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terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Dê as boas as vindas à mudança




“Não quero amar pela metade, não quero viver de mentiras, não quero voar com os pés no chão... Quero poder ser eu mesmo, mas com certeza, que não serei o mesmo para sempre...", as bonitas palavras de um dos maiores poetas portugueses, Ary dos Santos, são um estímulo quando pensamos em abandonar, de vez, o chamado “medo da mudança”.

Quantas de nós já atingiu um ponto sem retorno, em que as sílabas da palavra ”mudar” tocam, vezes sem conta, à nossa campanhia, mas recusamo-nos a descer as escadas e abrir-lhe a porta...Não nos sentimos bem ou naquele sitio, com algumas pessoas, com exageradas regras e com certas condutas... e de um momento para outro, pouco a pouco, deixa de fazer sentido estar naquele lugar, ou com aquele alguém, ou com determinados sentimentos...

O medo de alterar, falhar, de concretizar é maior do que a vontade de avançar, que nos visita todos os dias com uma simples, mas dura verdade. “Chegou a hora de tomar uma decisão”. Três mulheres, três exemplos... que tiveram a “ousadia” de receber gentilmente em suas casas a mudança mostram que está na hora de tomar o destino nas mãos e também convidar a coragem para a sua vida! Quem está mal mudou-se! Ouvimos diariamente no nosso quotidiano, por isso do que estamos à espera para subir a nossa taxa de felicidade!

Au revoir ao “excessivamente” trabalho

8h00... O telefone toca mas não há vontade de atender. Trimm....Trimm... A insistência daquele barulho faz a ceder. Após os primeiros minutos de conversa, dá-se conta que tem mais um problema para resolver. Há um segundo no meio daquela chamada onde a mente pensa apenas numa pergunta: “O que é que estou a fazer com a minha vida?” Desde o momento em que desliga, apenas toma um banho rápido, tirar a primeira coisa que lhe aparece no guarda-roupa e "voa" até ao trabalho.

Cinco minutos depois de estar no escritório, descobre que ao primeiro inconveniente da manhã junta-se mais dois ou três para solucionar. Olha para a sua equipa e percebe: "eles não sabem o que estão a fazer". Começa a trabalhar rapidamente, da melhor maneira possível, mas a satisfação tarda a chegar. A hora do almoço é uma ilusão. As gargalhadas e boa disposição dos colegas na copa, enquanto saboreiam cada garfada é uma cenário irreconhecível no seu quotidiano. Não há tempo... No período da tarde o telemóvel da empresa não pára de tocar, enquanto que o pessoal nem vibra com uma mensagem. "Os amigos já nem me ligam porque sabem que esqueço-me de responder aos convites". Tempo! não há tempo, o tempo escasseia.

20h00... o único barulho que se ouve é o teclado do computador. O corpo cede está na hora de ir para casa, apesar da cabeça querer ficar mais um pouco, "todos os segundos são sagrados", pensa. Já no doce lar, o frigorífico está muito longe para que se possa percorrer uma pequena distância e buscar qualquer coisa para “tricar”. Deitada no sofá, o sono chega não sem antes pensar: "O que é que estou a fazer com a minha vida? Enquanto um pintor busca pela a perfeição da sua tela, Beatriz anseia necessariamente pela perfeição profissional, onde o excessivamente anda lado a lado com a vontade de querer abrandar: Excessivamente motivada, viciada em trabalho, empreendedora, funcionária incansável, super-mulher, esta mulher de 31 anos é o exemplo real do desejo, da atitude, da procura pelo inatingível.

Uma perfeccionista sobrecarregada de trabalho, que se recusa a delegar tarefas já que ninguém consegue fazer as coisas de uma forma que a satisfaça. "Sempre fui assim, em todos os empregos por onde passei. Não admito sequer que posso falhar, porque sou forte, eu consigo". Produtora de eventos e espectáculos há cerca de 6 anos, Beatriz deixou de ter a vida social que sempre adorou, de ler um livro ao final da tarde, de ir ao cinema numa bela tarde de domingo, em prol de uma carreira onde não há espaço para derrotas.

"Não tenho energias para os meus amigos, só de pensar em sair de casa agonia-me". Há cerca de três meses, o alarme deixou o último aviso: “dei por mim a trabalhar doente em casa com 38 graus, sem nada na despesa para comer. Foi o caos".

Algo tinha de mudar... E o primeiro passo era “dar ouvidos” à palavra que só de pronunciar a assustava-a: mudança. Escutando a voz quase esquecida na cabeça, a empresária nem pensou duas vezes, “porque se assim o fizesse tinha ficado na mesma”. Embarcou para a Polónia para visitar alguns familiares, acabando por tirar umas férias que andavam já prometidas há quatro anos. “Aproveitei esse tempo para recarregar baterias e reflectir... sei que a mudança começou ali ...

Ao regressar a Lisboa, Beatriz continuou a desformatar a velha e doente rotina, fazendo o delete dode vários “vírus doentios”. “Diminui a carga horário, em cada semana tenho um dia reservado para mim, para aquilo que gosto de fazer e outro para estar com os amigos. O mais importante é que comecei a delegar mais funções à minha equipa. Como dizia Fernando Pessoa agora “não me esqueço de que a minha vida é a maior empresa do mundo e posso evitar que ela vá à falência... Tive coragem!”.



Um fogo que foi apagado para sempre!

O que faz com que um Homem corra para dentro de um edifício em chamas quando todos os outros de lá fogem? O que faz um bombeiro deixar a sua família todas as manhãs e arriscar a sua vida para resgatar estranhos? Todas estas perguntas perdem o sentido quando o amor à profissão é mais forte. Impulsionados pelo um sonho, uma vontade ou simplesmente pela coragem, muitos jovens optam por aprender gestos que salvam vidas. E isso era o que Rita mais desejava... vencer o fogo! Quis o destino que o pai fosse contra a sua vocação. “Desejava que seguisse os seus passos na advogacia... Dizia-me muitas vezes: ‘era o que faltava uma bombeira na família, és mulher não podes”.

Naquela altura, o quarto da adolescente estava repleto de posters alucidativos ao filme “Mar de Chamas”, em que se distinguia um capacete (dado por um “soldado da paz numa visita de estudo a uma corporação) que a jovem tinha orgulhosamente colocado em frente à cama, para que todos os dias ao abrir os olhos fosse a primeira coisa a ver.
Quando o pai da jovem destemida apercebeu-se que o interesse da sua menina mais nova por montar lances e subir as escadas de ganso estava deixar de ser um capricho de criança, resolveu intervir com a persuassão excessiva que lhe era característica.

“Comuniquei-lhe que gostaria de entrar para a academia de cadetes... Ficou branco, mas como sempre tentou não mostrar parte de fraco. Reuniu todos os elementos “sujos” para que desistisse, como levar-me a conhecer irmãos, pai e filhos daquelas que tinham perdido em incêndios. Fui fraca e resolvi ser a menina bonita do papa.”

Durante três anos, Rita acomodou-se por entre livros de direito e código civil, deixando de ser a rapariga extrovertida ciente do que queria, para uma mulher adversa à mudança. “Pensava muitas vezes, agora já nao vale a pena, tomei aquela decisão vou levá-la até ao fim”. Ao cansaço dos exames aliou-se a depressão... e todas as noites antes de se deitar a futura advogada arrependia-se da decisão tomada! Mas não havia como voltar atrás...

Até que dois anos antes de acabar o “tão detestável curso”, uma frase de um professor fê-la acordar: “Todas as profissões só são bem desempenhadas quando se gosta realmente delas. Quando estiverem em tribunal e, caso não acreditarem no que estão a fazer o vosso cliente será a principal vítima das vossas más escolhas”. “Nem mais” pensou Rita... No mesmo dia “alistou-se” sem pensar nas consequências que puderiam vir desse acto.

Hoje, apesar de o pai ter deixado de lhe falar durante dois anos, Rita já nota alguma cedência da sua parte. “Quando lhe contei informou-me que nunca me iria ajudar em nada, actualmente já me telefona para saber como estou”. “Alegando que há sempre uma luz ao fim do túnel, há é que sabe procurá-la”, orgulha-se de já ter ajudado num incêndio de escala menor, mas tem a certeza que as chamas maiores do seu “eu” já foram “apagadas” para sempre: o medo de mudar é agora cinzas!





Uma força da natureza

Desde míudos que se conheciam... Aliás eram vizinhos porta à porta! Quando os pais de Pedro saiam para o emprego, o menino saltava de imediato da janela, tudo em nome de Ana, a menina mais bonita do bairro e sua melhor amiga. Quando a fábrica apitava, dando por terminado mais um dia de trabalho, a jovem tratava de empurrá-lo com uma vassoura para dentro de casa, já que Pedro queria sempre ficar mais um bocadinho! Da cumplicidade nasceu o amor e aos 20 anos resolveram casar, nada que espantasse os mais chegados já que estava escrito no destino de cada um.

