … Nada que me espante... Mas ainda não há luz verde da líder do partido. Como a “Ferreirinha” nutre sentimentos verdadeiros, sinceros por aquela personagem é óbvio que vai apoia-lo. Porquê? Só para assistir da primeira fila a mais uma derrota do político que está no primeiro lugar da charada. “Qual é ele qual é ela que não consegue se afastar das luzes da ribalta?

Pedro Santana Lopes tem mel, disse-me Mário Resendes há pouco na SIC Notícias, mas os portugueses já estão fartos dos amargos de boca oferecidos pelo ex Primeiro-ministro. Nem sempre o que é doce é bom!

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Funaná da Margarida


O meu primeiro funaná em terras de Morabeza!!! Confesso que com tanta volta ainda fiquei mais branca do que estou! :)

Mal me quer bem me quer


Não percebo como uma jovem de 22 anos é mãe quanto mais uma menina de 14 e 15 anos. Por isso, quando me deparei com essa realidade em Cabo Verde fiquei mais uma vez chocada. Acho que já vem sendo um hábito. É inacreditável para mim, mas parece que para a sociedade é um facto banal. "Meninas e moças" desfilam pelas ruas de Praia orgulhosas da sua barriga como se o amanhã não existisse. Aquele é o seu troféu! Passam despercebidas e só aqui a portuguesa é que fica pasmada a olhar para uma criança que está à espera bebé. Lili deixou-me sem palavras…

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Chega devagarinho. Pede licença para entrar. Traz a promessa de que veio para ficar. A primeira reacção é de querer, de imediato, fechar a porta. Depois faz-se de convidada à força. Assim é a gravidez precoce. Uma realidade que deixa marcas na alma e no rosto de quem a carrega.


Ser criança… Jogar à bola, brincar às escondidas, pular, saltar, dizer os mais inofensivos disparates, ter uma única liberdade que só ocorre naquele tempo, em determinada época, naquela infância. Fazer birras desnecessárias, fazer perguntas indiscretas. Aprender, estudar, ouvir os conselhos dos mais velhos, viver de sonhos. Ser criança é tudo isto e muito mais.

Aos dez anos, Lili (nome fictício) já não fazia isso. Os meninos eram olhados não como meros companheiros de “diabruras infantis”, mas como possíveis parceiros sexuais. Uma menina num corpo de mulher. A fase de criança desaparece quando o corpo começa a passar por certas mudanças. Mas para a sociedade, Lili continuava a ser apenas uma menina de dez anos. A menstruação chegou aos oito anos. Tal como a promiscuidade, característica apontada pelos amigos mais chegados. Lili é mais um caso da disfunção paternal… do pai pouco se sabe, a mãe sempre ignorou-a, não querendo saber dos seus receios, medos, afastando-se simplesmente do seu crescimento. Nunca foi registada.

“Adoptada” por uma mulher muito respeitada no Platô, Lili tinha um fascínio especial pela rua. “Corria atrás dos rapazes, eles eram o seu alvo predilecto”, conta uma vizinha. Aparentando ter 16 anos, procurava no sexo masculino “aquilo que nunca tinha recebido da verdadeira família”: amor e afecto.
A caminho dos 11 anos, engravida de um homem 20 anos mais velho. “Ele não sabia que ela tinha aquela idade. Andava sempre atrás dele, não o deixava em paz, acho que chegou um momento que ele não resistiu mais”, conta a mulher que agora dá auxilio à jovem actualmente com 17 anos. Com cerca de quatro meses, os professores descobriram que a menina estava à espera de bebé. Na altura, o caso chocou a sociedade caboverdiana.

Tal como manda a lei, que pune criminalmente as relações sexuais com menores de 16 anos, o homem foi preso, ficando quatro anos atrás das grades. Lili ficou com uma menina nas mãos. “Uma criança a cuidar de outra criança”.
Com ajuda dos vizinhos e da “mãe adoptiva”, deu à luz após três dias do seu aniversário. Lili nunca foi acompanhada por um psicólogo, por uma assistente social, por alguém que a orientasse nesta nova caminhada.


Hoje já não conta com o apoio da mãe adoptiva, faleceu há um ano. O dia à dia começa de manhã quando vai deixar a sua menina de seis anos a uma senhora que a ajuda. “A vida dela é dormir, ir trabalhar, de vez em quando, e à noite vai para escola. Diz que só quer fazer o 12º ano”, conta a mulher que toma conta da pequena criança. Só à noite é que Lili vai buscar a filha depois de sair das aulas. A relação resume-se somente a um “chamar mãe e filha”, não há elo de ligação, não há envolvência. Tal como a mãe, a menina de seis anos aparenta já ter 10 anos, anda na escola e o que mais gosta de fazer é de ir à escola. “Estou aprender a escrever e a ler”. Quanto a lili não tem sonhos para contar ou objectivos para alcançar.

In "Expresso das Ilhas"

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

A comédia numa tal audição sobre o Banco Insular

5 de Novembro, Assembleia Nacional. Sala da China. A Comissão Especializada de Finanças e Orçamento convida o Governador do Banco Cabo Verde, Carlos Burgo, para proceder a alguns explicações sobre o caso do Banco Insular e as suas polémicas transacções financeiras com o Banco Português de Negócios.
Aquilo que deveria ser uma audição séria, já que se trata de um assunto nacional, do interesse público, tornou-se numa autêntica palhaçada! (Desculpem o termo mas não encontro outro que defina melhor aquilo que observei.)

Enquanto o Governador presta as informações necessárias, os deputados saiem da sala para receber telefonemas, atendem inclusive chamadas quando nesse preciso momento está a ser respondida aquela pergunta que tanto anseiavam ouvir e, que várias vezes se demonstraram impacientes para que fosse esclarecida. E para piorar este lindo cenário eis que em pleno discurso, o toque do telemóvel do Sr. Governador "vagueia" pela sala. Para-se um momento: "Agora não posso atender" e retomasse a tal audição tão importante para o País.

Esquecer de desligar ou colocar o telefone no silêncio é humano, agora durante duas horas consecutivas, este "esquecimento" repetir-se vezes sem conta é que já não há explicação.

Um sai o outro entra, "Querida estou numa tal audição", "Ligue-me daqui a cinco minutos" "Isto deve estar a acabar".

A comédia em pleno debate sobre um tal assunto que parecia ser fundamental para o esclarecimento dos deputados e cidadãos... Parecia!

O final do dia no Tarrafal



Há coisas fantásticas não há?

Yes He Win


Sai ontem a correr da redacção, para não perder pitada das eleições americanas.
Era 00h30 quando cheguei a casa. Como a TV Cabo continua sem dar sinal de si (o pedido já foi feito há três semanas, mas como dizem sempre: é normal... a impassividade como sempre em primeiro lugar, contudo isso já é outra história) fiquei com a RTP 1, cuja cobertura desiludiu-me... Um José Rodrigues dos Santos mal informado, uma convidada americana que tentava com muito esforço emitir algumas palavras em português. Directos sem brilho. Resultado: com o cansaço adormeci sem dar conta.

"Barack Obama é o novo presidente dos Estados Unidos da América", acordei com essa frase. O misto de estrela de rock, com uma mistura de “entertainer”, juntando-lhe o “animal político” que há em si fez história!

Hoje um dos primeiros e-mails que recebi foi de uma amiga de Portugal que me mandava o video da consagração do democrata com uma frase. "Até chorei". É verdade Obama tem esse efeito. Mexe com as pessoas tal como Jonh F. Kennedy ou Nelson Mandela.

Nos próximos dias, se calhar o nome Barack Obama entrará para o guiness por ser tantas vezes pronunciado.

Acredito plenamente que o homem que a 21 de Janeiro de 2009, será oficialmente o 44º Presidente dos E.U.A, vai brilhar na política externa, deixando a sua marca nos livros da história.

Quanto às promessas, tal como todos os políticos, metade não vão ser cumpridas, Obama é um "strong man", com uma poder de retórica hipnotizante, capaz de mover multidões, mas não deixa de ser um político...

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Saudades do "chinezinho limpa o pó"


Lembrou-me de em miúda não parar de emitar as suas rábulas... Como tinha os olhos em bico adorava fazer de "chinezinho limpa o pó". Passava horas em frente ao televisor a assistir ao show do Badaró, ao ponto da minha mãe me persuadir com um doce ou com um chocolate (confesso que adoro guloseimas). Tentativas falhadas, Badaró fazia me rir como ninguém. O humorista morreu aos 75 anos vítima de cancro. Tal como outros artistas, na hora do adeus, somente caras desconhecidas prestaram-lhe uma última homenagem. Há muito que o meio artístico tinha se esquecido dessa figura que trabalhou no teatro, rádio e na "caixinha mágica". Aqui fica a homenagem de mais uma desconhecida que irá recorrer muitas vezes ao You Tube para ver as rábulas fantasticas do "Ó Abreu, dá cá o meu".

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Não foi fácil...

Não foi fácil... Quando decidi fazer esta reportagem sabia que não ia ser, mas ao entrar no sub-mundo dos meninos de rua em Cabo Verde, o não ser fácil tornou-se em complicado, em difícil digestão. Olhar para um miúdo de 16 anos, a mexer-se como um toxicodependente, a falar como um ressacado que anseia a cada palavra, pelo vício. Não foi fácil... Olhar as feridas nos braços, os olhos carregados de vazio. Demasiadas sensações, pensamentos que me cortaram o sono durante algumas noites.

Para aqueles que não têm hipotese de comprar o Expresso das Ilhas aqui fica a reportagem desta semana. Não posso deixar de agradecer o apoio e paciência de uma pessoa que se disponibilizou a mostrar-me todos os lugares e a dar-me algumas informações preciosas. Obrigada Redy.

De mãos dadas com a rua



Não têm leis nem regras paternais. A rua é a sua melhor amiga, a droga a companheira persuasiva que não os abandona por nada deste mundo. São meninos. São amantes de um prazer envenenado. São simplesmente reais.

Tem um sonho. Tal como todos os meninos da sua idade. Há noite, imagina que tem à sua espera uma cama quente, um copo de leite, acompanhado de um beijo da mãe. Afectos antes de fechar os olhos para dormir. Ilusões meras ilusões, no pensamento desta criança que mal conhece a palavra afecto.
A realidade é bem diferente da sonhada. Cada noite… um lugar diferente para descansar o corpo e a mente. Pernoitar à porta de uma loja chinesa ou nas escadas de uma igreja. Não há lençóis ou almofada. Tenta-se “gostar” do chão frio, tenta-se conviver com o lixo, a sujidade que “respira” à sua volta.
Não há bonecos de peluche ou soldadinhos de chumbo dispostos pelo “quarto”, alias, as paredes são invisíveis. Há somente o silêncio obscuro da noite que o deixa de sentinela. O perigo espreita em cada esquina, porta, travessa ou ruela. Quando reza não pede bicicletas, playstations ou uma simples bola de futebol, pede antes ao tal “Deus superior” que consiga acordar de manhã, para sobreviver, mais um dia, num mundo, onde a única lei é “não se deixar abater”.

A história de um menino de rua. Podia ser igual como tantas outras. Mas não é. As próximas linhas têm a ambiguidade de relatar a “perversidade” de menores que, com cerca de oito anos, se iniciam nas teias da droga. Não são simples meninos de rua… São astutos, desconfiados, autênticos artistas na arte de roubar e ao mesmo tempo, frios, manipuladores. Criam sistemas de defesa, mas todos, lá no fundo querem o mesmo. O desejo de um dia sair da rua.

Três mil escudos por dia

Robinho (nome fictício) acordou, hoje, no meio de mais nove crianças. Nem sempre é assim. Quando o corpo está cansado, depois de uma caminhada pela noite dentro à procura de droga e, de uma oportunidade para roubar, o rapaz deixa-se adormecer no primeiro passeio que lhe aparece. Mas hoje conseguiu chegar ao chamado “Prédio”, perto do Cartório Notarial, que serve de abrigo a infâncias perdidas. Ali não há lugar para lamechices ou melodramas, todos são adultos à força. Num primeiro piso encontra-se a casa de banho, onde a sujidade sobe pelas paredes, instalando-se como um inquilino desejado. Num segundo andar, o dormitório. Cinco colchões espalhados pelo espaço que acolhem as crianças, os mosquitos, os ratos e o sem-abrigo que “comanda as tropas”. O líder. “Está o dia inteiro a passar droga, mas também a consumir, fazemos tudo o que ele nos manda”, confessa Robinho.
Visto como um protector, o “chefe” ameniza as brigas dentro do grupo, impedindo que os mais velhos batam nos mais novos. Uma autêntica comunidade, onde tudo o que se traz da rua (dinheiro, droga, comida, roupa) é dividido por todos. Contudo, para poderem pernoitar naquele espaço têm de pagar uma taxa, como se fosse uma residencial ou uma pensão. “Tem de se trazer sempre algo”. Apenas há uma regra lá dentro: é proibido roubar.

São 12h00. A ansiedade pela droga favorita, o chamado cocktail (uma mistura de crack com “padjinha”) começa a sussurrar na cabeça de Robinho. A fome também já aperta. Há que colocar mãos à obra para que a ressaca passe. Normalmente, o “dinheiro angariado” é através do peditório nas ruas do Platô, local de grande movimentação, onde “os turistas” são o alvo preferido para a sua “demanda”. Em média, por dia, cerca de três mil escudos vão parar ao bolso do menino de rua. Por mês (a trabalhar de segunda a sexta) consegue cerca de 60 mil escudos.“Os turistas, as pessoas brancas são fáceis de enganar. Quando nos oferecem comida, tento estar atento à espera de uma distracção para, por exemplo, apanhar a carteira ou o móvel. As pessoas de cá já nos conhecem, agora os de fora olham para nós como uns coitadinhos e, assim fazemo-nos de vítimas”, conta.

