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terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Dê as boas as vindas à mudança




“Não quero amar pela metade, não quero viver de mentiras, não quero voar com os pés no chão... Quero poder ser eu mesmo, mas com certeza, que não serei o mesmo para sempre...", as bonitas palavras de um dos maiores poetas portugueses, Ary dos Santos, são um estímulo quando pensamos em abandonar, de vez, o chamado “medo da mudança”.

Quantas de nós já atingiu um ponto sem retorno, em que as sílabas da palavra ”mudar” tocam, vezes sem conta, à nossa campanhia, mas recusamo-nos a descer as escadas e abrir-lhe a porta...Não nos sentimos bem ou naquele sitio, com algumas pessoas, com exageradas regras e com certas condutas... e de um momento para outro, pouco a pouco, deixa de fazer sentido estar naquele lugar, ou com aquele alguém, ou com determinados sentimentos...

O medo de alterar, falhar, de concretizar é maior do que a vontade de avançar, que nos visita todos os dias com uma simples, mas dura verdade. “Chegou a hora de tomar uma decisão”. Três mulheres, três exemplos... que tiveram a “ousadia” de receber gentilmente em suas casas a mudança mostram que está na hora de tomar o destino nas mãos e também convidar a coragem para a sua vida! Quem está mal mudou-se! Ouvimos diariamente no nosso quotidiano, por isso do que estamos à espera para subir a nossa taxa de felicidade!

Au revoir ao “excessivamente” trabalho

8h00... O telefone toca mas não há vontade de atender. Trimm....Trimm... A insistência daquele barulho faz a ceder. Após os primeiros minutos de conversa, dá-se conta que tem mais um problema para resolver. Há um segundo no meio daquela chamada onde a mente pensa apenas numa pergunta: “O que é que estou a fazer com a minha vida?” Desde o momento em que desliga, apenas toma um banho rápido, tirar a primeira coisa que lhe aparece no guarda-roupa e "voa" até ao trabalho.

Cinco minutos depois de estar no escritório, descobre que ao primeiro inconveniente da manhã junta-se mais dois ou três para solucionar. Olha para a sua equipa e percebe: "eles não sabem o que estão a fazer". Começa a trabalhar rapidamente, da melhor maneira possível, mas a satisfação tarda a chegar. A hora do almoço é uma ilusão. As gargalhadas e boa disposição dos colegas na copa, enquanto saboreiam cada garfada é uma cenário irreconhecível no seu quotidiano. Não há tempo... No período da tarde o telemóvel da empresa não pára de tocar, enquanto que o pessoal nem vibra com uma mensagem. "Os amigos já nem me ligam porque sabem que esqueço-me de responder aos convites". Tempo! não há tempo, o tempo escasseia.

20h00... o único barulho que se ouve é o teclado do computador. O corpo cede está na hora de ir para casa, apesar da cabeça querer ficar mais um pouco, "todos os segundos são sagrados", pensa. Já no doce lar, o frigorífico está muito longe para que se possa percorrer uma pequena distância e buscar qualquer coisa para “tricar”. Deitada no sofá, o sono chega não sem antes pensar: "O que é que estou a fazer com a minha vida? Enquanto um pintor busca pela a perfeição da sua tela, Beatriz anseia necessariamente pela perfeição profissional, onde o excessivamente anda lado a lado com a vontade de querer abrandar: Excessivamente motivada, viciada em trabalho, empreendedora, funcionária incansável, super-mulher, esta mulher de 31 anos é o exemplo real do desejo, da atitude, da procura pelo inatingível.

Uma perfeccionista sobrecarregada de trabalho, que se recusa a delegar tarefas já que ninguém consegue fazer as coisas de uma forma que a satisfaça. "Sempre fui assim, em todos os empregos por onde passei. Não admito sequer que posso falhar, porque sou forte, eu consigo". Produtora de eventos e espectáculos há cerca de 6 anos, Beatriz deixou de ter a vida social que sempre adorou, de ler um livro ao final da tarde, de ir ao cinema numa bela tarde de domingo, em prol de uma carreira onde não há espaço para derrotas.

"Não tenho energias para os meus amigos, só de pensar em sair de casa agonia-me". Há cerca de três meses, o alarme deixou o último aviso: “dei por mim a trabalhar doente em casa com 38 graus, sem nada na despesa para comer. Foi o caos".

Algo tinha de mudar... E o primeiro passo era “dar ouvidos” à palavra que só de pronunciar a assustava-a: mudança. Escutando a voz quase esquecida na cabeça, a empresária nem pensou duas vezes, “porque se assim o fizesse tinha ficado na mesma”. Embarcou para a Polónia para visitar alguns familiares, acabando por tirar umas férias que andavam já prometidas há quatro anos. “Aproveitei esse tempo para recarregar baterias e reflectir... sei que a mudança começou ali ...

Ao regressar a Lisboa, Beatriz continuou a desformatar a velha e doente rotina, fazendo o delete dode vários “vírus doentios”. “Diminui a carga horário, em cada semana tenho um dia reservado para mim, para aquilo que gosto de fazer e outro para estar com os amigos. O mais importante é que comecei a delegar mais funções à minha equipa. Como dizia Fernando Pessoa agora “não me esqueço de que a minha vida é a maior empresa do mundo e posso evitar que ela vá à falência... Tive coragem!”.