Chegou a guerra colonial e o jovem, como tantos, teve de partir, o Ultramar convocava-o para uma guerra que não era a sua. Ana esperou pelo amado tal como uma donzela espera pelo seu príncipe. Mas na vez do “cavaleiro andante” regressou um homem que agora a empregada de escritório desconhecia. “Vinha completamente diferente, os trabalhos que arranjava despediam-no sempre, ficava fora até altas horas da manhã, já não havia bondade dentro ele”.

Nem mesmo com a chegada da pequena Matilde as coisas mudaram. “Quando a filha nasceu tiveram que o acordar pois estava de ressaca. A droga tomou conta dele”. Um ano e meio foi o tempo que a mãe da bebé aguentou. “Por mais que o amasse não ia dar uma vida de horror à minha filha. Por ela e por mim deixei-o sem olhar para trás”. O caso de Ana é diferente de muitas mulheres, que aguentam anos infindavéis ao lado de alguem que não lhe traz felecidade. “Não tive medo de mudar, apesar de ter sido muito dificil criar a Matilde sozinha, sem ajuda de ninguém. Deixei muitas vezes de comer para lhe dar a ela. Mas voltava a fazer tudo igual. A minha filha é a minha razão de viver".

Hoje as duas mulheres vivem numa casa humilde, mas onde reina o amor. A rapariga hoje com 27 anos é uma escritora conceituada e até já tem argumento para o próximo livro. Ana: uma força da natureza!”.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Criancinhas - by Miguel Carvalho



Um retrato fiel, nu e cru... Escrito por Miguel Carvalho na Revista Visão... que ao menos ajude certos pais a "wake up to reality"!

Criancinhas

A criancinha quer Playstation. A gente dá.

A criancinha quer estrangular o gato. A gente deixa.

A criancinha berra porque não quer comer a sopa. A gente elimina-a da ementa e acaba tudo em festim de chocolate.

A criancinha quer bife e batatas fritas. Hambúrgueres muitos. Pizzas, umas tantas. Coca-Colas, às litradas. A gente olha para o lado e ela incha.

A criancinha quer camisola adidas e ténis nike. A gente dá porque a criancinha tem tanto direito como os colegas da escola e é perigoso ser diferente.

A criancinha quer ficar a ver televisão até tarde. A gente senta-a ao nosso lado no sofá e passa-lhe o comando.

A criancinha desata num berreiro no restaurante. A gente faz de conta e o berreiro continua.

Entretanto, a criancinha cresce. Faz-se projecto de homem ou mulher.
Desperta.

É então que a criancinha, já mais crescida, começa a pedir mesada, semanada, diária. E gasta metade do orçamento familiar em saídas, roupa da moda, jantares e bares.

A criancinha já estuda. Às vezes passa de ano, outras nem por isso. Mas não se pode pressioná-la porque ela já tem uma vida stressante, de convívio em convívio e de noitada em noitada.

A criancinha cresce a ver Morangos com Açúcar, cheia de pinta e tal, e torna-se mais exigente com os papás. Agora, já não lhe basta que eles estejam por perto. Convém que se comece a chegar à frente na mota, no popó e numas férias à maneira.

A criancinha, entregue aos seus desejos e sem referências, inicia o processo de independência meramente informal. A rebeldia é de trazer por casa. Responde torto aos papás, põe a avó em sentido, suja e não lava, come e não limpa, desarruma e não arruma, as tarefas domésticas são «uma seca».

Um dia, na escola, o professor dá-lhe um berro, tenta em cinco minutos pôr nos eixos a criancinha que os papás abandonaram à sua sorte, mimo e umbiguismo.

A criancinha, já crescidinha, fica traumatizada. Sente-se vítima de violência verbal e etc e tal.

Em casa, faz queixinhas, lamenta-se, chora. Os papás, arrepiados com a violência sobre as criancinhas de que a televisão fala e na dúvida entre a conta de um eventual psiquiatra e o derreter do ordenado em folias de hipermercado, correm para a escola e espetam duas bofetadas bem dadas no professor «que não tem nada que se armar em paizinho, pois quem sabe do meu filho sou eu».

A criancinha cresce. Cresce e cresce. Aos 30 anos, ainda será criancinha, continuará a viver na casa dos papás, a levar a gorda fatia do salário deles. Provavelmente, não terá um emprego. «Mas ao menos não anda para aí a fazer porcarias».

Não é este um fiel retrato da realidade dos bairros sociais, das escolas em zonas problemáticas, das famílias no fio da navalha?

Pois não, bem sei. Estou apenas a antecipar-me. Um dia destes, vão ser os paizinhos a ir parar ao hospital com um pontapé e um murro das criancinhas no olho esquerdo. E então teremos muitos congressos e debates para nos entretermos.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Brava uma prisão de portas abertas



Uma reportagem que me deu imenso gozo fazer, não só pelo facto de ter conhecido uma ilha lindíssima, mas também pela temática em si. Os repatriados. De quem é a culpa pela falta de integração na sociedade?

Nha Terra Nha Cretcheu - Amanhã, quarta-feira, dia 2 de Dezembro
RTP Afica - 22h15 (Portugal)
- 21h15 (Cabo Verde)

TCV - Sexta-feira - 21h15

O caminho é longo. Voa-se pelos céus, aterra-se sob o olhar atento do Vulcão, atravessa-se mares que por vezes vivem em conflito, para só depois se entrar noutra dimensão. A visão quer assimilar tudo…. Chega-se finalmente. Vários sentimentos são trazidos na pouca bagagem. Diversas emoções que carregam no coração. Poucas memórias tem-se daquele lugar, ou aquelas que ficaram perderam-se nas teias da emigração.


Regressar a um país onde a única ligação são os familiares distantes e um bilhete de identidade com a indicação: local de nascimento Cabo Verde. Retornar a uma ilha onde não há raízes, não há afecto, não há nada. Essa será a palavra mais acertada… nada.

Deixa-se uma América moderna, abandona-se forçosamente uma terra em que o dia de hoje é bem diferente do o de ontem. Recomeça-se uma nova vida numa ilha perdida no século XX, em que os dias do presente irão ser iguais ao do futuro. A ilha da Brava está assim…


Os repatriados. Aqueles que por um crime cometido noutro país são obrigados a regressar ao seu pais natal e a permanecer por um tempo determinado. Três, cinco, dez anos ou então para sempre. Porque quando é altura para regressar já não há mais forças.

Na Brava, a mais isolada das nove ilhas habitadas de Cabo Verde, 90 por cento dos que são mandados de volta provem dos Estados Unidos. Até porque desde o século XVIII que a emigração daquela ilha é quase toda para aquele país. Naquela altura, a pesca da Baleia era o motivo principal. Desde então, é sentar nnum dos sobrados da Vila de Nova Sintra e vê-los a partir.

Enquanto crianças, deixam a sua terra natal com os seus pais em busca do sonho americano. Mas basta um pequeno delito para serem deportados para um local que não conhecem nem lembram-se de conhecer.

Três histórias. Três exemplos de luta pela sobrevivência diária, sem perder a cabeça. O objectivo é viver sem pensar no amanhã, sem relembrar the old good days em Bóston ou Massuchetts ou noutro qualquer estado americano, e sem se debaterem consigo próprios que só estão bem aonde não estão e que só querem ir aonde não vão…

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Confissões de uma Vítima de Violência Doméstica

Hoje, dia 25 de Novembro, Dia internacional de Combate à Violência contra as mulheres.

Escolher a denuncia como arma. Saltar para a liberdade através da denuncia e não através de uma qualquer janela de um prédio. Escolha a vida como libertação e não a morte como fuga.


Sou um corpo que deambula ao acaso,
Que vive com medo todo o dia.
Amostra de ser mal amado
Sem conhecer felicidade e alegria.

Uma mulher constantemente criticada
Que chora apenas escondida,
Consciente que não vale nada,
E a imagem totalmente denegrida.

Escondo os hematomas como sei.
Habituei-me há muito a mentir...
Vivo uma vida como nunca pensei,
Com a maior parte do tempo a fingir.

Esta mão, assim queimada, e a doer,
É porque sou tão distraída...
Meti-a numa panela a ferver
E fiquei tão arrependida.

Tapo as nódoas negras com roupa
De Inverno, mesmo no Verão.
Apenas porque sou meia louca
Passo a vida a cair ao chão.

A boca, assim cortada,
Foi apenas porque sorri...
Não sei estar calada...
Apanhei porque mereci.

Quando parti o braço direito,
Foi porque me maquilhei nesse dia.
Mas afinal, foi bem feito,
Porque parecia uma vadia.

O meu corpo está tão cansado
Não aprendo a me comportar
Para viver bem com meu amado,
Que tudo faz por me amar.

Farta dos meus erros e maldade
Subo até ao vigésimo andar!
Salto, enfim, para a liberdade,
E já sou feliz... a voar!



Escrito por Vera Sousa Silva

Mi casa es su casa - Reportagem no Nha Terra Nha Cretcheu


A gastronomia é o nosso bilhete de identidade cultural. Paladar… Cheiro… Cor… Variedade… O estômago agradece e o coração fica feliz. Saber comer ou comer bem… É sempre a questão… Mas o mais importante é desfrutar de uma boa refeição.