Várzea, Sucupira ou Achadinha. Escolha diversificada, vários locais onde a venda de droga não é controlada nem vigiada. Basta visitar o mercado mais conhecido da capital e visualizar as transacções em plena luz do dia. Robinho opta por se dirigir à Várzea, “pois a droga do Parque 5 de Julho não é boa. Fazem muitas misturas”. Depois de consumado o acto, o menino de 16 anos, que anda de mãos dadas com a rua há 9, escolhe almoçar no Sucupira, onde as vendedeiras lhe dão comida e, por vezes, roupa em troca de objectos roubados. Alias, o pior inimigo das lojas chinesas são os meninos de rua, que através de um “jogo de esperteza” roubam produtos dos estabelecimentos num piscar de olhos e, sem ninguém dar conta.
Depois do almoço, vaguear pelas ruas, pedir, roubar, preparar-se para chegada da noite. Durante a madrugada, Robinho vagueia pelas ruas à procura de droga, como se tratasse de um louco. E como ele próprio diz a cabeça “já não está boa”.

A história

A mãe de Robinho veio para Cabo Verde, fugida da guerra que assombrava o seu país natal. Quando a paz chegou à Guiné, quis o destino que regressasse mas…sem o seu pequeno. Com cerca de cinco anos, ficou ao encargo da avó e do padrasto que “tinha muitas vacas no Paiol”. Face à convivência com o filho do padrasto que se drogava, começou a consumir. “Fugia de casa da minha avó e ia para lá. Ele punha-me a drogar. Não estava contente com a minha ‘dona’. Ela queria dormir cedo e eu queria andar ao deus dará”, conta.
Pouco tardou para que adoptasse as travessas e ruelas como o seu novo lar. A rua trouxe-lhe verdadeiros “amargos de boca”. Violado por um homem mais velho e alvo constante de discriminação, por ser um menino de rua (o que faz com que carregue um forte estigma social, já que é muitas vezes identificado como um bandido ou um vagabundo), mas também no seio dos meninos de rua, onde é chamado de “mandjaku” nome pejorativo que se dá aos imigrantes africanos.

Contando no currículo com algumas visitas à esquadra da polícia, Robinho explica, como por vezes, os pequenos se tornam informantes. “Se não queremos dizer nomes ou dar informações, batem-nos, dão-nos murros na cara e ameaçam-nos de morte. Tenho uma camisa cheia de sangue”. Uma tese defendida por alguns sociólogos, (estudaram este fenómeno) que admitem existir uma relação de promiscuidade entre as crianças, os adultos criminosos e os polícias. Por outro lado, Robinho faz tudo pelos amigos. “São a minha família”. Para os estudiosos, a associação em grupo surge como uma forma de melhor sobreviverem num espaço adverso, onde tentam substituir aquilo que nunca tiveram em casa. (amizade, cumplicidade). E a verdade é que os grupos protegem-se através de uma solidariedade entre eles, mantendo uma relação estranha, de amor/ódio. Se por um lado, se portegem uns aos outros na relação com o meio exterior, no interior do grupo qualquer coisa pode ser razão para brigas e zangas.
No futuro, Robinho quer ser um homem “grandioso” “ir para a escola e não roubar” mas confessa que só quando a cabeça ficar boa…

“Não quero mais”

A sua figura identifica-o de imediato como um menino da rua. Umas calças de ganga rasgadas, t-shirt dois números acima, cabelo crespo com aspecto deslavado, uns pés descalços, unhas impregnadas de sujidade, com feridas causadas pelas picadas constantes dos mosquitos. “Não tens roupa limpa? E sapatos não tens?” “Tenho sim, mas desta forma as pessoas ainda têm mais pena de mim”. Assim é Pedro (nome fictício), um menino de rua bem diferente dos outros. Não rouba, só pede nas avenidas mais movimentadas da Praia.
“O puto ingénuo” como é conhecido pela sua comunidade de amigos conhece os vícios e as artimanhas da “vida sem regras” desde os oito anos. Neste momento já conta com 16 anos. O pai, polícia de profissão, abandonou a mãe, mais os oito filhos por uma outra mulher. A irresponsabilidade paternal que tanta vezes afecta as famílias cabo-verdianas fez “mais uma vez das suas”. De acordo com as últimas investigações sobre este assunto, a pobreza, violência familiar, insucesso escolar e conflitos com colegas e professores pode levar ao “princípicio” do sub-mundo (toxicodepêndencia, exploroção sexual e agressões). Pedro começou a sair de casa e só a voltar à noite. A aventura valeu-lhe umas boas bofetadas da mãe. Era sempre assim quando decidia fazer o que queria. A escola ficou pelo caminho a acenar-lhe com um “até um dia… talvez”. “Estava sempre em brigas com os meus colegas”.

Foi pelo mar que decidiu ficar na Praia. “Houve um amigo que me desafiou para ir à praia da Gambôa. Nunca tinha visto o mar. Nesse dia ficamos a dormir na rua. Nunca mais sai de lá”. Tinha oito anos.
É dos poucos que, de vez em quando, visita a família, mas não aguenta ficar muito tempo. “Estou viciado na rua”, conta. A droga surgiu como uma consequência natural do dia a dia. Fumou ganza e pedra, sentiu-se acelerado, não havia limite. Hoje, quando os seus parceiros de rua acendem o “cigarro envenenado” ele afasta-se. “Não quero mais”, diz com um abanar de cabeça constante, como se isso fosse uma das suas verdades inquestionáveis. “Os outros meninos consomem muito e andam toda a noite atrás da droga, têm a cabeça dura”.
Da mãe, assassinada há pouco tempo pelo padrasto, não guarda recordações de afecto ou amor. “Sabes o que é carinho? Alguma vez a tua mãe te deu um beijo ou um abraço”. Depois de um silêncio profundo, Pedro baixa os olhos e responde “Não, a minha mãe é pobre…”.

A primeira vez que teve um contacto mais íntimo com uma menina foi ainda na sua terra natal com uma vizinha mais velha, “muito bonita”. Mas agora na rua, o prazer sexual aparece “pintado” de outra forma. No Parque 5 de Julho, espaço que no antigamente era palco de espectáculos culturais, meninas com 19 e 20 anos oferecem favores sexuais em troca de dinheiro para a droga. “Dou 100 ou 250 escudos e faço com elas. Uso sempre preservativo, têm sempre. Todos os miúdos fazem isso”, conta.
Traficantes, prostitutas, polícia, vendedeiras, toxicodependentes, são todos personagens da história de Pedro, mas que nunca assumem um papel de destaque. “Ninguém manda em mim, só faço o que quero”.
De manhã passa o corpo pela água disponível no Parque, lava os dentes com as mãos, pois só quando vai a casa é que tem direito a uma escova e a um pouco de pasta. Não faz “recados” a pedido dos traficantes, mas admite que os amigos servem de pombos correios para transportar droga. “Levam-na de um sítio para outro, não há o risco de as crianças ficarem com a droga, pois sabem se são apanhados a vida termina nesse minuto”, salienta.

Quando o Expresso o encontrou, Pedro já tinha tomado o pequeno-almoço no Sucupira e iniciado o seu peditório pela Avenida Amílcar Cabral. 400 escudos em apenas duas horas. Preparava-se para ir almoçar para depois à tarde dividir o seu tempo em jogar nas máquinas ou a regressar ao Platô. Quando se despediu, uma única frase: “Quando a cabeça ficar boa, quero sair daqui”, Afinal não é o que todos desejam?

Os meninos do Porto da Praia

Noite longa. Não há candeeiros. Só a lua permite visualizar alguma coisa. Pouca. As grutas do cais. Solitárias e sombrias, ninguém arrisca a passar por ali. A fama persegue o lugar. Só eles, é que, durante algum tempo, adoptaram aquela espécie de “lar esconderijo”. Eram conhecidos como os meninos do “pé de rotcha”, os mais perigosos e os únicos que utilizavam armas de fogo. Soldados controlados pelos criminosos que operavam na zona. Durante o dia mantinham-se na sua “habitação”. Dentro dela, cozinhavam, dormiam, faziam as suas necessidades… Tal como os morcegos, durante a noite saíam para o Platô, local onde impera a movimentação, para roubar. Nada escapava às mãos
Em 2006 a “festa” acaba… Todos são presos e os que não são, jamais regressam à antiga casa. Procuram outros líderes, protectores e outros amigos. Sucupira, Várzea ou Achadinha são agora os sítios de eleição.

Dura Realidade

Dois dos critérios escolhidos para ser líder dos meninos de rua são a agressividade e a habilidade para roubar.
Os antigos meninos de rua são também os que vendem droga os chamados “delears” e também lavam carros.
O lucro das suas actividades (lavagem de carros e barcos de pesca, rolamento de bidões, carregamentos de sacos das compras, ajuda na arrumação dos mercados, roubos a pessoas e a residências) são utilizados para as suas necessidades básicas como a comida, droga e roupa.
Segundo alguns meninos de rua, nas épocas festivas, a policia vai buscá-los como forma de os proteger dos mais velhos, como são exemplo, os Thugs, mas também para prevenir que eles assaltem casas ou roubem pessoas. Segundo os últimos estudos, apesar de não haver dados estatísticos oficiais, estima-se que a reincidência crimninal está cada vez mais alta.


In "Expresso das Ilhas"

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

A moment like this...


Quarta-feira... 18h30. Sou só eu e ele. Juntos como um só. O cantar do mar, permanece ali mesmo ao lado. O calçadão está à minha espera. Começo o jogging com os últimos raios de sol... estão no meu horizonte. Não é para todos... mas se é só para quem pode quero aproveitar estes momentos até ao último minuto. O bater das ondas nas rochas. O coração acelera cada vez mais. Cada passo rápido, sentimento de liberdade. Ele começa a despedir-se. Agora os alogamentos e o silêncio da noite. O espelho de água e a brisa suave. São instantes como este, que me fazem cada vez mais apaixonar por esta terra crioula.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Transexual diferente de homossexual. Há dúvidas?

Definição de jornalista. “São aqueles que, como ocupação principal, permanente e remunerada, exercem funções de pesquisa, recolha, selecção e tratamento de factos, notícias ou opiniões, através de texto, imagem ou som, destinados a divulgação informativa pela imprensa, por agência noticiosa, pela rádio, pela televisão ou por outra forma de difusão electrónica.
Dever do mesmo. “Exercer a actividade com respeito pela ética profissional, informando com rigor e isenção”.
Por isso muito me espanta que em pleno século XXI, haja jornalistas que não saibam a diferença entre transsexuais e homossexuais.
Passo a explicar... O jornal “A Semana”, um dos mais lidos em Cabo Verde, na sua última edição, escolhe para título: “Homossexual Assumido”. Num país, onde a homossexualidade encontra-se camuflada, escondida, onde as palavras lésbicas e gays são difíceis de pronunciar, nada como “agitar as águas” e despertar as mentes para uma realidade controversa. Até aqui nada a apontar… alias só elogiar pela atitude jornalística em desbravar novos caminhos.
Quando se começa a ler a dita reportagem é que “a porca torce o rabo”, como se diz em bom português.

Passo a citar alguns excertos: “Cabral acha que carrega um corpo e uma alma de mulher, apesar de ter sexo masculino”, “Sou um ser humano como qualquer outro, com defeitos e qualidades, e não acho que isto (a homossexualidade) seja um defeito”, “Sou uma mulher na cabeça, no corpo, e na forma de sentir, portanto quando olho para um homem vejo oposto”. Estas são as palavras de Emanuel Cabral, 22 anos, estudante do 12º ano de escolaridade que conta a sua história à publicação cabo-verdiana. Confuso?
Duas anotações: A primeira é que se um jornalista não sabe do assunto que foi destacado a cobrir, primeiramente faz pesquisa, tenta recolher o máximo de informação sobre a temática. Caso isso tivesse acontecido, talvez o autor da notícia soubesse que há diferenças entre homossexuais e transsexuais e bastava um pequeno clique na wikipedia.
Transsexualidade: "É a condição considerada pela Organização Mundial de Saúde como um tipo de transtorno de identidade de género, refere-se à condição do indivíduo que possui uma identidade do género, diferente da designada no nascimento, tendo o desejo de viver e ser aceite como sendo do sexo oposto. Usualmente, os homens e as mulheres transsexuais apresentam uma sensação de desconforto ou impropriedade do seu próprio sexo anatómico. A explicação estereotipada é de "uma mulher presa num corpo masculino".
Homossexualidade: "Define-se por atracção física, emocional, estética e espiritual entre seres do mesmo sexo.
A segunda. Poderá o leitor pensar, mas Emanuel admite que gosta de homens? É correcto, mas numa sociedade onde a maioria considera este tema como uma autêntica aberração, que não merece ser discutido, é dever do jornalista explicar correctamente, para que não provoque ainda mais confusão.

Ao empregar-se o nome de homossexual a um transsexual está-se a dizer que “todos os homossexuais desejam ser mulher”. Falsidades e mais falsidades. Se a função de um jornalista é clarificar há que o fazer correctamente e intrinsecamente. Emanuel é apenas um homem que quer ser mulher pois é assim que a sua alma se sente. Um homossexual não deseja ser mulher, apenas nutre sentimentos pelo mesmo sexo. Cabo Verde tem um longo caminho a percorrer, no que diz respeito, a ultrapassar certos obstáculos e barreiras, mas quem tem hipótese de ajudar nesta demanda que o faça “com cabeça, tronco e membros” e não só porque fica bem na capa de um jornal e assim esgota-se a edição nas bancas. A curiosidade é indissociável do ser humano, mas há que aguçar essa curiosidade com a mais pura das verdades…

Todos erramos… é correcto, já falhei tantas vezes e mais vezes hei-de o fazer… agora meus senhores e minhas senhoras, a quem por vezes falta a modéstia e humildade, humildade essa necessária a qualquer publicação, este erro é uma bofetada de luva branca e para bom entendedor meia palavra basta…

Cardápio de doenças: é só escolher

Duas semanas.... Dores de cabeça, gripe, tosse, dores de barriga, diarreia, conjuntivite, alergia na cara e para finalizar, a cereja em cima do bolo, uma intoxicação alimentar.

Cabo Verde trouxe-me o menu e eu escolhi: um rol de doenças e infecções para me acompanhar nestes primeiros dias de aventura. E que companheiras me saíram! Com elas trouxeram vários presentes... Idas à farmácia, onde o dinheiro fugiu-me da carteira como o ladrão da polícia, noites mal dormidas, o facto de me sentir mal ao olhar ao espelho (as pequenas e dezenas de borbulhas cintilantes davam-me sempre os bons dias) e um dia deitada, numa clínica privada, onde os meus amigos predilectos foram uma injecção de penicilina e uma garrafa de soro.

A minha melhor amiga disse-me uma frase que me marcou. “Tu consegues complicar o complicado”. A adaptação a um habitat novo nunca é fácil. Agora tudo ao mesmo tempo? Sou um caso a ser estudado!

terça-feira, 14 de outubro de 2008

De volta... Agora em terras crioulas!!!!!


Cabo Verde. A sua história repleta de pequenos e grandes acontecimentos marcam uma identidade colectiva e viva. As memórias do antigamente combinam com pequenos apontamentos de “cheirinho” a modernidade... Mas ainda somente a meio gás.
Terra de Morabeza, que canta e encanta na arte de receber, terra ligada ao mar e às lendas de outras épocas. A presença do rio, do monte, dos espelhos de água. Dotes paisagísticos que contrastam com mentalidades que ficaram paradas no tempo.
Sigo em direcção a um "paraíso privado". Assim quero pensar. Olho para trás e despeço-me com um “até já” daquela que será sempre “nhakretxeu!”. A eterna cidade das sete colinas... Lisboa serás sempre menina e moça.
Em frente aguarda-me uma aventura em terras crioulas. Cabo Verde, a África mais parecida com a Europa, mas ao mesmo tempo, com rasgos de uma realidade que choca, impressiona quem está habituada a uma pobreza camuflada, escondida. Aqui ela está exposta sem fingimentos, de uma maneira que fere os olhos....
A primeira lufada de ar quente... As primeiras emoções e sentimentos. Uma única sensação: good vibes. Tudo é diferente, nada é parecido. O cheiro vindo das cozinhas das pequenas habitações atulhadas por toda a capital. Cachupa, cus cus. O olfacto está confuso... quer sentir os aromas que percorrem a cidade pouco iluminada.
Com a noite a caminhar a passos largos, torna-se imperceptível espreitar o que se passa lá fora. Agora. No momento. Tenho todo o tempo do mundo para desvendar os segredos desta terra e perder-me apaixonadamente por ela.
Muitas curvas. Solavancos em estradas ainda rudimentares. Vão me dizendo os nomes. Entram no ouvido como autênticos desconhecidos. Plateau, Achada de Santo António, Terra Branca… Palmarejo. O meu novo lar. Melhor dizendo perto daquela que é considerada uma das zonas mais “cool” da cidade de Praia. A minha casa. O exterior escuro, lembrando os ghettos do Rio de Janeiro ou bairros sociais como a Cova da Moura e Zona J. Não há medo, antes uma sensação de nostalgia. Não me intimido com o espaço. Nada acontece por acaso… Amor à primeira vista. Uma habitação que acertou-me como uma flecha. Gosto dela logo ao primeiro olhar. Arejada, fresca, pitoresca. Africana. Linda…
Estou a viver em Cabo Verde! Nada será como antes…
FOTO BY Redy Wilson

quarta-feira, 18 de junho de 2008

O livro que "com muito jeitinho" diz algumas verdades!



Os amigos servem para as ocasiões... Esta é uma bela ocasião para divulgar o livro de um "mestre" que, apesar de ser extremamente egocêntrico (sabes que tinha-o de dizer) :), é um excelente pensador e principalmente um óptimo amigo!


"Não basta ter os livros há que saber lê-los", foi um dos primeiros conselhos, com uma pequena camuflagem de aviso, que me deu gratuitamente. Estávamos a trocar as primeiras impressões, numa entrevista, acerca de um livro onde a frase "A verdade, tal como a luz cega-nos", gentilmente elaborada por Albert Camus, é umas das primeiras que se pode ler. O autor, esse, gosta de ir mais longe, tal como Joaquim Letria o definiu, mas tem a modéstia de não se considerar um jornalista da velha guarda... Apesar de já há muito tempo fazer parte dela! Frederico Duarte Carvalho esteve sentado na primeira fila, a assistir ao "circo mediático" que foi montado em torno do caso "Maddie"... presenciado, ingerindo e reflectindo sobre os primeiros momentos, daquilo a que se viria a tornar a "Notícia de 2007". No dia 11 de Maio desse mesmo ano, quando caminhava pela praia da Luz, sabia que tal como uma imagem fotográfica perdura, aquela história possuía os ingredientes necessários para a criação de algo que também resistisse à passagem do tempo. "Pegou num condimento" essencial, o de simplesmente puxar pela cabeça, e de forma a agarrar os leitores criou uma ficção que com muito jeitinho diz algumas verdades!
E assim, eis que o jornalista "Miguel de Andrade" é destacado para um local no Algarve, para trabalhar num caso, que mais parecia um perigoso quebra cabeças, mas de desvendar puzzles misteriosos é aquilo que um jornalista gosta... Ou não?



Antes de mais porquê escrever sobre um caso onde tanto já disse e se falou. Não tens medo que o livro seja visto como mais um?
NO dia que decidi escrever este testemunho tinha quase a certeza que não era a única pessoa a ter a ideia de que valia a pena escrever sobre este caso... Em primeiro lugar, os livros são muito importantes pois são eternos, o registo que se faz hoje em dia em jornais é muito efémero. A 11 de Maio, senti que naquela altura era necess*rio aqueles momentos ficarem registados para sempre. Tinha desaparecido uma criança, dentro de uma casa, não na via pública, tratava-se de estrangeiros em Portugal, logo o choque cultural existente... Era imprescindível contar, reflectir sobre isto. Em jornalismo é principio haver uma história com principio, meio e fim e este caso ainda está aberto, por isso optei por ficcionar para dar um final.


"Dizem-nos, dizem-vos, que já ninguém quer saber mais sobre uma criança que ainda continua desaparecida... Mas, ainda assim, como dizia o poeta, antes de se tornar político, há sempre alguém que resiste". Assumes-te como esse "alguém"?
Este livro está a ter dificuldades em penetrar no mercado, porque disseram às pessoas que já estão saturadas deste caso. Não acredito, estão é cansadas da falta de novidade, de informação e com o facto da justiça ter caído sobre a espada. É preciso resistir ao esquecimento que querem atribuir à verdade, ao das falhas que houve na investigação, da confusão que se quis criar, da própria busca da menina e também, ao facto de que se os pais estão inocentes, estamo-nos a "esquecer" de investigar os pedófilos em Portugal. Em Huelva, o caso da Maria Luz foi diferente, ela foi raptada por um vizinho na via pública, faz parte do padrão estabelecido, não desapareceu de um meio ambiente estranho. A Maddie sim.


"Nunca um desaparecimento de uma criança em Portugal causara tanto interesse público". A mãe do Rui Pedro e pais de outras crianças que nunca tiveram um rosto estampado numa primeira página de um jornal ou numa capa de revista revoltaram-se com a mediatização deste caso...
Lembrou-me que a menina desapareceu de quinta para sexta-feira e de imediato foi notícia de 30 a 30 segundos na televisão, com directos permanentes, onde não se dizia nada, mas mesmo assim tomara que a mãe do Rui Pedro tivesse tido jornalistas a falarem do filho de 30 em 30 segundos na sua terra, durante meses. É simples se está toda a gente a falar no assunto é obrigatório falar.

Se fosse uma criança portuguesa a desaparecer em Inglaterra certamente não tinha o mesmo tratamento...
Não se calhar, os pais tinham sido presos ou tinham lhe tirado os gémeos, se cligassem ao Primeiro-Ministro a pedir ajuda, provavelmente dizia que não podia fazer nada e que se tinha de confiar na justiça, dando ordens ao embaixador para seguir só o caso e não para se intrometer na investigação, que foi o que aconteceu no Praia da Luz, a investigação ficou logo condicionada à tese do rapto. Apesar de poucas pessoas se lembrarem, a primeira notícia do Diário de Notícias no sábado de 5 de Maio, era "Esta é uma história mal contada", isto diz tudo.


Porquê o falhanço da PJ em certas coisas que eram básicas, ingenuidade em lidar com um caso demasiado mediático?
A nossa polícia até aquele momento não tinha um gabinete de imprensa e um porta- voz como tem os ingleses, temos uma forma de trabalhar próxima da alemã, que não tem por norma divulgar informações a imprensa, pelo menos oficialmente, deixando cair umas pistas de vez em quando. O papel de Olegário de Sousa foi uma novidade (o de ligação com a imprensa), era uma pessoa que sabia falar inglês, mas andava ali literalmente aos papeis. Por outro lado, achei estranho quando o chamado perímetro de segurança era pouco amplo, por exemplo, estava encostado a um muro onde, supostamente se houve alguém que raptou a criança teve que o saltar e eu tinha o cotovelo apoiado nesse muro!!!! No livro dou também a teoria que inocenteia os pais. Uma das coisas que os Mcann afirmaram foi que, os vestígios de sangue encontrados no carro alugado 23 dias depois de a Maddie desaparecer, foram plantados. A PJ, por sua vez, levou estas declarações muito a mal pois indiciava que teria sida a própria a plantar as provas. No meu livro, coloco a hipótese de ambos estarem a dizer a verdade, dando a teoria que foram pedófilos que colocaram as provas, porque já sabiam que a Polícia ia ter acesso. Isto claro, no meu livro... Mas nunca se sabe!

domingo, 8 de junho de 2008

Uma anestesia chamada selecção!

Aumento dos combustíveis? Não existir classe média e o nível de pobreza ser um dos mais altos da Europa? Problemazitos sem expressão... Neste momento isso não é relevante mas o importante, o que move as nossas vidas e energias
é saber se o "puto maravilha" é o melhor marcador da competição, se Portugal sagra-se campeão e caso isso aconteça como vamos receber os salvadores da Pátria... Está tudo anestesiado!

Gosto de ver a selecção jogar, gosto de ver a selecção ganhar, mas por amor de Deus, não é no primeiro jogo que vou para o Marquês do Pombal com um discurso de vencedor da Europa e a gritar como não houvesse amanhã.... A taça é nossa!
A semana passada o senhor Sebastião José de Carvalho e Melo, para quem não conhece Marquês de Pombal, gostaria de ter tido a mesma honra: milhares de pessoas, com cartazes em vez de cahecois, a manifestarem-se contra o roubo efectuado às suas carteiras.
Mas lá está o português é esperto... Pensou de imediato: Eh pá, para quê? daqui a alguns dias já está tudo resolvido, os nossos heróis dão-nos um comprimido chamado futebol e que faz com que esqueçamos de imediato o que nos atormenta: Meus amigos não se esqueçam que o tal remédio é apenas temporário e a crise não!

Sem apetite para o tabaco

Olá o meu nome é Margarida Conde e estou há uma semana sem fumar! Poderia ser as minhas palavras numa sessão dos tabacoanónimos...
Sempre propaguei aos sete ventos que nunca iria "largar o vício", pois o prazer em desfrutar dos quatro habituais cigarros por dia era maior de que qualquer alarme mortal.
Ora como as coisas mudam... E o mais estranho é que não foi preciso muito! Um dia acordei e decidi hoje não me apetece... e há uma semana que continua sem me apetecer! Gosto destas decisões que se tomam do nada!
Espero que daqui a um mês continue sem apetite para a nicotina!

domingo, 1 de junho de 2008

Afinal o português gosta de ler!

Aproveitei o dia de sol, antes que se ausentasse por tempo indeterminado, para visitar a 78.º Feira do Livro de Lisboa.... Em primeiro lugar, por ter demorado mais de 20 minutos a estacionar deduzi de imediato que os corredores do Parque Eduardo VII estariam ao rubro! Não me enganei... Ao percorrer aquele espaço fiquei contente por reparar que, em cada 10 pessoas 8 levavam, pelo menos um livro, para casa, indiciando que afinal não estavam ali só para ver as vistas! Portanto, meus senhores e minhas senhoras propagar que os portugueses não são dados a máterias de literatura é uma forma de continuar a eludir os mais ingénuos e de manipular os mais influenciavéis, de forma camuflada, através de slogans como "o povo gosta é de ler as revistas cor-de rosa"!
Uma coisa é certa... Os portugueses, certamente, detestam que lhe passem constantemente um atestado de estupidez, tudo em nome do "enquanto não pensas, consumes o que te damos".
Normalmente sinto aversão aos locais com grandes aglomerados de pessoas, porém digo-vos, hoje, senti orgulho por aquela feira estar apinhada....

