quarta-feira, 18 de junho de 2008
O livro que "com muito jeitinho" diz algumas verdades!
Os amigos servem para as ocasiões... Esta é uma bela ocasião para divulgar o livro de um "mestre" que, apesar de ser extremamente egocêntrico (sabes que tinha-o de dizer) :), é um excelente pensador e principalmente um óptimo amigo!
"Não basta ter os livros há que saber lê-los", foi um dos primeiros conselhos, com uma pequena camuflagem de aviso, que me deu gratuitamente. Estávamos a trocar as primeiras impressões, numa entrevista, acerca de um livro onde a frase "A verdade, tal como a luz cega-nos", gentilmente elaborada por Albert Camus, é umas das primeiras que se pode ler. O autor, esse, gosta de ir mais longe, tal como Joaquim Letria o definiu, mas tem a modéstia de não se considerar um jornalista da velha guarda... Apesar de já há muito tempo fazer parte dela! Frederico Duarte Carvalho esteve sentado na primeira fila, a assistir ao "circo mediático" que foi montado em torno do caso "Maddie"... presenciado, ingerindo e reflectindo sobre os primeiros momentos, daquilo a que se viria a tornar a "Notícia de 2007". No dia 11 de Maio desse mesmo ano, quando caminhava pela praia da Luz, sabia que tal como uma imagem fotográfica perdura, aquela história possuía os ingredientes necessários para a criação de algo que também resistisse à passagem do tempo. "Pegou num condimento" essencial, o de simplesmente puxar pela cabeça, e de forma a agarrar os leitores criou uma ficção que com muito jeitinho diz algumas verdades!
E assim, eis que o jornalista "Miguel de Andrade" é destacado para um local no Algarve, para trabalhar num caso, que mais parecia um perigoso quebra cabeças, mas de desvendar puzzles misteriosos é aquilo que um jornalista gosta... Ou não?
Antes de mais porquê escrever sobre um caso onde tanto já disse e se falou. Não tens medo que o livro seja visto como mais um?
NO dia que decidi escrever este testemunho tinha quase a certeza que não era a única pessoa a ter a ideia de que valia a pena escrever sobre este caso... Em primeiro lugar, os livros são muito importantes pois são eternos, o registo que se faz hoje em dia em jornais é muito efémero. A 11 de Maio, senti que naquela altura era necess*rio aqueles momentos ficarem registados para sempre. Tinha desaparecido uma criança, dentro de uma casa, não na via pública, tratava-se de estrangeiros em Portugal, logo o choque cultural existente... Era imprescindível contar, reflectir sobre isto. Em jornalismo é principio haver uma história com principio, meio e fim e este caso ainda está aberto, por isso optei por ficcionar para dar um final.
"Dizem-nos, dizem-vos, que já ninguém quer saber mais sobre uma criança que ainda continua desaparecida... Mas, ainda assim, como dizia o poeta, antes de se tornar político, há sempre alguém que resiste". Assumes-te como esse "alguém"?
Este livro está a ter dificuldades em penetrar no mercado, porque disseram às pessoas que já estão saturadas deste caso. Não acredito, estão é cansadas da falta de novidade, de informação e com o facto da justiça ter caído sobre a espada. É preciso resistir ao esquecimento que querem atribuir à verdade, ao das falhas que houve na investigação, da confusão que se quis criar, da própria busca da menina e também, ao facto de que se os pais estão inocentes, estamo-nos a "esquecer" de investigar os pedófilos em Portugal. Em Huelva, o caso da Maria Luz foi diferente, ela foi raptada por um vizinho na via pública, faz parte do padrão estabelecido, não desapareceu de um meio ambiente estranho. A Maddie sim.
"Nunca um desaparecimento de uma criança em Portugal causara tanto interesse público". A mãe do Rui Pedro e pais de outras crianças que nunca tiveram um rosto estampado numa primeira página de um jornal ou numa capa de revista revoltaram-se com a mediatização deste caso...
Lembrou-me que a menina desapareceu de quinta para sexta-feira e de imediato foi notícia de 30 a 30 segundos na televisão, com directos permanentes, onde não se dizia nada, mas mesmo assim tomara que a mãe do Rui Pedro tivesse tido jornalistas a falarem do filho de 30 em 30 segundos na sua terra, durante meses. É simples se está toda a gente a falar no assunto é obrigatório falar.
Se fosse uma criança portuguesa a desaparecer em Inglaterra certamente não tinha o mesmo tratamento...
Não se calhar, os pais tinham sido presos ou tinham lhe tirado os gémeos, se cligassem ao Primeiro-Ministro a pedir ajuda, provavelmente dizia que não podia fazer nada e que se tinha de confiar na justiça, dando ordens ao embaixador para seguir só o caso e não para se intrometer na investigação, que foi o que aconteceu no Praia da Luz, a investigação ficou logo condicionada à tese do rapto. Apesar de poucas pessoas se lembrarem, a primeira notícia do Diário de Notícias no sábado de 5 de Maio, era "Esta é uma história mal contada", isto diz tudo.
Porquê o falhanço da PJ em certas coisas que eram básicas, ingenuidade em lidar com um caso demasiado mediático?
A nossa polícia até aquele momento não tinha um gabinete de imprensa e um porta- voz como tem os ingleses, temos uma forma de trabalhar próxima da alemã, que não tem por norma divulgar informações a imprensa, pelo menos oficialmente, deixando cair umas pistas de vez em quando. O papel de Olegário de Sousa foi uma novidade (o de ligação com a imprensa), era uma pessoa que sabia falar inglês, mas andava ali literalmente aos papeis. Por outro lado, achei estranho quando o chamado perímetro de segurança era pouco amplo, por exemplo, estava encostado a um muro onde, supostamente se houve alguém que raptou a criança teve que o saltar e eu tinha o cotovelo apoiado nesse muro!!!! No livro dou também a teoria que inocenteia os pais. Uma das coisas que os Mcann afirmaram foi que, os vestígios de sangue encontrados no carro alugado 23 dias depois de a Maddie desaparecer, foram plantados. A PJ, por sua vez, levou estas declarações muito a mal pois indiciava que teria sida a própria a plantar as provas. No meu livro, coloco a hipótese de ambos estarem a dizer a verdade, dando a teoria que foram pedófilos que colocaram as provas, porque já sabiam que a Polícia ia ter acesso. Isto claro, no meu livro... Mas nunca se sabe!
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