Os temperos vindos de terras lusas, os condimentos aromáticos da Columbia, os fortes cheiros do Senegal, a rica culinária cabo verdiana.

A variedade dos sabores culturais já chegou a terras crioulas…

A troca do conhecimento gastronómico no mesmo espaço, na mesma casa, no mesmo lar. A química do amor multicultural na cozinha!


Reportagem hoje no Nha Terra Nha Cretcheu - RTP Africa - 22h15, hora de Portugal.
TCV - Sexta-feira, depois da novela

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Limpeza na luta contra Dengue... E depois como será?

Cabo Verde está em estado de Alerta! A dengue, aquela epidemia que tanto se houve falar no Brasil, chegou a Cabo Verde mas com a promessa de que veio para ficar.

Perante os inumeros casos que têm surgido, mais de cem por dia, o Primeiro Ministro, José Maria Neves, resolveu decretar o dia de hoje, 6 de Novembro, como Feriado Nacional, para que se procedesse a uma limpeza geral da capital caboverdiana, acabando com os focos, onde há maior prevalência do mosquito.

É de louvar a união do povo caboverdiano nesta luta. Hoje a meio da manhã cheguei da Ilha do Fogo, onde também aqui as pessoas tinham se juntado em prol de uma causa, e reparei que desde o caminho do aeroporto até à Achada de Santo António, muitos caboverdianos e não só, tinham respondido ao apelo de eliminar os residuos que podem servir de propagação do mosquito.

É de louvar sim... mas é de se esperar que esta limpeza continue. Ainda bem que se está a fazer algo, mas tudo seria melhor se esta ideia tivesse sido dada antes do estado de alerta.

Desde o primeiro dia que cheguei à Praia, a 4 de Outubro de 2009, que fiquei chocada com a quantidade de lixo, sujidade, residuos, que as ruas da capital comporta. E ao fim de um ano posso dizer que o quadro é o mesmo.

Porquê é que no Fogo, Brava, Sal (ilhas que já visitei) as ruas estão limpas? Será que é da mentalidade dos badios? Ou então porque culpa das autoridades locais que não se esforçam o suficiente para minimizar este drama?

Gostava sinceramente que houvesse uma mudança de comportamento, mas também adoraria que em cada localidade da Praia, houvesse mais caixotes do lixo. Porquê senão há opções é obvio que as pessoas vão continuar a colocar os seus residuos na rua à espera que passe o camião da recolha, que por vezes também falha...

Agora tenho receio... que a Dengue passe e que tudo volte ao mesmo. Sacos do lixo a "voarem" de dentro das casa para as ruas, as praias poluidas, os escassos caixotes lotados em que como não há espaço coloca-se no chão. O cheiro.. o mau estar...


O melhor é esperar para ver... e acreditar. Mas antes de mais, e muito importante que tudo é que esta epidemia faça as suas malas para nunca mais voltar!!!

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Um ano dja passa...

Um ano em ilhas crioulas... Meu deus como o tempo voa.

Tantas emoções vividas, experiências que guardo religiosamente, num país que já faz parte de mim... por dezenas de razões.

Do balanço apenas uma coisa: O bom supera o mau!!! apesar das saudades, de muitas vezes desesperar: "Quero Regressar"... dou por mim a pensar no clima... no imenso mar, ali bem pertinho de casa, que chama por mim... o tempo e o espaço que gritam comigo "aqui e agora é o teu lugar", o amor que fala mais alto, o trabalho que é gratificante, a alma, as tradições,os costumes, o que se aprende todos os dias, a toda a hora, mesmo que não seja da melhor maneira. As desilusões que nos tornam mais fortes, a descoberta de novos amigos, que nos dizem "dá-nos o melhor de ti", sem haver cobranças....

Cresci em Cabo Verde...

Aqui sou feliz! E porquê? Os que estão cá sabem, os que me conhecem verdadeiramente imaginam, os que estão longe... Venham até cá e assim descobrirão!

Que bem se está em Cabo Verde! Quando um dia esse sentimento passar, é hora de regressar a casa ou conhecer outras paragens :)






segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Adeus Manuel D´Novas



Quando ouvi pela primeira vez,"Nos Morna", pela voz celébre de Ildo Lobo, mas pensada por Manuel D´Novas, foi como uma comunhão de sentimentos novos, uma sensação de felicidade...é isso mesmo o que esta letra dá.

Tal como "Lamento d´um imigrante... outra sonoridade que nos arrasa a alma perante a força da sua letra...

Morreu um grande senhor que sabia brincar com as palavras que as conjugava numa perfeita harmonia...

Há muito a dizer sobre este homem de Santo Antão mas que foi "adoptado" por S. Vicente. Eu só me posso referir às suas músicas. E que belas que elas são!!!!

Foto retirada do site do Semana Online

Portugal e a bicharada

O problema é que mais do que nunca Portugal está entregue à bicharada. Literalmente... Com os deputados do CDS, Sócrates consegue maioria no Parlamento, mas para isso claro terá que se aliar ao "vira-casacas" do Dr. Paulo Portas, que certamente irá "delirar" com a oferta socialista de alguns ministérios. O momento que Portas desejou nos últimos tempos... voltar a fazer parte de um Governo...

Esquerda e extrema direita (sim porque não me venham com coisas que o CDS/PP não é de extremos, começando pelo seu líder) juntos? Valha-nos todos os santos.

Aos que estão lá Boa Sorte, aos portugueses espalhados pelo mundo aguentem-se mais uns quatro anos fora, porque de certeza que qualquer lugar é bem melhor para viver do que o nosso Portugal socrático com uma pitada de direita ferrenha à mistura.

Lá começam novamente as dores de cabeça de Cavaco Silva!!!

Aguarda-se por novos episódios...

E o vencedor é… José Sócrates sem maioria

José Sócrates e o PS ganham a continuação no Governo, mas perdem a maioria absoluta. Após a noite onde se decidiu quem irá comandar os destinos de Portugal, uma pergunta impera… Com quem o Partido Socialista irá fazer coligação?


Às 19h00 de Portugal, 17h00 em Cabo Verde, as primeiras projecções eram dadas. A abstenção situava-se entre os 38% a 43%, um valor acima do indicado nas últimas legislativas. (Em 2005, 35,7%).
As primeiras reacções. Da parte do PS, “alguma prudência” aos dados, já o PSD referiu que a abstenção era “demasiado preocupante”.
Estava-se no arranque dos motores. As expectativas eram muitas. E o nervosismo era sentido na cara dos diversos apoiantes de cada partido.

A dezoito minutos de se saber quem seria o mais provável vencedor, Luís Marques Guedes, do PSD, veio lamentar a elevada taxa de abstenção. Seguindo-se o CDS.
Depois de 15 dias de campanha, de frente a frente, de debates, de troca de acusações, e visitas a feiras e mercados, as projecções dão vitória ao PS e a José Sócrates, (primeira projecção 40 a 36%), mas… sem maioria absoluta.

Partidos da oposição congratulam-se com perda de maioria do PS. O partido socialista foi o primeiro a manifestar-se. Vieira da Silva, director de campanha de Sócrates, salientou que “o povo foi chamado a escolher, e escolheu”, defendendo que o PS “obteve uma clara vitória”. “Alcançamo-la em condições muito difíceis, depois de termos sido abalado pela pior crise económica mundial, depois de termos um resultado negativo nas últimas eleições europeias, podemos dizer que hoje o PS deverá estar satisfeito com os resultados obtidos”.
Vieira Silva foi mais longe e clarificou que foi “uma vitória sobre o pessimismo, um factor esperança de que somos capazes de recuperar e colocar Portugal na rota do crescimento e a coesão social”.

Da sede dos sociais-democratas, reinava o silêncio e algum desconforto perante os resultados…

O Bloco de Esquerda (BE) foi o segundo a comentar pela voz de Luís Fazenda. “Derrotámos o PS, pois não teve maioria absoluta. Estas projecções trazem como resultado político o reforço do BE e o seu crescimento. Estamos orgulhoso por ter contribuído para a derrota da direita e tirar a maioria absoluta ao PS, e à sua arrogância”, referiu.

Também a primeira reacção do CDS/PP e da CDU era unânime: a congratulação pela retirada da maioria absoluta ao partido dos rosas.
Um facto que se destaca destas eleições é que há muito que as duas maiores forças politicas (PS e PSD) não somavam tão pouco, tanto a nível de percentagem como no que diz respeito ao número de deputados.

Às 21h00 da noite, o duelo era agora travado entre o CDS/PP e o Bloco de Esquerda e a disputa renhida pelo terceiro lugar.

Manuel Alegre, o deputado do PS que nas presidenciais concoreu contra Mário Soares, perde o seu lugar no Parlamento, mas não deixou de salientar que a maioria relativa “obriga a um maior diálogo político e institucional, a um esforço para ouvir e dialogar com os outros partidos", mas defendendo “não haver condições para uma coligação, nem à esquerda nem à direita”.

Futuro de Ferreira Leite decidido depois das autárquicas
Um dos discursos mais aguardados da noite. Acompanhada por Aguiar Branco, Manuela Ferreira Leite fez a sua declaração após a derrota: “Quero cumprimentar os vencedores, nesse sentido já telefonei ao Eng. José Sócrates”. Na bancada Rui Rio, presidente da Câmara do Porto, Fernando Negrão, Leonor Beleza, eram alguns dos sociais-democratas que ouviam o discurso da líder do PSD.

“Ao longo de toda esta campanha eleitoral fizemos aquilo que em consciência achamos que deveria ser feito. O PSD não se calara nem se deixará intimidar no exercício dos seus direitos democráticos. Não abdicamos do princípio que nunca nos afastaremos, continuaremos o combate político guiamo-nos pelos princípios firmados e que mantemos… os resultados não foram esperados e isso assumo inteira responsabilidade”.
Manuela Ferreira Leite acrescentou ainda que o PSD agora tem de estar mobilizado para as eleições autárquicas. “Amanhã começa uma outra campanha eleitoral, o PSD tem de se concentrar nessas importantes eleições, que têm uma grande importância na vida da população, após essa data, convocarei o congresso para analisar todos estes factos”.

Muito cuidadosa no discurso de oposição, Manuel Ferreira Leite não fechou a porta, a dar “o seu voto” pontualmente, a assuntos cruciais como por exemplo o orçamento.
Após a líder do PSD sair de palco, foi visível nas televisões portuguesas, ouvir algumas opiniões que defendem, entre linhas, a sua saída. Como o caso do Presidente da Câmara de Gaia e ex-líder do PSD, Luís Filipe Menezes.

Já o secretário geral da CDU, Jerónimo de Sousa referiu que a perda da maioria absoluta constitui a maior na vitória e uma viragem nacional, enquanto que Francisco Louçã, líder do Bloco de Esquerda, ressalvou que o BE teve um resultado extraordinário ao subir para mais de 200 mil votos e eleger 16 deputados.
“O PS aclama vitória hoje, mas Maria de Lurdes Rodrigues (Ministra da Educação) perdeu o seu lugar, dou os parabéns aos professores”, salientou Louçã.

Sócrates e Portas… Possível União?
“Meus caros amigos o Partido Socialista teve esta noite uma vitoria extraordinária eleitoral, o povo falou e falou bem claro, o PS foi de novo escolhido para governar Portugal, sem nenhuma ambiguidade tudo faremos para honrar e estar altura dessa confiança”, foi desta maneira que o vencedor da noite começou o seu discurso. Clarificando que o PS pode estar orgulhoso de ter feito uma boa campanha, positiva e justa, fazendo assim uma critica indirecta a Manuela Ferreira Leite, José Sócrates afirmou que “o povo português valorizou essa atitude, pois o PS não se candidatou para combater ninguém, mas sim servir Portugal e os portugueses”.

Quanta a possíveis coligações, o Primeiro-ministro respondeu de uma só forma:
“Devemos observar todos os procedimentos institucionais, esperar a Indigitação Presidencial, depois irei fazer consulta com todos os partidos com assentos parlamentares. Esta legislatura merece estabilidade, é cedo para responder a essa pergunta se irei governar sozinho”.

Mal Sócrates acabou o discurso, o líder o CDS/PP, Paulo Portas iniciava o seu. Conseguindo atingir os 10% que há muito tempo desejava, sendo agora a terceira força política e parlamentar, Portas não conseguia deixar de sorrir. “O povo tirou a maioria absoluta a José Sócrates, o PS desceu cerca de 45 para 36%, perdeu mais de meio milhão de votos. O país recusou a arrogância e prepotência duma maioria transformada em poder absoluto, acrescentando que a forma de governar Portugal terá que mudar radicalmente e que “deputado a deputado, voto a voto, provou-se que o voto do CDS não é útil mas sim utilíssimo”.

Com 22 deputados eleitos, o CDS entrou para a história elegendo pela primeira vez um deputado no círculo da Madeira, mas também, em círculos mais fechados como, Coimbra e Faro. Portas agradeceu ainda aos jovens que em muitos concelhos deram ao CDS mais de 20 por cento, mas também, às deputadas eleitas pela sua inteligência nata e competência já provada.

Acaba mais uma noite de eleições. A 11 de Outubro há novamente mais uma meta a ser atingida por cada partido. Resta saber se até lá saberemos se haverá coligação entre socialistas e democratas cristão ou entre as esquerdas ou se Sócrates irá se aventurar numa governação sozinha sem ajudas de ninguém.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

domingo, 16 de agosto de 2009

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Primeiras impressões mais o casamento da Mel e do Edgas


Cá estou... Ao fim de sete meses a desesperar por um belo sushi, uma cinemada daquelas com muitas mas acreditem muitas pipocas à mistura, o zapping com dezenas de canais bem ali à minha mercê... Cá estou em terras lusas.

Estamos em Agosto, mas a 2 circular continua cheia de carros em hora de ponta. O IC 19 um pandemónio. Efeitos da tal crise que tem acabado com o humor dos portugueses. Nao há money para as férias nem no sítio do costume: o algarve. Esse ao que parece está minado da classe média alta e alta, uma preciosidade já de longos anos.

Um amigo meu definiu a crise assim: "Os pobres estão cada vez mais pobres, os ricos cada vez mais ricos. É um karma do caraças!"

No entanto uma coisa que me espantou desde que cheguei é que já vi mais de 10 anúncios a proclamar: PRECISA-SE DE EMPREGADA/0

Cafés, restaurante, lojas... Ao entrar em vários lojas do Colombo (sim não resisti, o meu lado consumismo, o meu lado de mulher que adora lojas e mais lojas) reparei que os funcionários não falam o mesmo português que eu... Em vez de um "Boa tarde, precisa de ajuda" oiço "Oi, tudo bem, quer alguma coisa"... Os brasileiros estão por todo o lado naquele centro.

E sabem que mais... É bem feita para aqueles "portugas" que armados em intelectuais com cursos superiores, em época de crise, recusam-se a trabalhar em centros comerciais por acharem que "não é bom para a imagem". E depois queixam-se que isto está mal!!! Claro que está... as pessoas não querem trabalhar, querem sim de repente continuar com a mesma vidinha que tinham, com o mesmo status, com a mesma conta bancária. Wake up to reality!

Em épocas de grande aperto, onde a vida não está mesmo fácil há que agarrar as oportunidades que surgem. É obvio e não se precisa de ser um génio para se saber que uma pessoa não anda a estudar 4 a 5 anos para depois acabar atrás de um balcão. Mas enquanto não se encontrar melhor há que fazer sacrifícios para pagar o carro que tanto gostamos, ou para levarmos a namorado/a ao cinema, ou para irmos até albufeira só marcar presença e propagar aos sete ventos que tivemos lá.

Entretanto, dizem as más linguas que a gripe suina está a provocar tanto pânico, que basta uma pessoa espirrar pelo facto de o ar condicionado estar mais alto, para que toda a gente fique a olhar para ela a pensar: "Oh meu deus! Será que está infectada, será que lhe toquei, será? será? será?".


A par disso, lá ando a desfrutar dos meus primeiros dias na minha "santa terrinha". Tive a honra, no dia que cheguei, ir ao casamento de dois grandes amigos meus Melina e Edgar e ser a madrinha destes dois maravilhosos friends.
Tive também a honra de os juntar e fiquei muito contente que ao fim de um ano estejam felizes e com um baby a caminho.

Ainda dizem que as histórias de amor já não existem????

Viva os noivos!

Foto: Hugo Castanheira (o verdadeiro fotografo do casório lolol)

P.S Só faltava mesmo a completar o grupo a Natacha e a Mary Jon

terça-feira, 28 de julho de 2009

Um bom feeling para todos!!!!




Música de Sara Tavares que nos enche a alma de alegria mesmo naqueles dias onde a tristeza persiste em ficar!!!


Bom feeling...
Yeah, yeah, yeah...
Bom feeling...
Yeah, yeah, yeah...
Bom feeling...

Deixa a janela do sorriso aberta,
Coisa boa, boa,
Coisa desperta,
Canta caia, caia nos liberta
Caia, Caia
Deixa a janela do sorriso aberta,
Coisa boa, boa,
Coisa desperta,
Canta caia, caia nos liberta.

Dá-me um...
Bom feeling...
Bom feeling...
Yeah, yeah, Yeah
Bom feeling...
Bom feeling...
Yeah, yeah, Yeah

Deixa de complicação,
Deixa de confusão,
Liberta a alma dessa prisão,
Deixa-te guiar pelo coração.
Deixa de complicação
Deixa de confusão
Liberta a alma dessa prisão
Deixa-te guiar pelo coração.

Dá-me um...
Bom feeling...
Yeah, yeah, Yeah
Bom feeling...
Yeah, yeah, Yeah
Bom feeling...
Yeah, yeah, Yeah
Bom feeling...
Yeah, yeah, Yeah

- Esse coração assim desagasalhado, vais sair assim?
- O sorriso aonde é que está?
- 'Tás a pensar que vais aonde assim?
- Tens mesmo é que buscar, buscar, buscar, ir fundo, ri só, ri só!

Dá-me um bom feeling dentro de ti,
Que eu dou-te um bom feeling dentro de mim,
Bom feeling para voar,
Bom feeling para motivar!
Bom feeling dentro de ti,
Que eu dou-te um bom feeling dentro de mim,
Bom feeling para levar,
Bom feeling para nos fazer sorrir!

Bom feeling...
Bom feeling...
Bom feeling...
Bom feeling...
Bom feeling...
Bom feeling...
Bom feeling...

Bom feeling para cantar!
Bom feeling para curtir!
Bom feeling para dançar!
Bom feeling para nos fazer sorrir!

Bom feeling...

- Queres feeling, feeling, feeling?
- Bom feeling cor-de-rosa, amarelo, azul, branco, de todas as cores...
- Quantos é que queres? Rebuçados, doces?
- Olhem o meu bom feeling, olhem o meu bom feeling!

Bom feeling...
Bom feeling...
Bom feeling...
- Bom feeling é a cor do amor, é a cor da paz...
- É só abrir um sorriso, é só deixar passar.
- Fui, com o vento!

Hillary Clinton em Cabo Verde




Depois de visitar vários paises africanos, a secretária de Estado irá finalizar a sua "tour" em Cabo Verde, no próximo mês de Agosto.

O que se pode esperar desta visita, hein?

quinta-feira, 23 de julho de 2009

What a fuck is this?

"Chegou ao hospital com a garganta cortada e a enfermeira virou-se para ela agressivamente e disse 'já não vale a pena, não tens remédio', ou "estava na maternidade e ouvi uma grávida a combinar com o marido o que ele devia trazer para o hospital: "Traz papel higiénico que aqui não há", ou "Mamãs com os seus filhos nas encubadoras a vigiarem-nos, umas sentadas no chão, outras a afastar as baratas que andam descaradamente por todo o lado, e sem outra alternativa, a fazerem turnos entre elas, de modo a garantir de alguma forma o bem-estar dos seus bebés, até que que uma delas se apercebeu: uma das incubadoras estava desligada".

São alguns dos episódios que me foram contados ontem enquanto tomava o lanche da tarde. Escusado será dizer que toda aquelas histórias macabras deram-me voltas sem conta ao estômago.

Local do terror: Hospital Agostinho Neto, principal unidade hospitalar da capital de Cabo Verde, Praia.

Não me venham com as habituais legalengas que estes factos acontecem um pouco por todo o mundo, pois nenhuma mãe merece ser tratada como um animal, qualquer ser humano merece ser tratado com dignidade e qualquer bebé tem direito à VIDA.

Não há reportagem que consiga através da sua escrita descrever o que certas mulheres, homens, crianças, já passaram naquele hospital.

A escrita pode ser apelativa pode levar a que o leitor imagine por uns instantes o "inferno" que algumas pessoas tiveram que passar. Mas não vai fazer esquecer, vai sim alertar e colocar o dedo na ferida para aquilo que é camuflado por não ficar bem no retrato.


As histórias destas pessoas vão ser contadas. Isso garanto!
Fica aqui o primeiro alerta!

Ferro Gaita faz anos. Será the final countdown?



A música e eu sempre andamos lado a lado, talvez devido à minha paixão fulminante desde "pequenota" pela dança. Sons, sonoridades, ritmos, batidas, bytes, sei lá mais o quê! O Universo da música sempre funcionou como uma terapia relaxante para aqueles dias que só me apetece gritar com o mundo, ou então, como banda sonora para comemorar algo de extraordinário!

Por isso, quando cheguei a Cabo Verde, e "bati os ouvidos" com Ferro Gaita foi "melodia à primeira vista".

Hoje, passados 13 anos da formação do grupo, Ferro Gaita completa mais um aniversário!!!

Está de Parabens!!! É sempre uma festa ouvi-los!!!!

Porém, apesar de vibrar com as suas músicas é notório que há um cansaço perante a persisência em aparecer em tudo o que é festivais em Cabo Verde.

Há um cansaço da imagem que deveria ser preservada para que conseguissem se manter mais tempo na ribalta.

Mas segundo ouvi dizer, Ferro Gaita já viveu melhores dias. O baterista e o baixista já abandonaram a formção inicial e resta saber que rumo irá este grupo que tanto já deu a Cabo Verde?

Será que conseguirá se manter à tona, ou irá adormecer no fundo do mar à espera de um salvamento, e à medida que o tempo passe, irá se refugiar nos tão conhecidos Best Of, ou nos DVD que contam os melhores momentos do grupo.

Divergências há sempre. Mas também os tais egos que falam mais alto!!! E são poucos aqueles que se conseguem manter unidos por longas e longas décadas!

Será que os Ferro já iniciaram a sua contagem decrescente?

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Fomos à lua ou não? Eis a questão...


O maior feito da humanidade no século XX já conta com 40 anos... O "pequeno passo" de Neil Armstrong foi visto por 1,2 biliões de pessoas.


No entanto há quem diga que tudo não passa de uma fraude. Uma encenação teatral!
Por detrás de um grande acontecimento há sempre uma bela teoria da conspiração...

"Não é nova a teoria de que o primeiro passo do homem no satélite natural da Terra foi forjado num estúdio de cinema, sob a direcção do diretor Stanley Kubrick ("2001 -Uma Odisséia no Espaço").

Segundo os defensores dessa teoria, amplamente difundida em livros, documentários e na internet, a chegada do homem à Lua foi uma montagem orquestrada pelo então presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon.

O objetivo seria: em tempos de Guerra Fria, propagandear a supremacia americana frente à ainda existente União Soviética (URSS) na corrida espacial e, em segundo lugar, elevar o moral da nação, que estava em baixo após a traumática experiência no Vietnam.

O principal responsável pela lenda de que o homem nunca pisou na Lua é Bill Kays.

"We Never Went to the Moon" ("Nunca fomos à Lua", 1974) foi o livro que catapultou Kaysing como escritor e o elevou à categoria de "pai" da teoria da farsa lunar. Na obra, o engenheiro de formação reúne uma série de argumentos, todos usados até hoje pelos defensores da teoria.

O céu sem estrelas, as sombras convergentes que aparecem em algumas fotos, a bandeira tremulando num ambiente sem vento, a pegada perfeita da bota de Armstrong e a falta de uma cratera após a aterrissagem do módulo espacial são algumas das "anomalias" apontadas por Kaysing e repetidas por seus discípulos, entre eles Ralph Rene".

Fonte: EFE

Meninos de ouro e de prata

Cabo Verde está de Parabêns!!!! Ouro no futebol, prata no basket...



Está mais que provado que garra, determinação, dedicação não falta!!! Agora venham de lá mais apoios, mais estatutos, regulamentos, porque os atletas de Cabo Verde merecem isto e muito mais!!!

Parabens a Portugal por ter conquistado mais de 18 medalhas! :)

Foto: Retirada do site da bola

Cinco.... :)

Nelson Mandela está de parabens!!!




Mais um ano... Já lá vão 91 anos... 18 de julho... uma data memorável... Quase um século de luta pela liberdade!! Três décadas na prisão, contra a segregação racial na África do Sul.

Desconhecer a história de Nelson Mandela, que passa agora para as telas de cinema pela mãos de Clint Eastwood, tendo no papel principal o actor Morgan Freeman, é como viver na ignorância de não conseguir sequer admirar os feitos deste grande líder.

Libertado em 1990, guiou o seu país para um regime equitativo e democrático, durante um processo complicado de transferência de poderes.

Até 1999, foi o Presidente que ocupa agora um lugar honroso nos livros de história.

Prémio Nobel da Paz, Embaixador da Boa vontade da Unesco, incansável na busca da reconciliação entre as diferentes comunidades e em favor da democracia, da igualdade e da educação. Feroz na luta contra a Sida... (um dos seus filhos morreu com HIV)

"A história da sua vida por ser resumida nas próprias palavras de Nelson Mandela, sempre parece impossível até que é feito", tal como disse Barack Obama no espectáculo de comemoração dos seus 91 anos de uma vida inesquecível...

"Se o mundo tivesse que escolher apenas um pai, escolheria o Nelson Mandela"... Peter Gabriel

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Está quase!!!!




Faltam 17 dias para sentir o abraço da mãe, o carinho daqueles que nunca se esquecem, para deliciar me com o sushi, para passar horas a fio dentro de uma FNAC, para me perder nas compras e por fim para ter saudades de regressar!!!!

quarta-feira, 8 de julho de 2009

O adeus publicitário a Michael


“Mas apesar de todo o pesar e respeito manifestado por Jackson, o público - em especial a população de Los Angeles - sente dificuldade em reagir ao pandemónio que se instalou nos últimos dias, nas notícias, nas ruas, na Internet, por todo o lado. É o caso de Anthony Spearman, de 32 anos, que foi até ao Staples Center para levantar um cartaz dizendo: "Deixem de gastar os meus impostos com milionários". "Em vez da devolução do meu IRS, recebi um vale para levantar um IOU [uma nota de dívida do estado da Califórnia, que está em falência]. Se eu morrer amanhã, a minha família recebe 350 dólares. Estou prestes a perder a casa porque o meu trabalho foi reduzido para um dia por semana. Não acho bem que o meu dinheiro seja gasto neste funeral", resumiu. Segundo as estimativas da cidade de Los Angeles, a despesa pública com as cerimónias fúnebres de Jackson pode ascender a quatro milhões de dólares”.... in Público

Sensacionalismo... puro e duro. Mas já se sabia que o velório de Michael Jackson ia ser um circo mediático, com direito a toda a pompa e cirscunstância. Sou contra, enquanto jornalista e defensor do código deontológico e ético, mas também sou contra pelo lado humano... não gostei de ver o “showneral” (palavra dada pelo jornal o Público).

Mas a verdade é que é disso que o povo gosta... E confesso que enquanto parte integrante do povo, também dei uma espreitadela ao memorial e... voltei a dar. Tudo que tenha a ver com fins trágicos de idolos, rodeados de secretismos e de bons momentos à pelicula cinematográfica, sentamo-nos à frente do televisor com o saco das pipocas. Chocou-me a morte de Michael Jackson como à maioria das pessoas que cresceram a ouvir as suas músicas mas, chocou me ainda mais o que vi ontem... sem nunca conseguir tirar os olhos. Se não fosse um compromisso marcado tinha ficado a assistir... Shame on me!
Agora é totalmente condenável... todo o aparato, suspense, propocionado até pela própria família.

Michael Jackson nunca quis que invadissem a intimidade dos seus filhos, tomou até atitudes estranhas como lhes tapar a cara quando saiam à rua... mas será que iria gostar de ver a filha no palco do Staples Center a chorar e a afirmar o quanto amava o pai, como se tivesse que provar que apesar de todas as loucuras já feitas era um excelente pai?
A indumentária escolhida pelos irmãos, a luva branca e a gravata amarela, o caixão em ouro branco em frente ao palco, tudo pensado ao pormenor. Mas há que rentabilizar os espectáculos perdidos, já que o podutor dos shows do “regresso de Michael” foi o mesmo que organizou o memorial. Portanto tinha de ser algo em grande...
Marketing e mais marketing, agora, como nunca o nome Michael Jackson vai ser vendido até exaustão. Nada de novo... Foi assim com Elvis, Marylin Monroe, Freddie Mercury e vai continuar a sê-lo com os que vem a seguir.
A morte acaba por se tornar muito mais rentável para estas figuras que desaparecem envoltas ou em mistérios, ou em histórias dramáticas que são autênticos chamariz para os realizadores de cinema.

Não posso deixar de concordar com Elizabeth Taylor que afirmou: “Não acho que Michael quisesse que compartilhasse minha dor com milhões de pessoas. Como me sinto, é algo entre nós, não um evento público. Disse que não iria ao Staples Center e certamente não quero chegar a fazer parte de isso. Amava-o demais", disse.
E está dito...

terça-feira, 7 de julho de 2009

Os ventos da crise no Sal

Sal. Quem por lá passa afirma não ficar indiferente às praias, com extensos areais brancos e à água cristalina, carregando rasgos de sossego.



A vila de Santa Maria sempre movimentada, com a chegada e partida de centenas de turistas, que anseiam pelo tal descanso merecido, mas também, por alguma diversão fora de horas.

Ruas e vilelas cheias de gente, os hoteís a crescerem a “olhos vistos”, a rede imobiliária a agarrar cada oportunidade que surge e os comerciantes felizes e contentes com os seus negócios.

Deseja-se a vida turística de outros tempos... Recorda-se o passado áureo, critica-se o presente e... sonha-se com um futuro fora das teias da crise.



Exige-se um Sal digno de um cartão postal, que corresponda ao que é divulgado pelas agências de viagens.

Porém, as vivências de um passado “bon vivant” constrastam agora com uma ilha apagada, sem cor nem vida.

Uma... duas.. três... quatro.... cinco e.... muito mais. As obras estão paradas.... ou foram canceladas sem data prevista para retomarem. Os hoteís procuram sobreviver com os poucos turistas que recebem e as imobiliárias estão em situação de ruptura.

Quebra de vendas. Nítida inflexível. Muitos dos potenciais compradores de moradias e apartamentos nos resorts e complexos que estão a nascer no Sal, recuaram nos negócios dada a crise financeira e a dificuldade em obter crédito nas instituições bancárias internacionais.

Fala-se em catástrofe financeira, sente-se nos rostos com quem se fala que a situação é preocupante. O Sal está estagnado.


Os hoteis. Após percorrer uma estrada de cerca de dois quilómetros, cheia de buracos, em que os sobressaltos são uma constante, deparamo-nos com várias unidades hoteleiras. Cada uma com o seu toque, com o seu brilho, mas todos com um cartaz implicito a dizer “precisa-se de turistas”.

A crise bateu-lhes à porta e fez-se de convidada à força. Nos últimos meses, a taxa de ocupação caiu drasticamente. As unidades hoteleiras tentam arranjar soluções para cativar os turistas. Sobreviventes a um período em que as reservas de quartos são mínimas.

Enquanto isso quem mais sofre são os funcionários que todos os dias vão para o trabalho sem saber se será o seu último dia.

Na lista dos afectados pela crise está Salui Balé. Um guinense que escolheu Cabo Verde para viver e trabalhar... Já lá vão 25 anos.

Trazendo na bagagem um talento chamado culinária, Salui passou por vários restaurantes na Praia, até ser convidado em 1994 para dar a conhecer os seus dotes gastronomicos à ilha do Sal.

Depois de breves passagens por alguns estabelecimentos locais, acabou por ir parar à cozinha de um dos hoteis mais conhecidos da ilha.

Dedicou-se onze anos a preparar pratos de todos os feitios e maneiras. Até ao dia em que a tal crise chocou consigo de frente.

A viver num quarto com condições minímas, e a pagar uma renda mensal de 180 euros, Salui, desempregado há 6 meses, tenta diariamente que uma porta se abra.

Neste panorama as queixas tornam-se numa bola de neve... Um ciclo vicioso que toca a todos. Várias vozes levantam-se. Se por um lado a crise veio agonizar a situação na Ilha do Sal, por outro há aqueles que defendem que não há condições na vila de Santa Maria. Queixam-se de planos nunca concretizados, de promessas nunca cumpridas. Da falta de infra.estruturas, de iluminação nocturna, de diversão.


Os responsáveis dos hoteís alegam que os turistas não querem sair das unidades hoteleiras, porque não encontram nada na vila e pagam muito caro de taxi cada vez que se dirigem ao centro.

Os taxistas queixam-se de que não há turistas por isso aqueles que encontram tem de cobrar um valor mais alto, já que muito deles pediram emprestimos ao banco para saldar as dívidas.

Os turistas, esses, pagam uma semana por um pedaço de ceu na terra, mas acabam por não corresponder às suas expectativas, ficando confinados às unidades hoteleiras.


Com um lugar previligiado para o filme da crise, os comerciantes da vila também tem uma palavra a dizer. As caixas registadoras estão quase vazias, as despesas de funcionamento aumentam à passagem do tempo e as lojas perdem a graça pela ausência das gentes de outras paragens.

A acompanhar a crise, a falta de investimentos públicos e o abandono da vila, está a problemática do excesso de comerciantes vindos da costa africana. Os senegaleses.

Por todo o lado... em toda a parte. Uma presença que não agrada a todos.

Segundo alguns comerciantes caboverdianos, muitas vezes, mal o turista está a sair do taxi já está a ser abordado para comprar ou ser levado para uma das lojas africanas. E de acordo com algumas vozes "os turistas cansados de tanta pressão e incomodo não voltam à vila mais vez nenhuma".

O Sal, motor da economia caboverdiana, porta de entrada para o mercado europeu e durante muito tempo o diamante do arquipelágo, já viveu melhores dias.

A Boavista, ilha que se está a tornar cada vez mais um pólo de atracção turistica, também já sente os efeitos da crise, apesar de ser a uma escala menor.

Até a capital, Praia, já vive lado a lado com algumas dificuldades financeiras, fruto de uma crise internacional que não faz distinções.

As perguntas que imperam são muitas. Se tem se procurado combater a crise?
Se tem se aplicado boas políticas? E se tempos piores esperam-se em Cabo Verde?



Nha Terra Nha Cretcheu,quarta-feira, 8 de Julho, RTP Àfrica, a partir das 19h15 em Cabo Verde e em Portugal a partir das 21h30.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Cidade Velha, Património da Humanidade


Quando ingressei no projecto Nha Terra Nha Cretcheu, no último mês de Janeiro, o programa dedicado à Cidade Velha foi o primeiro que acompanhei "in loco".

Pude conhecer a D. Rosalinda que na altura, entre lamentos e desabafos, queixava-se do abandono em que se encontrava aquele lugar. Na altura apelidei aquela senhora de enciclopédia viva que conhece melhor do que ninguém a primeira cidade europeia de África.

Há poucos dias, Cidade Velha esteve em êxtase: A Unesco considerou-a Património Mundial da Humanidade. Segundo algumas fontes, o processo foi dificil, já que na proposta dava-se muito interesse à parte turística e monetária que esta nomeação poderia trazer. Dizem que a nomeação esteve por um fio... Mas no fim conseguiu... ainda bem!!!!

Como arquivo de tempos remotos, que conta histórias que nunca deverão ser esquecidas. A época dos escravos, o nascimento do crioulo, o berço da Cabovernidade.
Como uma máquina de viagem no tempo que deve ser preservada. A Cidade Velha merece isto e muito mais.

Como espaço físico vão-me desculpar mas não... Simplesmente pelo abandono com que este lugar acorda e adormece todos os dias.

Pelo descuido, pelo desleixo em não cuidar de algo que é inapagável da história do mundo.

Cidade Velha merece pela história, vivências e experiências que carrega, mas os seus políticos não!

Os habitantes merecem sim... Aqueles que podem tomar as decisões de fazer algo por ela não...

Esperemos agora que a Cidade Velha não torne a mergulhar no esquecimento e que esses sentimentos de festa e felicidade impulsione os intervenientes a arregaçar as mangas e a colocar mãos à obra!!! Está na altura de despedirem-se do sedentarismo, porque agora já não dá para disfarçar mais!

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Nice to meet Michael Jackson



Sempre gostei de dançar... é um facto. Sei que se não tivesse escolhido a profissão de jornalista gostaria de estar ligada aos ensaios, às coreografias, aos plíes.

Alias na mítica pergunta da infância: O que queres ser quando fores grande? A minha resposta só era uma: bailarina.

Ainda me lembro quando no meu quarto colocava a música em altos berros e, durante horas a fio, dançava, dançava e dançava, imaginando que estava num grande espectáculo.

"Bill Jean", "Triller", "Black and White", ou "They don´t car about us", eram a minha banda sonora.

Não fazia, claro, os movimentos como o "Rei da Pop", mas as suas músicas inspiravam-me a sonhar. Eram simplesmente vibrantes, alegres... era uma emoção para mim com dez, doze, quinze, vinte e mesmo agora aos vinte e oito anos ouvi-las.

O legado de Michael Jackson revolucionou o mundo e a mim também... nem que seja no sentido de me oferecer uma pequena revolução dentro de mim, cada vez que dançava naquele meu quarto e deixava a minha mãe com os cabelos em pé por estar sempre a ouvir repetidamente.

"Billie Jean is not my lover
She's just a girl who claims that I am the one
But the kid is not my son
She says I am the one, but the kid is not my son"


Tal como disse alguém, "há certos génios que aparecem de 100 em 100 anos... como o Michael nunca mais irá aparecer".

Rest in peace Michael - 1958/2009

terça-feira, 23 de junho de 2009

Morna é...




É inspiração de poetas. Princesa de serenatas. É o choro do violão que ao ouvi-la desperta do seu sono mais profundo.

Lamentos que se querem para sempre escutar. É a noiva sem grinalda. O tal expressar de almas. O reviver de sentimentos nostálgicos.

Simplesmente cantar o que o coração sente, e ir ao mais fundo dos fundos.
Para sempre a senhora de Cabo Verde.

É a morna...

Um símbolo nacional... do mesmo modo que o tango é na Argentina, a rumba em Cuba e o fado em Portugal. Um hino que atravessa mares e fronteiras.

Com um andamento lento, um compasso binário, e na sua forma mais tradicional, com uma estrutura harmónica baseada no ciclo de quintas...
Já a sua estrutura poética organizada em estrofes que vão alternado como um refrão.

Sempre a acompanhá-la estão o violão, os violinos, a viola de dez cordas, o cavaquinho,o piano... e uma voz dolente, emotiva, forte.

Nos anos 30 admitiu a entrada para a sua orquestra do clarinete e do trompete, nos anos 70 e 80 aparece com versões eruditas...

O único género musical que consegue ser largamente transversal a todos os grupos etários, que se gosta sem hesitar, que se escolhe para se caracterizar cada episódio da vida.

A sua origem não está esclarecida. Permanece num debate sem fim, rico em especulações. Os registos históricos não são abundantes e a transmissão oral foi o veículo que a fez chegar aos nossos dias.

A maioria alega que a illha da Boavista é a sua mãe. Outros dizem que foi criada no Mindelo, em S. Vicente. Alguns afirmam que o seu nascimento se deu na Brava. Mas nenhuma ilha revindica a sua paternidade...

As influências. Na hora de escolher a variedade impera.

Modinha brasileira, muito popular nas colónias portuguesas do séc. XVIII, fado, passando pelo lundum. Trazida pelos marinheiros, ou pelos escravos de várias regiões de África.
Várias teorias.

Há ainda quem defenda que a morna, como o fado, são descendentes de canções de escravos de SãoTomé e Príncipe.


O Fado e a morna. Muito as distingue e pouco as separa. Tem entre elas um amigável diálogo, uma até respeitável confraternização. Ambas se afirmaram como voz musical dos seus povos.

Há mornas ao jeito de fado e fados com cheirinho a morna. Mas saber se a musicalidade crioula nasceu dos acordes do destino português, para isso só há diversos pontos de vista.


A palavra. Para uns, deriva do inglês to mourn, que significa lamentar ou chorar os mortos. Para outros, a palavra tem origem no francês morne, que é o nome dado a colinas nas Antilhas francesas, onde são interpretadas as chansons des mornes.

Mas para uma grande parte, a palavra morna corresponderia ao feminino da palavra portuguesa morno, numa alusão ao carácter suave e dolente da morna.

O regresso, a saudade, o amor à patria, o mar, a paixão que arde sem se ver. Temáticas variadas. O romantismo intoxicante dos trovadores que a cantam e a criatividade dos que a compoêm.

Na sua primeira fase, a morna tinha como características, segundo os seus estudiosos, um andamento mais rápido do que o actual e letras menos melancólicas e sentimentais.

É a partir do final do século XIX que, na ilha Brava, Eugénio Tavares, confere às cordas de uma guitarra portuguesa, um extremo lirismo, fixando os temas da morna em torno do amor, da idealização da mulher e da saudade.

É o poeta. É o compositor. É o contador das histórias que perduram à passagem das épocas. Hoje as suas composições são tocadas, cantadas, sentidas pelos mais diversos artistas de Cabo Verde.

Ninguem quer esquecer Eugénio Tavares e... ele também não quer se esquecido.

Já a partir de meados dos anos 20, com aquele que é considerado, ao lado de Eugénio Tavares, um dos maiores génios da composição em Cabo Verde, Francisco Xavier da Cruz, mais conhecido por B.Leza, a morna vai receber uma outra alteração importante.
Neste caso, não no que se refere às letras, mas sim aos aspectos harmónico e melódico.
Influenciado pela maneira de tocar o violão dos marinheiros brasileiros que passavam por São Vicente, sua ilha natal, B.Léza introduz o meio-tom (acordes de transição) na morna, impregnando-a de uma certa dramaticidade que a partir de então passa a ser um dos seus elementos característicos.

Cabo Verde, recheado de grandes compositores. Lela d’Maninha, Olavo Bilac, Muchim d’Monte, Sergio Frusoni, Jorge Monteiro "Jotamont", Manuel d’Novas, Ano Nobo, Renato Cardoso e Betu. Todos trazendo a morna ao peito. É o seu emblema.
Sãozinha Fonseca... Homero Fonseca... Titina... Bana ... Helena França... Cesária Évora e os eternos Fernando Queijas e Ildo Lobo.

Nos últimos anos, a morna foi levada a ser conhecida internacionalmente por vários artistas, nomeadamente em França, nos Estados Unidos, em Portugal.

Enquanto Cesária Évora levou até ao Olympia, Carnegie Hall ou Hollywood Bowl a essência da morna, Ildo Lobo, encantou aqueles que ainda tiveram a honra de o escutar.

O homem de timbre forte partiu em 2004, mas deixou um legado de músicas que fazem questão de permanecer como o estatuto de memórias vivas.


Fernando Queijas. O primeiro artista caboverdeano que gravou discos em Portugal e a cantar na RDP e RTP. O homem que introduziu a orquestração ligeira na morna, conjugando instrumentos tradicionais e electrónicos. Ele e as mornas tornavam-se um só cada vez que subia a um palco.

Compositor e intérprete, Fernando Queijas deu a conhecer a Portugal um gênero musical que se assemelhava ao misterioso fado.

Apesar de ter deixado este mundo há , na sua residência em Lisboa permanecem o seu piano, o seu violino e violão que acompanharam-no durante anos a fio. Pacientes... como esperassem a cada minuto pelo o tal toque de anos.

Nomes que a história faz questão de não apagar. Rostos que expressam aquilo que lhes vai na voz, ao som de uma morna.

Tal com José Osório de Oliveira, amigo de Eugénio Tavares, disse um dia: “Nunca, com efeito, a alma de um povo encontrou, tão perfeitamente, a sua expressão, numa única manifestação de arte.

Pode afirmar-se, portanto, que a morna resume em si todos os sentimentos e condensa todas as aspirações artísticas dos cabo-verdianos”.

Morna é isto tudo e muito mais...

Programa Nha Terra Nha Cretcheu, quinta-feira, a partir das 19h00, em Cabo Verde e às 21h00 em Portugal.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Xinti




Sara Tavares no auditório da Assembleia Nacional, por ocasião do Dia de Portugal e das Comunidades Portuguesas.

Um único sentimento: Bom Feeling!!!
Um concerto para ficar guardado na memória.


Fotos: Pedro Moita

quarta-feira, 13 de maio de 2009

D´Jar Fogo

Rostos... simples rostos... de beleza, de esperança, de harmonia, de memórias... de Djar Fogo. Olhares que se tornam inesquecíveis para quem os encontra, sorrisos quentes, incandescentes, ligados para sempre à tal Morabeza.

Homens e mulheres, velhos e crianças, fazedores de histórias, carregam consigo lições, aprendizagens, vivências de um lugar onde a nostalgia nunca morre.

Gente que conhece em profundo as paisagens duras, imponentes, marcadas por um negro imenso e um horizonte digno de um cartão postal.

Rostos anónimos, desconhecidos, sem direito a pompas e cirscunstâncias nos livros da história, mas que são parte intrínseca de qualquer conto marginal.

Singulares mas únicas, humildes mas de uma nobre grandeza interior... simplesmente gentes do Fogo, a ilha onde o céu também é testemunha de muitas crónicas... de um tempo longíquo...

Não perder, Amanhã, quinta-feira, Nha Terra Nha Cretcheu, RTP Àfrica
Cabo Verde: a partir das 18h45
Portugal: a partir das 20h45

domingo, 12 de abril de 2009

Viva o sujar, comer areia, e fazer tudo o que uma criança tem direito!!!


Mais um dia de Páscoa, mas este ano com "algumas" ligeiras diferenças. Rodeada não pela família de sangue, mas por amigos que já fazem parte do álbum familiar.

Na mesa dos manjares, não houve lugar para as habituais amêndoas torradas, que todos os anos devoro em frente ao televisor a ver mais um filme de Domingo. Nem espaço para os ovinhos de chocolate, e nem para as iguarias tradicionais, como o Folar.

Houve antes muita praia, muito sol, muitas brincadeiras na areia e a seguir uma bela cachupada, que fez o meu estômago chorar de tanto contentamento e a minha balança gritar: "estás abusar".

Ka ten problema!!!! Como diz uma amiga minha quem não é para comer não é para trabalhar!

De manhã, a praia de Quebra Canela estava "sabi". Pouca gente, um areal bonito, um ambiente calmo e tranquilo. À beira-mar, juntamos as grávidas mais algumas mulheres para nos divertimos com as peripécias dos mais novos.

Quando de repente, um dos pequenotes decidiu premiar a banana que estava a comer com muitos grãos de areia, pois acho que seria o condimento necessário para tornar a fruta mais saboroso. O que deixou uma das raparigas preocupada pois "aquilo poderia fazer mal ao menino".

Sempre ouvi dizer: "o que não mata engorda" e actualmente o excesso de preocupação dos pais, tornando-se quase uma vontade obsessiva, faz com que o sujar, o brincar na terra, o colocar as mãos na lama, do antigamente perca a sua essência para o cuidado extremo do século XXI.

Esta situação fez-me lembrar um texto publicado pelo Nuno Markl, esse grande comediante que diz algumas boas verdades sempre com o tal sorriso nos lábios, que recebi via e-mail, aqui vai:

A juventude de hoje, na faixa que vai até aos 20 anos, está perdida.
E está perdida porque não conhece os grandes valores que orientaram os que hoje rondam os trinta.
O grande choque, entre outros nessa conversa, foi quando lhe falei no Tom Sawyer.

'Quem?', perguntou ele. Quem?! Ele não sabe quem é o Tom Sawyer! Meu Deus... Como é que ele consegue viver com ele mesmo?

A própria música: 'Tu que andas sempre descalço, Tom Sawyer, junto ao rio a passear, Tom Sawyer, mil amigos deixarás, aqui e além...' era para ele como o hino senegalês cantado em mandarim.
Claro que depois dessa surpresa, ocorreu-me que provavelmente ele não conhece outros ícones da juventude de outrora.
O D'Artacão, esse herói canídeo, que estava apaixonado por uma caniche; Sebastien et le Soleil, combatendo os terríveis Olmecs; Galáctica, que acalentava os sonhos dos jovens, com as suas naves triangulares; O Automan, com o seu Lamborghini que dava curvas a noventa graus; O mítico Homem da Atlântida, com o Patrick Duffy e as suas membranas no meio dos dedos; A Super Mulher, heroína que nos prendia à televisão só para a ver mudar de roupa (era às voltas,lembram-se?); O Barco do Amor, que apesar de agora reposto na Sic Radical, não é a mesma coisa. Naquela altura era actual...

E para acabar a lista, a mais clássica de todas as séries, e que marcou mais gente numa só geração: O Verão Azul.
Ora bem, quem não conhece o Verão Azul merece morrer. Quem não chorou com a morte do velho Shanquete, não merece o ar que respira. Quem, meu Deus, não sabe assobiar a música do genérico, não anda cá a fazer nada.
Depois há toda uma série de situações pelas quais estes jovens não passaram, o que os torna fracos:Ele nunca subiu a uma árvore!

E pior, nunca caiu de uma. É um mole.
Ele não viveu a sua infância a sonhar que um dia ia ser duplo de cinema.
Ele não se transformava num super-herói quando brincava com os amigos.
Ele não fazia guerras de cartuchos, com os canudos que roubávamos nas obras e que depois personalizávamos.
Aliás, para ele é inconcebível que se vá a uma obra.
Ele nunca roubou chocolates no Pingo-Doce. O Bate-pé para ele é marcar o ritmo de uma canção.
Confesso, senti-me velho...
Esta juventude de hoje está a crescer à frente de um computador.

Tudo bem, por mim estão na boa, mas é que se houver uma situação de perigo real, em que tenham de fugir de algum sítio ou de alguma catástrofe, eles vão ficar à toa, à procura do comando da Playstation e a gritar pela Lara Croft.
Óbvio, nunca caíram quando eram mais novos. Nunca fizeram feridas, nunca andaram a fazer corridas de bicicleta uns contra os outros.
Hoje, se um miúdo cai, está pelo menos dois dias no hospital, a levar pontos e fazer exames a possíveis infecções, e depois está dois meses em casa fazer tratamento a uma doença que lhe descobriram por ter caído.

Doenças com nomes tipo 'Moleculum infanticus', que não existiam antigamente.
No meu tempo, se um gajo dava um malho muitas vezes chamado de 'terno' nem via se havia sangue, e se houvesse, não era nada que um bocado de terra espalhada por cima não estancasse.
Eu hoje já nem vejo as mães virem à rua buscar os putos pelas orelhas, porque eles estavam a jogar à bola com os ténis novos.
Um gajo na altura aprendia a viver com o perigo.
Havia uma hipótese real de se entrar na droga, de se engravidar uma miúda com 14 anos, de apanharmos tétano num prego enferrujado, de se ser raptado quando se apanhava boleia para ir para a praia.
E sabíamos viver com isso. Não estamos cá? Não somos até a geração que possivelmente atinge objectivos maiores com menos idade?

E ainda nos chamavam geração 'rasca'... Nós éramos mais a geração 'à rasca', isso sim. Sempre à rasca de dinheiro,sempre à rasca para passar de ano, sempre à rasca para entrar na universidade, sempre à rasca para tirar a carta, para o pai emprestar o carro. Agora não falta nada aos putos.
Eu, para ter um mísero Spectrum 48K, tive que pedir à família toda para se juntar e para servir de presente de anos e Natal, tudo junto.
Hoje, ele é Playstation, PC, telemóvel, portátil, Gameboy, tudo.
Claro, pede-se a um chavalo de 14 anos para dar uma volta de bicicleta e ele pergunta onde é que se mete a moeda, ou quantos bytes de RAM tem aquela versão da bicicleta.
Com tanta protecção que se quis dar à juventude de hoje, só se conseguiu que 8 em cada dez putos sejam cromos.

Antes, só havia um cromo por turma. Era o totó de óculos, que levava porrada de todos, que não podia jogar à bola e que não tinha namoradas.
É certo que depois veio a ser líder de algum partido, ou gerente de alguma empresa de computadores, mas não curtiu nada.'
(Nota: ...os chocolates não eram gamados no 'Pingo Doce'... Ainda se chamava 'Pão de Açúcar'!!!)