Não me chocou em nada os tão discutidos e polémicos pavilhões da Leya, que apesar de se destinguirem dos outros, não vieram "mexer negativamente" com o verdadeiro sentido daquele evento, tal como foi insinuado muitas vezes.
Não posso deixar de dizer que de facto os stands daquele grupo eram práticos e apelativos, onde os visitantes podiam andar livremente, mas pelo que vi não são a atracção da festa... Mas sim... os livros... esses, de 24 de Maio a 10 de Junho, são as personagens principais!


Moi meme aproveitou para comprar o mais recente livro do meu pivot favorito, Rodrigo Guedes de Carvalho, o romance "Canário" e de cordialmente "sacar-lhe" um autógrafo, o qual gentilmente envergonhado, alias como o é sempre, me deu!

domingo, 25 de maio de 2008

Cirurgia Estética, a moda do século XXI


Quando a minha directora "gentilmente sugeriu" que realizasse uma reportagem sobre Cirurgia Estética fiquei um pouco, como posso dizer, enfadada e sem vontade, já que nessa mesma semana tinha saido noutra revista da casa, a Focus, um artigo de capa sobre este mesmo tema. Porém, como um pedido de um chefe não se pode recusar tentei fazer o melhor. Após a reportagem ter sido publicada, o certo é que recebi uma carta de uma leitora onde relata a sua história comovente de vida, onde há anos espera que a operação ao peito que tanto anseia seja razõ suficiente para voltar a sorrir!

Esta é uma das razões que me leva a amar esta profissão de paixão! Um elogio de uma simples desconhecida tem outro sabor quando é feito com toda a simplicidade e quando apenas se baseia nas nossa palavras!

Por agora fica aqui o artigo publicado...


Combater a imperfeição

Apesar de a "beleza ser uma tirania de curta duração segundo o filósofo Sócrates, o certo é que não há ser humano que não tente que essa breve passagem do tempo seja realizada da melhor ámaneira... Seja com extensas idas ao ginsio, dietas milagrosas ou simplesmente com o recurso à cirurgia plástica. Tudo em nome da perfeição estética!

Segundo a mitologia grega, Narciso, "fascinado pela sua própria beleza" terá caído num lago, afogando-se, vítima da sua própria vaidade. Reportando essa lenda, aos dias de hoje, verifica-se a existência de muitos "narcisos/as", que movidos pelas exigências da actual sociedade, consumem a sua vida no culto idolátra da sua figura. O seu corpo é a fonte principal do seu ego, enquanto a imagem é o "heroína" da história.
São as pessoas que "praguejam" contra o aparecimento de uma ruga que teima em não desaparecer, stressam com a imperfeição de um peito mais pequeno ou de uns glúteos pouco evidentes... Nada que surpreenda! Desde sempre, o ser humano "partiu por mares nunca antes navegados" à procura da perfeição! Basta recordar, o aparecimento dàdiva milagrosa no que diz respeito aos desígnios da beleza.
O século XXI não poderia fugir à modernidade e ao avançar das novas tecnologias que trazem consigo a promessa do "Forever Young", juventude essa que até o mais comum dos mortais anseia encontrar um dia!

Estamos na era da imagem... A preocupação de possuir um corpo esbelto e definido faz agora parte das mentes da filha, mãe e até da avó. E a verdade é que há quem passe horas a fio a esforçar-se nas máquinas ou nas aulas de fitness, somente para que a sua silhueta seja "reconhecida e aprovada", e há as que preferem terem resultados imediatos a curto prazo, sem que para isso seja preciso "suar".
É neste momento que entra a "fórmula mágica desta época": Cirurgia estética, o antídoto para resolver as imperfeições indesejadas, cada vez mais usado por aqueles que querem sorrir novamente ao olharem-se a um qualquer espelho.

Do tamanho 36 para um quase 32
A decisão já estava tomada há um ano e todo o processo mais que pesquisado. Ao viajar no tempo, altura que tinha 25 anos, lembra-se de sentir orgulho no seu 36 copa B... era um motivo de vaidade! Devido às aulas de fitness que começou a dar, como o Body Attack e X55, a desmotivação ganhou expressão, e um peito mole e cheio de peles associado a um número "34 a fugir para o 32" incentivaram-na a tomar medidas.
Zaina Malveiro decidiu que aos 29 anos estava na altura de ir em frente e aumentar o peito. "Consultei três médicos, já que não é uma decisão que se deve tomar de ânimo leve, o primeiro disse-me uma coisa, o segundo outra e fiquei totalmente baralhada. O terceiro foi aquele que me inspirou mais confiança, explicou-me tudo, os prós e contras e mandou-me ir para casa para reflectir mais uma vez. Tentei obter o máximo de indicações sobre o doutor para que tivesse a garantia que estava apto legalmente", conta.
Na segunda consulta, a instrutora de ginástica a part-time e técnica de informática tempo inteiro recebeu mais informações sobre a operação. "O médico viu que não havia necessidade de deslocar o músculo, acabando por colocar a prótese por cima do peitoral. A seguir, forneceu-me as guias para fazer todos os exames exigidos, mamografia, ecografias, como era desportista e nova não foi preciso fazer a prova de esforço pedida".
Como se custam dizer, "há terceira é de vez", e na última consulta marcaram o dia da mamoplastia...

"Fundamental verificar as qualificações do médico"
A decisão de Zaina Malveiro em consultar vários especialistas, recolhendo assim diversas opinióes é para os entendidos na matéria a mais acertada.
"Vivemos uma altura estranha onde temos dois sectores: as pessoas altamente qualificadas e aquelas que fizeram um curso por exemplo de lipoaspiração 'por correspondência', e depois na garagem de sua casa realizam uma meia dúzia de operações. Isto passa-se em todo o lado do mundo. É fundamental verificar as qualificações da pessoa que escolhe para fazer a operação. Por outro lado, podem também ir ao site da Ordem dos Médicos pesquisar onome do profissional e confirmar se está inscrito. Até pode ser menos simpático ou ter havido uma empatia menor, mas é uma garantia, uma certeza, de que teve a formação necessária", esclarece João Anacleto, cirurgião plástico que realiza operações no hospital Amadora-Sintra.

