Seguidores

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

E o vencedor é… José Sócrates sem maioria

José Sócrates e o PS ganham a continuação no Governo, mas perdem a maioria absoluta. Após a noite onde se decidiu quem irá comandar os destinos de Portugal, uma pergunta impera… Com quem o Partido Socialista irá fazer coligação?


Às 19h00 de Portugal, 17h00 em Cabo Verde, as primeiras projecções eram dadas. A abstenção situava-se entre os 38% a 43%, um valor acima do indicado nas últimas legislativas. (Em 2005, 35,7%).
As primeiras reacções. Da parte do PS, “alguma prudência” aos dados, já o PSD referiu que a abstenção era “demasiado preocupante”.
Estava-se no arranque dos motores. As expectativas eram muitas. E o nervosismo era sentido na cara dos diversos apoiantes de cada partido.

A dezoito minutos de se saber quem seria o mais provável vencedor, Luís Marques Guedes, do PSD, veio lamentar a elevada taxa de abstenção. Seguindo-se o CDS.
Depois de 15 dias de campanha, de frente a frente, de debates, de troca de acusações, e visitas a feiras e mercados, as projecções dão vitória ao PS e a José Sócrates, (primeira projecção 40 a 36%), mas… sem maioria absoluta.

Partidos da oposição congratulam-se com perda de maioria do PS. O partido socialista foi o primeiro a manifestar-se. Vieira da Silva, director de campanha de Sócrates, salientou que “o povo foi chamado a escolher, e escolheu”, defendendo que o PS “obteve uma clara vitória”. “Alcançamo-la em condições muito difíceis, depois de termos sido abalado pela pior crise económica mundial, depois de termos um resultado negativo nas últimas eleições europeias, podemos dizer que hoje o PS deverá estar satisfeito com os resultados obtidos”.
Vieira Silva foi mais longe e clarificou que foi “uma vitória sobre o pessimismo, um factor esperança de que somos capazes de recuperar e colocar Portugal na rota do crescimento e a coesão social”.

Da sede dos sociais-democratas, reinava o silêncio e algum desconforto perante os resultados…

O Bloco de Esquerda (BE) foi o segundo a comentar pela voz de Luís Fazenda. “Derrotámos o PS, pois não teve maioria absoluta. Estas projecções trazem como resultado político o reforço do BE e o seu crescimento. Estamos orgulhoso por ter contribuído para a derrota da direita e tirar a maioria absoluta ao PS, e à sua arrogância”, referiu.

Também a primeira reacção do CDS/PP e da CDU era unânime: a congratulação pela retirada da maioria absoluta ao partido dos rosas.
Um facto que se destaca destas eleições é que há muito que as duas maiores forças politicas (PS e PSD) não somavam tão pouco, tanto a nível de percentagem como no que diz respeito ao número de deputados.

Às 21h00 da noite, o duelo era agora travado entre o CDS/PP e o Bloco de Esquerda e a disputa renhida pelo terceiro lugar.

Manuel Alegre, o deputado do PS que nas presidenciais concoreu contra Mário Soares, perde o seu lugar no Parlamento, mas não deixou de salientar que a maioria relativa “obriga a um maior diálogo político e institucional, a um esforço para ouvir e dialogar com os outros partidos", mas defendendo “não haver condições para uma coligação, nem à esquerda nem à direita”.

Futuro de Ferreira Leite decidido depois das autárquicas
Um dos discursos mais aguardados da noite. Acompanhada por Aguiar Branco, Manuela Ferreira Leite fez a sua declaração após a derrota: “Quero cumprimentar os vencedores, nesse sentido já telefonei ao Eng. José Sócrates”. Na bancada Rui Rio, presidente da Câmara do Porto, Fernando Negrão, Leonor Beleza, eram alguns dos sociais-democratas que ouviam o discurso da líder do PSD.