Um fogo que foi apagado para sempre!

O que faz com que um Homem corra para dentro de um edifício em chamas quando todos os outros de lá fogem? O que faz um bombeiro deixar a sua família todas as manhãs e arriscar a sua vida para resgatar estranhos? Todas estas perguntas perdem o sentido quando o amor à profissão é mais forte. Impulsionados pelo um sonho, uma vontade ou simplesmente pela coragem, muitos jovens optam por aprender gestos que salvam vidas. E isso era o que Rita mais desejava... vencer o fogo! Quis o destino que o pai fosse contra a sua vocação. “Desejava que seguisse os seus passos na advogacia... Dizia-me muitas vezes: ‘era o que faltava uma bombeira na família, és mulher não podes”.

Naquela altura, o quarto da adolescente estava repleto de posters alucidativos ao filme “Mar de Chamas”, em que se distinguia um capacete (dado por um “soldado da paz numa visita de estudo a uma corporação) que a jovem tinha orgulhosamente colocado em frente à cama, para que todos os dias ao abrir os olhos fosse a primeira coisa a ver.
Quando o pai da jovem destemida apercebeu-se que o interesse da sua menina mais nova por montar lances e subir as escadas de ganso estava deixar de ser um capricho de criança, resolveu intervir com a persuassão excessiva que lhe era característica.

“Comuniquei-lhe que gostaria de entrar para a academia de cadetes... Ficou branco, mas como sempre tentou não mostrar parte de fraco. Reuniu todos os elementos “sujos” para que desistisse, como levar-me a conhecer irmãos, pai e filhos daquelas que tinham perdido em incêndios. Fui fraca e resolvi ser a menina bonita do papa.”

Durante três anos, Rita acomodou-se por entre livros de direito e código civil, deixando de ser a rapariga extrovertida ciente do que queria, para uma mulher adversa à mudança. “Pensava muitas vezes, agora já nao vale a pena, tomei aquela decisão vou levá-la até ao fim”. Ao cansaço dos exames aliou-se a depressão... e todas as noites antes de se deitar a futura advogada arrependia-se da decisão tomada! Mas não havia como voltar atrás...

Até que dois anos antes de acabar o “tão detestável curso”, uma frase de um professor fê-la acordar: “Todas as profissões só são bem desempenhadas quando se gosta realmente delas. Quando estiverem em tribunal e, caso não acreditarem no que estão a fazer o vosso cliente será a principal vítima das vossas más escolhas”. “Nem mais” pensou Rita... No mesmo dia “alistou-se” sem pensar nas consequências que puderiam vir desse acto.

Hoje, apesar de o pai ter deixado de lhe falar durante dois anos, Rita já nota alguma cedência da sua parte. “Quando lhe contei informou-me que nunca me iria ajudar em nada, actualmente já me telefona para saber como estou”. “Alegando que há sempre uma luz ao fim do túnel, há é que sabe procurá-la”, orgulha-se de já ter ajudado num incêndio de escala menor, mas tem a certeza que as chamas maiores do seu “eu” já foram “apagadas” para sempre: o medo de mudar é agora cinzas!





Uma força da natureza

Desde míudos que se conheciam... Aliás eram vizinhos porta à porta! Quando os pais de Pedro saiam para o emprego, o menino saltava de imediato da janela, tudo em nome de Ana, a menina mais bonita do bairro e sua melhor amiga. Quando a fábrica apitava, dando por terminado mais um dia de trabalho, a jovem tratava de empurrá-lo com uma vassoura para dentro de casa, já que Pedro queria sempre ficar mais um bocadinho! Da cumplicidade nasceu o amor e aos 20 anos resolveram casar, nada que espantasse os mais chegados já que estava escrito no destino de cada um.

Chegou a guerra colonial e o jovem, como tantos, teve de partir, o Ultramar convocava-o para uma guerra que não era a sua. Ana esperou pelo amado tal como uma donzela espera pelo seu príncipe. Mas na vez do “cavaleiro andante” regressou um homem que agora a empregada de escritório desconhecia. “Vinha completamente diferente, os trabalhos que arranjava despediam-no sempre, ficava fora até altas horas da manhã, já não havia bondade dentro ele”.

Nem mesmo com a chegada da pequena Matilde as coisas mudaram. “Quando a filha nasceu tiveram que o acordar pois estava de ressaca. A droga tomou conta dele”. Um ano e meio foi o tempo que a mãe da bebé aguentou. “Por mais que o amasse não ia dar uma vida de horror à minha filha. Por ela e por mim deixei-o sem olhar para trás”. O caso de Ana é diferente de muitas mulheres, que aguentam anos infindavéis ao lado de alguem que não lhe traz felecidade. “Não tive medo de mudar, apesar de ter sido muito dificil criar a Matilde sozinha, sem ajuda de ninguém. Deixei muitas vezes de comer para lhe dar a ela. Mas voltava a fazer tudo igual. A minha filha é a minha razão de viver".

Hoje as duas mulheres vivem numa casa humilde, mas onde reina o amor. A rapariga hoje com 27 anos é uma escritora conceituada e até já tem argumento para o próximo livro. Ana: uma força da natureza!”.

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