Visando que este tipo de especialidade não é linear, já que existe várias possibilidades para resolver o mesmo problema, o médico dispensa os eternos "clichés" de que estas cirurgias são inteiramente "viradas" para pessoas ricas, futéis e que vivem no mundo do "parecer bem é lei". "Quando desconhecem é muito fácil de dizer mal, não é mais válido reconstruir um tendão de alguém que teve um acidente, do que aumentar ou diminuir o peito de uma pessoa que não se sente feliz com o tamanho. Não tenho muita paciência para esse tipo pensamentos. Claro que há exageros como em todo o lado, não se pode é rotular toda a gente com a mesma definição. Por exemplo, nunca se pode alegar que todos os árabes existentes na terra são maus só porque existe um Osama Bin Laden, o mesmo se aplica neste caso. Há que ter ciente que uma rinoplastia ou uma abdominoplastia é uma cirurgia, portanto a pessoa deve querer fazê-la, única e exclusivamente, por ela e não pelos outros".
Foi isso que aconteceu a Zaina Malveiro a 31 de Março de 2008, uma decisão pensada e repensada levou-a até a uma sala de operações...

Pós operatário: "Passei algumas noites em branco"
"Cheguei por volta das 8h00, estavam duas pessoas à minha espera para me dar as indicações sobre o procedimento", recorda Zaina. Quando entrou na sala de operações, antes da anestesia começar a fazer efeito, reparou que se encontravam dois médicos, a anestesista e mais três enfermeiras. "Foi tudo muito rápido, durou cerca de uma hora, quando acordei já estava no meu quarto, com as ligadura à volta do peito e com um soutien especial que temos de comprar previamente e que posteriormente temos de usar durante um mês".
O que lhe fez mais confusão foram os drenos (um tubo de plástico que expele o sangue estragado da operação) que tinha em cada axila. Após seis horas de descanso, sem dores, onde a fome foi enganada com pacote de bolachas e chá, a instrutora regressou a casa pelo próprio pé e com o "peito dos seus sonhos".
O que veio a seguir é que nunca mais vai esquecer... "O pós operatório foi o pior, mas sei que varia de pessoa para pessoa. Primeiro tinha de estar sempre na mesma posição, fosse numa cama, numa cadeira... Coloquei 245 mililitros, no fundo é quase meio quilo a mais, este peso, o qual não estava habituada, fez com que ficasse com dores horríveis nas costas. Passei algumas noites em branco, sem dormir e mesmo sem querer tive de recorrer aos comprimidos para colocar o sono em dia", relata.
Para a jovem, o mais difícil sem dúvida foi a nível psicológico, a sensação de invalidez não se adequava ao seu estilo deveras activo. "Ficar um mês sem dar aulas foi o que mais me custou, até para conduzir estava limitada".
Passado três semanas, aos poucos está recuperar a sua rotina, apesar de ainda sentir algum desconforto. "Agora já aguento melhor estas dores, já não são nada agressivas e já consigo me pôr de lado para dormir".
Cconfessando que o resultado não poderia ter sido melhor, adianta no entanto que ficou assustada quando se olhou pela primeira vez ao espelho. "A minha reacção foi: o médico enganou-se!!! Tinha o peito muito inchado, não estava nada habituada. Com o tempo foi perdendo volume e agora não podia estar mais feliz. Passaram-me um certificado de garantia das próteses, acho que vou emoldurar", diz entre risos, acrescentando: "Não o fiz porque alguém me disse que ficava bem ou por simples capricho, fi-lo por opção própria, quando se quer, tudo se consegue, no fundo isto é uma cirurgia estética, quando vai ficar algo diferente no nosso corpo temos de estar realmente convictos e certos daquilo que desejamos", conclui.

Falta de fiscalização eficaz
"Tudo está bem quando acaba bem", pode-se aplicar ao caso de Zaina, como na maioria das cirurgias estéticas que se praticam em Portugal. Mas há sempre uma excepção e infelizmente algumas operações mal feitas terminaram da pior forma: a morte do paciente. Há bem pouco tempo, uma mulher de 24 anos foi sujeita a uma liposaspiração na zona da cintura. Os sucessivos vómitos e mau estar após o tratamento levaram a que se queixasse ao médico, o qual lhe receitou anti-inflamatórios, antibióticos e analgésicos. As dores continuaram e a 15 de Janeiro de 2008, Fátima Santos, moradora em Olhão, foi encontrada morta no chão da casa de banho da sua casa, pelo marido. Resultado da autopsia: Tromboembolismo pulmonar, uma das complicações mais frequentes nas cirurgias.

"Tanto quanto sei não há uma legislação muito lógica sobre a cirurgia de ambulatório, e estas não devem ser feitas em consultórios mas infelizmente há quem as faça. Claro que é um negócio, como o jornalismo no seu caso também o é, presta um serviço que é o de informar, mas recebe por esse trabalho. Mas antes de ser muito rentável, é um trabalho que mexe com as vida das pessoas, por isso acima de tudo há que ser profissionalmente correcto", elucida o médico João Anacleto, que vai mais longe. "Há duas situações onde não existe ética nenhuma. A primeira está relacionada com a poupança de dinheiro. Muitas vezes, opero por exemplo, no hospital CUF de Cascais, e os doentes têm de pagar o aluguer da sala, os medicamentos, etc...isso é caro, mas sabem que reúne as condições todas, para que caso acha complicações, a unidade está preparada para as combater. Se conseguem fazer isso na garagem da sua casa é obvio que é mais barato, mas totalmente errado. Por outro lado, para realizar uma cirurgia em alguns sítios tem de se apresentar ao director clínico as credenciais e estas tem de ser válidas no país onde estão. Não consigo operar no Hospital da Luz se não mostrar o meu currículo, o meu cartão da Ordem dos Médicos e da Sociedade de Cirurgia Plástica. É lógico se se deixa operar qualquer um que tenha tirado o curso num fim de semana, as coisas não podem correr bem. Tem de haver legislação".
A Sociedade Portuguesa de Cirurgia Pl‡stica Reconstrutiva e Estética tem vindo a alertar para o facto de existirem em Portugal algumas clínicas não habilitadas a realizar estes tipo de cirurgia, já que este negócio tentador está a provocar um aumento de profissionais, que apesar de não estarem qualificados, executam à mesma.

Em declarações a um jornal diário, Vítor Santos Fernandes, presidente do colégio da especialidade de Cirurgia Plástica, Reconstrutiva e Estética da Ordem dos Médicos (OM), explicou que embora seja eticamente reprovável que um médico execute uma intervenção para a qual não está tecnicamente preparado a Ordem não o proíbe tal como a lei.
Neste sentido, o facto de não haver fiscalização eficaz e o comportamento de muitos médicos não ser o mais ético, há que ser o paciente a tomar os cuidados necessários para não cair literalmente nas mãos erradas.


In: Mulher Moderna na Edição 1001