“Ao longo de toda esta campanha eleitoral fizemos aquilo que em consciência achamos que deveria ser feito. O PSD não se calara nem se deixará intimidar no exercício dos seus direitos democráticos. Não abdicamos do princípio que nunca nos afastaremos, continuaremos o combate político guiamo-nos pelos princípios firmados e que mantemos… os resultados não foram esperados e isso assumo inteira responsabilidade”.
Manuela Ferreira Leite acrescentou ainda que o PSD agora tem de estar mobilizado para as eleições autárquicas. “Amanhã começa uma outra campanha eleitoral, o PSD tem de se concentrar nessas importantes eleições, que têm uma grande importância na vida da população, após essa data, convocarei o congresso para analisar todos estes factos”.

Muito cuidadosa no discurso de oposição, Manuel Ferreira Leite não fechou a porta, a dar “o seu voto” pontualmente, a assuntos cruciais como por exemplo o orçamento.
Após a líder do PSD sair de palco, foi visível nas televisões portuguesas, ouvir algumas opiniões que defendem, entre linhas, a sua saída. Como o caso do Presidente da Câmara de Gaia e ex-líder do PSD, Luís Filipe Menezes.

Já o secretário geral da CDU, Jerónimo de Sousa referiu que a perda da maioria absoluta constitui a maior na vitória e uma viragem nacional, enquanto que Francisco Louçã, líder do Bloco de Esquerda, ressalvou que o BE teve um resultado extraordinário ao subir para mais de 200 mil votos e eleger 16 deputados.
“O PS aclama vitória hoje, mas Maria de Lurdes Rodrigues (Ministra da Educação) perdeu o seu lugar, dou os parabéns aos professores”, salientou Louçã.

Sócrates e Portas… Possível União?
“Meus caros amigos o Partido Socialista teve esta noite uma vitoria extraordinária eleitoral, o povo falou e falou bem claro, o PS foi de novo escolhido para governar Portugal, sem nenhuma ambiguidade tudo faremos para honrar e estar altura dessa confiança”, foi desta maneira que o vencedor da noite começou o seu discurso. Clarificando que o PS pode estar orgulhoso de ter feito uma boa campanha, positiva e justa, fazendo assim uma critica indirecta a Manuela Ferreira Leite, José Sócrates afirmou que “o povo português valorizou essa atitude, pois o PS não se candidatou para combater ninguém, mas sim servir Portugal e os portugueses”.

Quanta a possíveis coligações, o Primeiro-ministro respondeu de uma só forma:
“Devemos observar todos os procedimentos institucionais, esperar a Indigitação Presidencial, depois irei fazer consulta com todos os partidos com assentos parlamentares. Esta legislatura merece estabilidade, é cedo para responder a essa pergunta se irei governar sozinho”.

Mal Sócrates acabou o discurso, o líder o CDS/PP, Paulo Portas iniciava o seu. Conseguindo atingir os 10% que há muito tempo desejava, sendo agora a terceira força política e parlamentar, Portas não conseguia deixar de sorrir. “O povo tirou a maioria absoluta a José Sócrates, o PS desceu cerca de 45 para 36%, perdeu mais de meio milhão de votos. O país recusou a arrogância e prepotência duma maioria transformada em poder absoluto, acrescentando que a forma de governar Portugal terá que mudar radicalmente e que “deputado a deputado, voto a voto, provou-se que o voto do CDS não é útil mas sim utilíssimo”.

Com 22 deputados eleitos, o CDS entrou para a história elegendo pela primeira vez um deputado no círculo da Madeira, mas também, em círculos mais fechados como, Coimbra e Faro. Portas agradeceu ainda aos jovens que em muitos concelhos deram ao CDS mais de 20 por cento, mas também, às deputadas eleitas pela sua inteligência nata e competência já provada.

Acaba mais uma noite de eleições. A 11 de Outubro há novamente mais uma meta a ser atingida por cada partido. Resta saber se até lá saberemos se haverá coligação entre socialistas e democratas cristão ou entre as esquerdas ou se Sócrates irá se aventurar numa governação sozinha sem ajudas de ninguém.

Sem comentários: